Outro período de conflito?

Foto: Reprodução internet

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

Quando o ser humano precisou derrubar a mata para produzir seu alimento, entrou em conflito com os animais selvagens, especialmente o puma, a onça parda e a onça pintada (preta). Muitos animais foram caçados, abatidos ou escorraçados. Compreensível. Depois o homem começou a procurar ouro na selva (milhares de garimpos, cerca de 500 mil garimpeiros) e novos confrontos ocorreram. Junto com isso, a crença nos “poderes” das presas (dentes caninos) da onça: a onça voltou a ser alvo de abate. Agora, ao menos aparentemente, estaria para ser conflagrado novo ciclo de conflitos… Será?… Vamos historiar e analisar.
No Pantanal, no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, a presença do gado, junto a matas ou florestas, fez a onça “sair pro limpo” – sair da mata para caçar um bezerro ou uma vaca… Até aí, normal.
Com o passar dos anos, foram-se tornando raros os cachorros “onceiros” – além da raça, a formação- treinamento com cachorro-mestre. Também o homem foi percebendo que esses felinos não são “aquelas feras perigosas, comedoras de gente”. Houve, como que, um armistício… De quando em vez, sumia algum porco ou uma ovelha – alvos preferidos do puma e da onça parda -, mas, até aí, tudo bem.
Em algumas regiões, entretanto, as onças foram “chegando mais” no gado e, mesmo, nos animais domésticos. Ao mesmo tempo, os capatazes das fazendas ou os peões constataram que, se a onça se sentir acuada, ela “vem” no cavaleiro, não no cavalo – quem teria ensinado a onça a temer quem está sobre o cavalo, não o cavalo, mesmo sendo tão maior?!… O “respeito” (medo, claro) começou a “falar mais forte”, tendo-se tornado comum a omissão dos peões sobre a constatação da falta de alguma rês ao patrão… Se contassem, o patrão os mandaria “afugentar” as onças…
Até aí, diríamos que é normal. Mas, o que chama a atenção e, mesmo, começa a preocupar, são as “visitas mais íntimas” da onça parda e do puma, especialmente… Não raro – como a mídia televisiva tem mostrado – foram encontradas onças pardas no interior de residências (norte do Paraná) ou andando pelas ruas (Sorocaba, SP). Há poucos anos, em São Jorge do Oeste (PR), uma senhora de idade entrou no bosque à procura de lenha; dada sua falta, encontraram-na morta e a constatação pelas autoridades foi de que um felino (possivelmente onça parda ou puma) causou-lhe a morte (múltiplos ferimentos de unhas e dentes). Há alguns anos, até na praia de Palmas (SC) eram frequentes pegadas de onça. Aliás, no mês de junho último ainda foram vistas… Há poucos meses, no Mato Grosso, uma onça pintada veio apanhar um cachorro debaixo de uma casa, em pleno meio dia…
Então, perguntamos: será possível o ser humano dividir o mesmo espaço com as feras? A onça está perdendo o “respeito” pelas pessoas? No fundo, no fundo, começa a preocupar… Outro conflito à vista?…

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