Silvestre da DBS: uma história de vida que reflete na identidade fazendense

Dimas Rodrigues

Aniversário é uma data especial, em que as pessoas comemoram ao lado da família, de amigos, de quem caminha junto e dos que ajudam, inclusive, a escrever a história do próprio aniversariante. E no aniversário de Fazenda Rio Grande, que celebra 33 anos neste dia 26 de janeiro, mais de 150 mil habitantes vão saudar o município, mas são poucos moradores que conhecem tão bem e carregam consigo, capítulos de vida que se confundem com a identidade da cidade como o empresário Silvestre Savitzki, mais conhecido como Silvestre da DBS.
De família humilde, Silvestre chegou à Fazenda Rio Grande, como centenas de outras famílias, com pouco dinheiro no bolso, mas com o sonho de buscar uma vida melhor. No caso de Silvestre, aliás, os recursos financeiros não eram poucos, na realidade, ele não tinha nenhum centavo.
Ao desembarcar por aqui, de carona em uma carroceria de caminhão, Silvestre se deparou com um cenário totalmente diferente que os novos moradores encontram agora, com ruas asfaltadas, milhares de casas e conjuntos habitacionais, do trânsito carregado das avenidas centrais, das indústrias, shoppings e grandes redes atacadistas que aportaram nas duas últimas décadas no município.
“Em 1993, quando cheguei, nem asfalto tinha”, recorda Silvestre da DBS. “Eram cinco ou seis comércios, ali, onde hoje é o Shopping Castelo”, relembra.
Nessa época, Fazenda Rio Grande dava os primeiros passos como município emancipado, o que havia ocorrido, no dia 26 de janeiro de 1990. Até então, o local era apenas um distrito de Mandirituba.
O município contava com aproximadamente 18 mil habitantes e entre eles, Silvestre conseguiu reencontrar seu irmão Demétrio, que não via há muito tempo. Acostumado a trabalhar no pesado, na roça, Silvestre foi à luta e no primeiro emprego, como ajudante de limpeza de uma distribuidora de bebidas, trabalhou com afinco e logo, pela competência e bom trato com as pessoas, degrau a degrau, foi sendo promovido na empresa e conquistando a confiança dos patrões e dos fregueses. Em três anos, já era gerente de vendas. Mais tarde, decidiu que havia chegado a hora de dar um passo maior e juntou as economias, a visão empreendedora e parceria com o irmão, para abrir a DBS Distribuidora de Bebidas. “E lá se vão 25 anos”, comemora o empresário, que transformou a empresa em uma das maiores da Região Metropolitana de Curitiba.
O empresário se torna político
(e dos bons)
O jeito simples e trabalhador, como diz a letra do hino de Fazenda Rio Grande, a facilidade em fazer amigos por onde passa, além da retidão em sua conduta pessoal e profissional, fazem de Silvestre uma pessoa querida na cidade. E com essas virtudes, não foram poucos os convites para que ele participasse mais ativamente da política.
Assim, mesmo sendo visto com desdém pelos ditos “donos da cidade”, políticos que há décadas, ditam as regras do comando de Fazenda Rio Grande, Silvestre aceitou o desafio de concorrer a vereador e na primeira eleição, em 2012, foi um dos mais votados. Em seguida, se tornou presidente da Câmara Municipal e o bom trabalho, aumentou sua popularidade e influência na cidade. Com isso, foi convidado nas eleições em 2016, para ser o vice-prefeito na chapa do então prefeito Márcio Wozniack (PSDB). E novamente, saiu vencedor das urnas e consolidou sua meteórica ascensão política.
A bem-sucedida trajetória no meio político, entretanto, cobrou seu preço e vieram as decepções. Pessoas tidas como companheiras, na realidade, não pensavam tão somente em melhorias para a cidade, mas sim, nos interesses próprios. Silvestre percebeu também, que a arcaica prática do coronelismo continua enraizada na cidade.
“Eu como já participei da política, como vereador, presidente da Câmara, único vereador da história de Fazenda Rio Grande que conseguiu devolver em dois anos, mais 2 milhões de reais para a Saúde, entendo assim, que na política, só não desenvolvem mais a Fazenda, por causa desses ditos ‘coroneis’. Pois, eles ganham a eleição e sempre excluem o vice-prefeito. Nunca vi na história do Brasil, algo parecido com que ocorre em Fazenda”, dispara o ex- vice-prefeito, sobre os bastidores do poder fazendense.
Silvestre, conta que após ter sido eleito como vice-prefeito, ficou de mãos atadas, praticamente deixado de lado das decisões sobre a administração municipal. “O prefeito tem o esquema dele com seus três, quatro ‘peões’ que enriqueceram ilicitamente. Entendo, que se o vereador quiser trabalhar e buscar as coisas, ele consegue sim, porém, o Executivo tem que ajudar e entender. Mas eles (prefeito) criam certos ciúmes e medo de um vereador vir a crescer e virar prefeito, como foi o meu caso. Eles te colocam para escanteio, como na época que fui vice-prefeito. Eu queria fazer muito, mas fui escanteado pelo prefeito e seus assessores que não me deixaram fazer praticamente nada”, revela Silvestre.
Apesar de ser excluído das tomadas de decisões, Silvestre, ao contrário de alguns de seus pares, manteve seus princípios de integridade e retidão, mantendo distância de acordos e negociatas que poderiam resolver para sempre, sua vida financeira. E por essa razão, aliado aos projetos que vislumbra para continuar contribuindo para o desenvolvimento da cidade, que o nome dele continua sendo fortemente comentado, como alguém capacitado e decente, que teria condições de assumir para valer o cargo máximo da administração de um lugar que há 33 anos, conhece tão bem e tanto ama.

- Anuncie Aqui -