Setembro Amarelo

Foto: Reprodução

Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.

Importante: O objetivo desse texto é o de alertar para ficarmos atentos com as mudanças de comportamento das pessoas próximas.

Perder alguém por suicídio é viver a dor da ruptura duas vezes. A primeira, quando a pessoa morre e, a segunda, quando se descobre a causa da morte.

Sentir-se mal é normal e não existem soluções tipo “arraste para cima”. Precisamos normalizar o apoio uns aos outros. E a primeira e mais importante rede de apoio é a família e logo depois os relacionamentos com amigos e colegas de estudo e do trabalho. É preciso perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. A pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada e cada segundo tem a espessura da eternidade.

O suicídio é multifatorial, não há respostas simples e muito menos um produto milagroso que resolva tudo. Mas o apoio emocional, tratamentos especializados e políticas públicas que garantam a qualidade de vida podem ajudar muito. Quebrar o tabu e falar sobre isso é o primeiro passo. Você pode acolher e conversar com empatia e sem julgamento.

Estamos no setembro amarelo, mês de prevenção e informação sobre o suicídio, um problema que está altamente associado a problemas de saúde mental, como a ansiedade e a depressão. E uma coisa já muito documentada é que elas sofrem influências de muitos fatores ambientais (externos). Por mais que associemos o tratamento farmacológico e psicoterapêutico, há muitas coisas que devemos observar para sua prevenção e tratamento, como: sono, alimentação, atividade física e bons relacionamentos.

Embora o suicídio seja um fenômeno social presente na humanidade há séculos, ele ganhou uma nova dinâmica nas sociedades humanas, especialmente depois das intensas mudanças provocadas pelo surgimento da internet, das redes sociais e das alterações nos modos de vida. A grande possibilidade de interatividade, compartilhamentos – nem sempre cuidadosos – acaba proporcionando um ambiente de encontro entre muitas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade emocional ou adoecidas psiquicamente e isso acaba se tornando também um fator de risco importante.

Precisamos olhar para o suicídio como uma questão que envolve não só quem passa por isso e seus familiares, mas toda a sociedade. No campo individual, é essencial que a pessoa receba uma abordagem multifatorial e com uma rede de cuidado para que ela possa voltar a se sentir bem e ver a graça (dom) da vida. Há, por exemplo, alguns fatores de proteção como o suporte familiar, apoio espiritual ou religioso, ausência de transtornos mentais, segurança financeira, saúde física, sentir-se útil e importante, entre outros. Prevenir é muito importante!

Após um quadro depressivo se instalar, seu tratamento costuma ser complexo, demorado e inconstante. Há gente que melhora, mas muitas vezes a melhora é pequena e transitória. Além disso, o tratamento envolve medicamentos caros e com muitos efeitos colaterais; além da psicoterapia nem sempre ser acessível. Desta maneira conseguir reconhecer alterações na saúde mental, prestando maior atenção aos sinais de quem está à nossa volta, pode significar muito. O apoio social e a orientação para um auxílio profissional é fundamental. E a confiança é decisiva. A escuta ativa é parte do reconhecimento da dificuldade do outro. Tem relação direta com a empatia. Além dela ainda temos que exercitar a escuta afetiva, que além de ouvir, é de entender o sentimento do outro. Como está vivenciando o que está falando.

Observar as pequenas mudanças de comportamento e/ou alterações físicas e mentais: dificuldade em dormir, alteração na dieta, no humor, autoestima em baixa, raciocínio lógico alterado e lento, irritação extremada, agressividade, fadiga precoce, isolamento, olhar distante, tristeza profunda, ansiedade, pessimismo/negatividade, depressão, crise de pânico. Precisamos ficar atentos e perceber quando é um pedido de ajuda. Às vezes, o outro só precisa de um detalhe para que possa olhar para frente e seguir rumo a um lugar seguro – já que, muitas vezes, precisamos de ajuda para enfrentar as dificuldades. E é importante levar em consideração as influências que fatores externos negativos que podem contribuir para o surgimento de ideações suicidas: perdas familiares, autocobrança, desemprego, uso abusivo de drogas/álcool, violência doméstica, bullying, racismo, xenofobia e outros tipos de preconceitos.

As pessoas que se encontram em risco de suicídio costumam apresentar três características: (1) ambivalência – ficam em uma luta interna entre querer viver e acabar com o sofrimento através da morte; (2) impulsividade – o suicídio pode ser um ato de impulso, passageiro, e durar alguns minutos ou horas; (3) rigidez – quando a pessoa vê na morte a única saída para o alívio do sofrimento, na sua visão é tudo ou nada.

Identificado os sintomas iniciais e as causas que motivam uma atitude como essa, o segundo passo é acolher quem está passando por uma situação como essa. É importante nunca julgar o sofrimento do outro, banalizar, dar sermão ou dizer frases de incentivo vazias — elas não funcionam e podem até piorar a percepção de alguém em relação às suas dores. Se mostrar presente e disposto a ouvir o que o outro tem a nos falar é um ato de empatia essencial. Importante é ter uma escuta livre de julgamentos. Isso significa se propor a escutar o que o outro está falando sem colocar uma lente ou filtro. Ter um ombro amigo, perceber que não se está sozinho, que há pessoas preocupadas e que buscam ver uma melhor situação são fatores importantes para que o outro mantenha a sua conexão com o mundo. Além disso, o teor da conversa pode ser um elemento chave tanto para orientá-la a buscar ajuda especializada, quanto para conduzir essa pessoa até um profissional, pois é muito difícil para uma pessoa fragilizada emocionalmente ter a iniciativa de buscar ajuda por ela mesma.

Por isso, além de direcionar um olhar afetuoso e acolhedor a pessoas que enfrentam essa situação, é importante saber como pedir ajuda. Muitas têm vergonha, medo ou receio de como as pessoas vão receber esse pedido de ajuda porque, querendo ou não, o suicídio ainda é um tabu no Brasil e vem muitas vezes associado à fraqueza, pecado ou falta de disposição. Nem sempre a pessoa estará confortável para conversar sobre o que está sentindo, mas é importante se mostrar disposto a ouvi-la com atenção. Ideações suicidas podem ser insuportáveis e muito difíceis de lidar quando se está sozinho, por isso é muito importante conversar com alguém de confiança, dividir os problemas e buscar possibilidades de tratamento em tempo. É importante reconhecer que o sofrimento não é sinal de fraqueza nem de vergonha; que o adoecimento psíquico é desencadeado por diversas situações e equivale ao adoecimento físico, assim como qualquer outro sintoma ou problema de saúde, o adoecimento mental pode ser diagnosticado e tratado por profissionais adequados.

E existem ações possíveis para evitar um fim tão premeditado, como a busca por atendimento profissional nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda há o Centro de Valorização à Vida (CVV), que atende pelo número de telefone 188, ou o Pode Falar (https://www.podefalar.org.br/), um canal de ajuda em saúde mental para adolescentes e jovens vinculado ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a transtornos mentais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nessas situações, o tratamento adequado pode salvar vidas. Com frequência, o suicídio ocorre em condições que não houve acesso a algum tipo de tratamento.

Por fim, se a morte ocupa um lugar de tabu em nossa sociedade, o suicídio ainda vem carregado de outras questões. Mas, quanto mais pudermos abordar o assunto, mais poderemos, enfim, mostrar o quanto vale a pena viver: Falar sempre, resiliência, dialogar, respeitar, acolher. Salvar vidas. Seja a luz no caminho de quem precisa!

Fonte: https://vidasimples.co/

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