Evolução e/ou Adaptação Humana e Obesidade

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Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.

A relação entre a evolução e/ou adaptação humana e a obesidade é complexa e envolve diversos fatores. A evolução humana se refere ao processo ao longo de milhares de anos por quais seres humanos e seus ancestrais passaram, desenvolvendo características físicas e biológicas, incluindo adaptações, para sobreviver e se reproduzir em seus ambientes. E isso pode ser resumido em “energia para dentro e filhos para fora” para garantir a perpetuação da espécie sobre o planeta. Durante milhões de anos fomos evoluindo e nos adaptando para muito bem realizar essas duas tarefas. E uma coisa que o organismo não desperdiça é a energia! Ele faz de tudo para economizar e guardar!

A adaptação é um aspecto específico da evolução, onde as características que conferem vantagens de sobrevivência e reprodução num ambiente específico são selecionadas ao longo do tempo. Portanto, quando se fala sobre como a evolução humana está relacionada com a obesidade, está se considerando como as características e os mecanismos biológicos que evoluíram ou se adaptaram ao longo do tempo podem influenciar a predisposição à obesidade nos seres humanos modernos. Nestes aspectos as revoluções tecnológicas e as mudanças na forma como vivemos e vencemos diferentes desafios tiveram um impacto significativo na contribuição para a obesidade em todo o mundo.

Ao longo da nossa curta trajetória (em eras históricas) como homo sapiens neste planeta, passamos por diferentes revoluções tecnológicas que facilitaram nossa exposição e em como lidamos com o meio ambiente.  Primeiro foi o domínio de utensílios para caça e do fogo que facilitou a busca por alimentos de origem animal, a coleta vegetal e os preparos de alimentos, tornando-os muito mais palatáveis e de fácil digestão. E passamos a ingerir com maior facilidade e periodicidade muito mais energia. O fogo ainda trouxe mais proteção aos grupos dos homens primitivos e maior conforto térmico em dias frios. Muito provavelmente essas manipulações de sucesso tiveram relevante papel na predominância da nossa espécie homo sobre todas as outras que conviviam conosco. Ainda estamos por aqui! Muito mais tarde, dominamos a agricultura e a domesticação de animais. E já não precisávamos mais sair em busca do alimento. Ele estava sempre ali por perto. Os longos deslocamentos e riscos de enfrentamento em regiões hostis, de um clã ou tribo inteira, já não eram mais necessários. A transição de sociedades de caçadores-coletores para sociedades agrícolas surgidas com a revolução agrícola, trouxe uma disponibilidade mais consistente de alimentos, mas também levou a uma mudança na qualidade e quantidade dos alimentos. O cultivo de grãos e a domesticação de animais levaram ao aumento do consumo de calorias e à disponibilidade de alimentos já processados, principalmente pães e carne curada ou seca.  Agora tínhamos muito mais energia à mão com menos movimento e mais segurança.

E logo vieram as máquinas industriais para facilitar o trabalho manual e os deslocamentos exaustivos. A revolução industrial trouxe uma mudança fundamental na forma como ganhamos e vivemos. As pessoas passaram a trabalhar em fábricas e escritórios, levando a uma redução na atividade física diária. Além disso, houve um aumento na produção de alimentos processados ​​e na disponibilidade de alimentos industrializados. Menos necessidade de se movimentar e fazer esforços. E a tecnologia foi avançando de maneira que conseguimos controlar, curar e erradicar muitas das doenças que não davam trégua para indivíduos menos afortunados por genética, acidentes ou algum problema mais grave de saúde. Conseguimos aumentar a expectativa de vida com algum conforto. A indústria alimentícia deu um salto nos processos e conseguiu desenvolver alimentos muitos mais baratos e de alto valor energético. E tudo pode ser encontrado em um único lugar. Isso nos trouxe maiores facilidades com menores esforços.

E a ultima revolução veio para nos colocar definitivamente acomodados: a tecnológica e digital! Hoje, com apenas um comando na palma da mão conseguimos realizar quase tudo. O avanço da tecnologia, como automóveis, computadores e dispositivos eletrônicos, tornou nossas vidas mais convenientes, mas também levou a um estilo de vida muito mais sedentário. As pessoas passam mais tempo sentadas em frente às telas, o que reduz a atividade física. Além disso, a entrega de alimentos e o acesso a fast food foram facilitados pela tecnologia, aumentando o consumo de alimentos ricos em calorias. A disponibilidade de alimentos altamente processados, ricos em açúcares, gorduras e calorias vazias, aumentou significativamente. A publicidade de alimentos e as estratégias de marketing tornaram esses alimentos mais atraentes e amplamente consumidos.

Mas, junto, veio uma contrapartida cruel, a expectativa maior de vida, para grande parte da população mundial, já não está mais confortável. Com ela carregamos uma série de doenças crônicas degenerativas que vieram na esteira destes avanços, que nos permitem ingerir muito mais calorias em pequenas refeições sem precisar realizar grandes esforços. E uma das mais predominantes é a obesidade: gatilho para uma série de outras doenças.

A obesidade é uma condição específica pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, e ela pode ser influenciada por uma interação complexa entre a genética, o ambiente, o estilo de vida e ainda fatores laborais, sociais e culturais.

Evolução Genética: Durante a evolução humana, os seres humanos desenvolveram mecanismos para armazenar energia em tempos de abundância e utilizá-la em tempos de escassez. Isso significa que nossos ancestrais tinham capacidade de armazenar gordura para sobreviver durante períodos de fome. No entanto, essa adaptação se torna um problema nas sociedades modernas, onde a comida é amplamente disponível e a atividade física pode ser limitada. Algumas pessoas têm predisposição genética à obesidade, o que torna mais difícil para elas controlarem seu peso.

Ambiente Alimentar: A disponibilidade de alimentos altamente calóricos e processados, ricos em açúcares e gorduras, é um fator importante na obesidade. A nossa evolução/adaptação NÃO nos preparou para lidar com a abundância desses alimentos, o que pode levar ao ganho de gordura excessivo quando consumidos em excesso.

Mudanças no Estilo de Vida: A evolução humana nos adaptou para sermos ativos fisicamente em busca de comida e outros recursos. No entanto, a tecnologia moderna impede a necessidade mínima de atividade física em muitas partes do mundo. Estilos de vida inativo fisicamente/sedentários são atraentes para o ganho de peso e a obesidade.

Fatores Sociais e Culturais: As normas sociais e culturais também desempenham um papel na obesidade. Comportamentos alimentares, como ingestão em excesso, nas festas ou eventos sociais, podem ser influenciados por esses fatores.

Estresse e Saúde Mental: As mudanças no estilo de vida e as pressões sociais e econômicas associadas a essas revoluções também podem contribuir para o ganho de peso. O estresse e os problemas de saúde mental, como a ansiedade e a depressão, podem levar a comportamentos alimentares desordenados e ao aumento do consumo de alimentos não saudáveis.

Em resumo, as revoluções tecnológicas ao longo da história influenciaram a obesidade de várias maneiras, principalmente através da redução da atividade física, do aumento da disponibilidade de alimentos processados, da facilidade de comercialização e barateamento de alimentos não saudáveis. Compreender esses impactos é fundamental para abordar o problema da obesidade em escala global e promover hábitos alimentares e estilos de vida mais saudáveis.

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