Gleisi será interrogada no STF nesta segunda-feira

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa, nesta segunda-feira (28), a realizar os primeiros interrogatórios de congressistas que são réus na Lava Jato. Serão ouvidos a presidente do PT e senadora Gleisi Hoffmann (PR) e o deputado Nelson Meurer (PP-PR).

Gleisi pode recorrer ao direito de permanecer em silêncio, mas terá que comparecer pessoalmente ao depoimento, em Brasília. Seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), que também é réu, será ouvido no mesmo dia. A defesa do casal garante que todas as perguntas serão respondidas, já que “não há nada a esconder”.

Após essa etapa, a ação penal entra na reta final. Há expectativa no STF de que pelo menos o caso de Gleisi e Paulo Bernardo seja levado a julgamento até o fim do ano, quando os ministros da 2ª Turma decidirão se condenam ou absolvem os petistas dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Um desfecho desfavorável à congressista terá implicações diretas em seu futuro político, como a inelegibilidade, sendo que seu mandato acaba no início de 2019, precisando enfrentar o processo eleitoral no próximo ano.

Gleisi será interrogada por um juiz auxiliar do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. Paulo Marcos de Farias é considerado o principal arquivo da operação no Supremo. O magistrado era o assessor mais próximo do ex-ministro Teori Zavascki, morto em acidente aéreo em janeiro, e permaneceu na equipe de Fachin para os casos do esquema de corrupção da Petrobras.

Histórico

Gleisi, ex-ministra da Casa Civil do governo Dilma e uma das principais líderes do PT no Senado, figura entre os investigados na Lava Jato desde o início da operação no STF em 2015. Seu nome surgiu com as delações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. A propina milionária teria sido solicitada por Paulo Bernardo. Segundo a Procuradoria, o valor foi supostamente desviado da Diretoria de Abastecimento da Petrobras e teria sido paga pelo papel de relevância dos dois no PT.

Com o avanço das investigações, as implicações feitas por delatores ao casal aumentaram. As citações de Costa e Youssef foram confirmadas pelo advogado Antônio Carlos Pieruccini, ligado ao doleiro e que também assinou acordo de delação premiada. Aos procuradores, Pieruccini confirmou ter levado, de carro, o dinheiro em espécie de São Paulo a Curitiba. Ao todo, foram quatro parcelas de R$ 250 mil cada.

Na denúncia, o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot afirma ainda que a vantagem indevida foi lavada por Youssef em empresas de fachada. Outros delatores como o ex-senador Delcídio do Amaral e o empresário Ricardo Pessoa também reforçaram ao Ministério Público que Gleisi participou do maior esquema de corrupção já descoberto no país.

No recebimento da denúncia, em setembro de 2016, o então relator Teori Zavascki destacou que o caso não estava embasado apenas em delações premiadas e citou registros de ligações telefônicas, outros depoimentos, informações policiais e documentos apreendidos, o que entendeu ser suficiente para a abertura da ação penal. Os ministros seguiram o voto de Zavascki na íntegra.

O processo contra Gleisi, o marido e Ernesto Rodrigues já reúne 2.482 páginas distribuídas em 9 volumes. No processo, os ex-presidentes Lula e Dilma chegaram a ser ouvidos como testemunhas. Os dois inocentaram a correligionária de qualquer prática de corrupção. Fachin avalia internamente que são grandes as chances de o caso ser levado a julgamento ainda neste ano, segundo fontes do STF.

O casal nega as acusações e diz que o MP induziu o STF ao erro para o recebimento da denúncia, uma vez que há várias contradições nos depoimentos dos delatores. A defesa acredita na absolvição do casal.

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