Vereador de Curitiba repudia uso de recursos estaduais para cirurgia de mudança de sexo

A sessão da Câmara de Curitiba desta quarta-feira (25) foi marcada pela discussão de um eventual convênio a ser celebrado pelo Governo do Paraná e a Prefeitura de Curitiba para que o Hospital de Clínicas receba recursos estaduais para cirurgias de mudança de sexo pelo SUS, enquanto a instituição não se credencia junto a União para realizar tal procedimento. “É uma vergonha”, repudiou o vereador Ezequias Barros (PRP). “É inadmissível que eu tenha hoje uma criança que precisa de uma cirurgia que gasta R$ 8 mil e não tem dinheiro pra ela. Mas tem dinheiro para mudança de sexo”, criticou Barros.
Para Ezequias Barros, cirurgias de redesignação sexual “não são questão de saúde pública”. “Saúde pública de quem? Isso [a cirurgia de mudança de sexo] diz respeito à saúde dos paranaenses? Diz coisa nenhuma. Diz respeito à vontade, ao desejo de algumas pessoas que querem mudar de sexo. A não ser que alguém aqui queira [dirigindo-se ao plenário]. Do contrário, não diz respeito à saúde pública coisa nenhuma”, argumentou. “Enquanto tem pessoas precisando de uma prótese para voltar a andar, uma prótese de mão, de braço, para ter uma vida mais digna…”.
Ezequias Barros também se irritou com declarações do secretário estadual de Saúde, Michele Caputo, dadas à imprensa, na qual ele diz primeiro que “tudo que tem impacto na vida dos cidadãos paranaenses, nós temos que resolver” e depois que não iria permitir “que o conservadorismo atrapalhe a saúde pública”. “Não venha o secretário Michele Caputo dizer que o conservadorismo… Quem são os conservadores? Sou eu? Os senhores aqui que defendem a família? Somos nós os conservadores? Então eu vou ser. Não tenho problema nenhum em ser chamado de conservador”.
“É algo complexo [as cirurgias] que vai gastar recursos. E os recursos, de onde vem? Enquanto não vem do governo federal, será usado do governo estadual, que é de cada um de nós, para uma vontade de uma pessoa”, disse Ezequias Barros. Ele acredita que essa decisão possa trazer repercussão política à administração do Paraná. “Eu que levei o governador [Beto Richa] em muitos lugares… aonde ele não poderá ir [mais], com certeza, porque não vão recebê-lo, porque entendem que também parte do governo [o convênio]”.
Professora Josete (PT) também comentou o fato, limitando-se a dizer que “só quem conhece o sofrimento de uma pessoa trans, que nasce com identidade de gênero diferente, entende a necessidade de política pública nessa área”. O SUS faz cirurgias de redesignação sexual desde 2008 e as cirurgias são precedidas por dois anos de terapia hormonal. O comentário de Josete, contudo, levou a um debate paralelo, com Osias Moraes criticando-a pelo que disse. “Biologicamente, isso não é verdade. Criança não nasce com gênero, nasce com sexo, ou é menino, ou é menina. Quando entrei [na Câmara], admirava [a vereadora] por ser técnica, mas fui perdendo a admiração. Não consigo entender como uma pessoa tão técnica diz que criança nasce com gênero”.

 

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