A Volta da inflação?

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Por Agência Brasil     

Por César Graça

Voltamos ao aumento explosivo de preços de alguns itens básicos. O imaginário da inflação voltou com força. Muitos se lembram da inflação explosiva dos anos 90. Alguns supermercados correram e remarcaram os preços. O resultado foi uma gritaria danada.
Alguns itens subiram de preço de forma violenta. Um exemplo é o arroz. Durante anos o arroz foi uma comida barata. De repente dobrou de preço. O Brasil é autossuficiente na produção de arroz. Até chega a exportar de vez em quando um pouco. Com a desvalorização do real o arroz brasileiro ficou barato e mais de 2 milhões de toneladas foram exportadas. Fez falta.
Agora o Brasil está importando arroz. Vai demorar uns três ou quatro meses para a situação se normalizar. A produção interna deve voltar a crescer. Nos últimos anos a área plantada no Rio Grande do Sul diminui. O arroz perdeu áreas para a soja, pois ela era muito mais rentável. Quem continuou plantando arroz aumentou muito a produtividade, mas, mesmo assim, não conseguiu ser rentável. No Rio Grande do Sul, a maioria das áreas de plantio de arroz são área de várzea, difíceis de fazer outro cultivo. Os agricultores não tinham uma alternativa a não ser continuar plantando arroz. Agora apareceu um mercado interessante no exterior.
O governo adotou uma estratégia inteligente, reduziu os impostos de importação. Não caiu nas soluções tolas de tabelamento, muito comuns no passado. Logo o arroz vai cair de preço. Talvez não volte ao que era no passado. O resultado será a ampliação do mercado internacional para o arroz brasileiro. Tendo um mercado maior os produtores brasileiros poderão expandir os seus negócios e o Brasil ampliar, ainda mais, as suas exportações. Com o aumento da produção os agricultores brasileiros vão ganhar escala. A tendência é que o preço caia um pouco mais no longo prazo, seguindo de perto as cotações internacionais.
Vários outros itens também sofreram aumento de preço em função das exportações. A reação do governo foi a mesma, facilitar as importações. Logo os preços dos alimentos vão cair. As pessoas vão consumir menos por causa do aumento de preço. Alguns itens concorrentes vão aproveitar a oportunidade e tentar vender mais. Logo teremos um novo ponto de equilíbrio entre a produção e o consumo no mercado interno. Por outro lado, no mercado externo a produção brasileira de alimentos vai se expandir em outras direções.
Essa é a vocação da economia brasileira, expandir as exportações de alimentos. O momento é extremamente favorável. Primeiro pelas brigas da China com os Estados Unidos. Os chineses começaram a concentrar as suas compras de soja no Brasil. Agora com as grandes enchentes os chineses voltaram a comprar soja dos Estados Unidos com gosto. E o preço da soja disparou na Bolsa de Chicago. No Brasil, os preços da soja alcançaram patamares recordes bem no início do plantio da primeira safra de verão, que começa em setembro e vai até janeiro.
Por outro lado, o auxílio na epidemia que o governo dá as pessoas que ficaram sem renda já cai à metade agora em setembro. Com uma renda menor as pessoas vão comprar menos alimentos, o que deve reduzir os preços nos supermercados. Em menos de dois meses essa inflação dos alimentos já terá desaparecido.
É bastante provável que no primeiro semestre do ano que vem a vacina para o Coronavírus já esteja disponível, e boa parte dos brasileiros já esteja vacinada. As restrições de locomoção já terão sido levantadas. Sobrará a dificuldade de retomada do crescimento da economia. O índice do desemprego deve estar acima da 15%. Pior é que a crise fez as empresas melhorarem o seu processo produtivo aumentando a produtividade, o que levou a uma redução do emprego. Esse ganho de produtividade veio para ficar. A produção vai aumentar bastante, mas o emprego não vai aumentar no mesmo ritmo.
O Brasil terá que crescer na área de serviços para aumentar o emprego de forma significativa. Uma oportunidade é o turismo. Uma indústria que ainda engatinha. Com a pandemia foi para o chão. A recuperação será lenta. O desemprego será a grande questão de 2021.

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