Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.
Na coluna anterior, desenvolvemos a psicomotricidade relacionada com a infância e a sua íntima correlação com a Educação Física. Agora daremos uma abordagem dessa ferramenta ou técnica para sua aplicação prática ao público jovem, adulto e idoso.
Já vimos que a nossa saúde completa deve estar em equilíbrio entre a mente e o corpo. Não adianta darmos importância somente a um deles, já que, nosso desenvolvimento integral deve ser global e que depende de vários fatores: emocional, social, cognitivo (inteligência) e físico.
A psicomotricidade é uma área de estudo que se concentra justamente nessa relação entre os aspectos psicológicos, motores e sociais do indivíduo. Ela desempenha um papel importante ao longo de toda a vida, incluindo na fase adulta e na terceira idade. Tudo começa quando nascemos, entretanto, devemos pensar que nunca é tarde para encontrarmos esse equilíbrio e que, qualquer desses fatores que esteja em desacordo com o contexto, nos traz desarmonia, alterações e distúrbios, mas que pode ser ajustado em qualquer fase do nosso desenvolvimento, mesmo quando já adultos maduros ou idosos. Até porque, com o próprio envelhecimento e maturidade óssea precisamos nos adaptar as mudanças corporais e funcionais do próprio organismo. Vivemos em constante processo de alterações funcionais e os estímulos psicomotores sempre serão uma ferramenta extraordinária para nosso desenvolvimento enquanto indivíduos saudáveis, mesmo com limitações mentais (neurológicas) e físicas (motoras).
O mais importante de tudo isso é que, em qualquer idade, podemos lutar contra essa desarmonia ou desajustes não corrigidos no devido tempo. Ou ainda desenvolver capacidades não apresentadas, por diferentes causas, em fases mais precoces da nossa vida. Cada etapa da nossa vida se apresenta com características e exigências diferentes, fazendo com que cada um de nós busque adaptações específicas para vivenciá-las e colocar em prática para melhor funcionamento do nosso corpo.
Visando minimizar as perdas ou desenvolver as capacidades coordenativas motoras, cognitivas, emocionais, afetivas e sociais, nas mais diferentes idades, adolescentes, jovens, adultos maduros ou idosos, haverá a necessidade de um trabalho multidisciplinar (equipe), onde atuam diferentes profissionais, entre eles o Professor de Educação Física.
O adulto ou o idoso já não são mais crianças, com as facilidades de aprendizagem motora e mental características da idade, então a psicomotricidade exercerá um papel fundamental na prevenção e na conservação das capacidades destes indivíduos, a fim de se retardar perdas nessas habilidades, proporcionando uma melhor potencialização destas, auxiliando-o a lidar melhor com as limitações surgidas com o decorrer do tempo e facilitando uma participação maior na sua vida diária, na sociedade, levando uma maior autonomia no dia a dia.
E algumas das razões pelas quais a psicomotricidade é importante nessas fases:
- Fase Adulta
Autoconhecimento corporal – A psicomotricidade permite que os adultos desenvolvam uma consciência mais profunda de seu corpo, suas habilidades motoras, posturas e gestos. Isso ajuda a melhorar a percepção de si mesmos e a compreensão de sua expressão corporal.
Bem-estar emocional – A prática de atividades psicomotoras, como danças, exercícios físicos e esportes, pode contribuir para a redução do estresse e da ansiedade, além de promover o equilíbrio emocional. O movimento corporal pode ser uma forma de expressar emoções e liberar tensões acumuladas.
Qualidade de vida – A manutenção de um bom nível de atividade física e motora na fase adulta (jovens, maduros e idosos) é fundamental para a saúde geral e a prevenção de doenças. A psicomotricidade ajuda a melhorar a coordenação motora, o equilíbrio e a flexibilidade, o que facilita a realização de tarefas diárias e atividades físicas.
- Terceira Idade
Preservação da autonomia – A psicomotricidade desempenha um papel crucial para o idoso, pois pode auxiliar na preservação da autonomia e funcionalidade do corpo. O trabalho psicomotor pode ajudar na manutenção da mobilidade, do equilíbrio e da coordenação, reduzindo o risco de quedas e outros acidentes.
Estimulação cognitiva – A prática de atividades psicomotoras estimula a mente, promovendo a conexão entre os aspectos cognitivos e motores. Exercícios que envolvem memória, atenção, raciocínio e tomada de decisão contribuem para a manutenção das capacidades cognitivas na terceira idade.
Socialização e qualidade de vida – A participação em atividades psicomotoras em grupo como danças, jogos e exercícios em equipe, podem promover a interação social e o senso de pertencimento, evitando o isolamento social tão comum nessa fase da vida. Além disso, a prática regular de exercícios psicomotores contribui para a melhoria da qualidade de vida, auxiliando na saúde física e mental.
Em resumo, a psicomotricidade desempenha um papel significativo na fase adulta e na terceira idade, contribuindo para o autoconhecimento, o bem-estar emocional, a preservação da autonomia, a estimulação cognitiva, a socialização e a qualidade de vida. Contudo é importante buscar orientação de profissionais especializados em psicomotricidade para aproveitar todos os benefícios que essa abordagem pode proporcionar.
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