Da morte para vida

Por Caroline Castro

Qual lembrança a passarela traz para você? Já conhecida pelos moradores de Fazenda Rio Grande, eis um lugar que traz recordações sobre suicídio. Permita-me compartilhar um pouco da minha história.
Uma jovem entre 13 e 14 anos, sofria bullying na escola, rejeitada, feia (ou pelo menos não dentro do padrão de beleza), sozinha, sem amigos, com gostos peculiares, como andar no cemitério e ouvir gothic metal. Minha única responsabilidade era ir para escola e passar de ano, mas a cada dia parecia que isso ficava mais difícil, e eu me esforçava, porém, aquelas pessoas me davam raiva, eu odiava contato com pessoas. O fato de ter que conversar com alguém que eu não conhecia era amedrontador. Eu era magra demais, feia demais e sem nenhuma perspectiva de crescimento. Sabe aquela velha pergunta, o que você vai ser quando crescer? Nada! Não gosto de nada, não gosto de fazer nada e sei que não serei capaz de fazer nada, estes eram os meus pensamentos.
Com o tempo começaram a vir os diagnósticos, anorexia, depressão, horas em psicólogos e psiquiatras, remédio para conseguir dormir e mais remédios para “sobreviver”. Eu me odiava e odiava tanto quem eu era, que tinha uma raiva enorme por mim mesmo e isso me dava uma intensa vontade de me cortar, eu precisava sentir aquela dor, afinal eu merecia, era uma ninguém. Logo os cortes não eram suficientes e eu queria acabar com tudo isso.
Eu sabia que não daria em nada, que estava atrapalhando a vida dos meus familiares e que precisava acabar com tudo isso de uma vez por todas. A todo momento estes pensamentos rodeavam e passavam pela minha mente, eu passava mais tempo chorando e pensando nisto do que em qualquer outra coisa. Foram duas tentativas frustradas de suicídio, que me decepcionavam mais ainda. A realidade que eu via era que me tornei uma louca e não tenho mais solução.
No meio deste furacão, alguém lembrou de mim, uma garota que eu nem tinha muito contato na época do colégio, ela me convidou para ir em um lugar chamado Bola de Neve. Bom, eu pensei sobre o assunto, e minha decisão de ir foi pautada em “lá eu encontrei mais pessoas que irão no meu velório”.
Chegando lá foi horrível, eu sentia dores nas costas, não entendia nada do que o Pastor falava e odiava as músicas (afinal, eram estilos bem diferentes do que eu costumava ouvir). Até que em um momento eu senti algo, não sei como descrever, mas algo estranho e isso me fazia ter vontade de voltar na próxima reunião, e nem eu sabia o porque. Ao decorrer do tempo, voltei lá, mas os sentimentos eram os mesmos e quando eu voltava para casa e estava sozinha, aqueles pensamentos retornavam em minha mente, foi aí que eu “voltei da morte para vida”, fiz mais uma tentativa de suicídio e fui encontrada pela minha mãe já passando muito mal. A caminho do hospital fui gritando com todas as minhas forças “eu quero morrer” para todos que pudessem ouvir. No hospital já desacordada com os efeitos da trágica tentativa, eu acordo, deitada em uma maca, com um tubo na boca, sozinha. No caminho para casa, me sentia pior do que antes, se existe Deus, Ele que faça algo e se Ele não existir também não me importa, eu só quero dormir e nunca mais acordar.
E no despertar do próximo dia, fui acordada pela minha mãe informando que tínhamos visita. Que situação desconfortável, só queria dormir e tinha pessoas querendo falar comigo. É obvio que não quis receber ninguém, muito menos conversar, eles se foram, porém deixaram algo incomum, eles deixaram bilhetes e cartinhas para mim. Quando eu senti um pingo de vontade eu as abri e li, falavam sobre eu ser importante, falavam sobre amor, amizade e um em específico dizia que Deus existia e Ele acreditava em mim. Por minutos não consegui expressar absolutamente nada, apenas lágrimas escorriam dos meus olhos.
Mesmo no meu silêncio eu escolhi crer que realmente andar com estas pessoas iria me fazer bem, escolhi crer que existe um Deus e mesmo que eu não entenda Ele ou as coisas e decisões que acontecem nas nossas vidas, Ele me mostrou por meio de pessoas que Ele é real. Escolhi unir os tratamentos psicológicos com a igreja, escolhi me permitir ser amada e curada. Descobri uma nova família, uma nova casa e, acima de todas as coisas, um Deus que colocou sentido e propósito na minha vida.
Você não está nesta guerra sozinho, eu sei o quanto estes sentimentos lhe atormentam e é difícil, as vezes impossível, até mesmo dormir a noite, mas existe solução sim! Tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou e tudo o que eu sei que um dia serei, nunca foram sonhados pela escritora deste texto, que sobreviveu a anorexia, depressão, transtorno bipolar, falta de identidade, abuso, traumas familiares e muito mais.
Não olhe para baixo, onde os carros vem e vão e você não sabe o destino. Olhe para cima, onde o céu é firmado e estabelecido. Não sofra sozinho, escolha andar com as pessoas corretas. Tá precisando de ajuda? Nos encaminhe uma mensagem: (41) 9542-7160.

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