Fase do equilíbrio

Foto: Reprodução

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

A vida da baleia vale mais que a do elefante? A vida da paca vale mais que a vida da vaca?
Sempre buscamos a preservação das espécies, a perpetuação da biodiversidade – até porque não sabemos por quantas pandemias iremos passar, e do quê advirão os remédios. Óleo de fígado de bacalhau é remédio e procede de animal (peixe). A penicilina Fleming encontrou num fungo… O que vale mais do quê?
Neste período do ano os agricultores se obrigam a fazer escolhas, as mais variadas: a formiga ou a parreira (uva)? A soja ou o percevejo? O carrapato ou a saúde bovina? Precisamos eliminar carrapatos, formigas, percevejos? Precisamos e não temos escolha. Eliminamos também moscas-do-bicho, pulgões, gafanhotos, lagartas, etc… O amigo leitor comeria um pêssego bichado? Somente se não olhasse dentro, onde mordeu… Comeria um pedaço de costela com um grande berne?
Com o perdão pelo realismo, não queremos “porquices” nem sujeiras em nosso espaço e, muito menos, no que comemos. Na primavera — agora — proliferam as pragas, quer na agricultura, quer na pecuária. Com inseticidas são eliminados bilhões, trilhões de insetos que produzem prejuízos vultosos para nossa produção de alimentos e, também, para nossa saúde. Há vírus, bactérias que são “vida”, mas agridem a nossa vida… O vírus da AIDS, o Mycobacterium tuberculosis (tuberculose), os ácaros… milhares de pequenos seres que atacam a nós e a nossos bichinho. Preservá-los ou eliminá-los?
Não se trata de “quem pode mais chora menos”, nem de eliminar tudo que nos é desconfortável o que nos agride. O direito natural nos garante a defesa da própria vida, e este é um parâmetro… Não deveríamos eliminar os bandidos, assassinos, estupradores, etc? No futuro, com certeza isso virará “moda“ (lei, costume). Então eliminaremos todos os “estorvos”? Onças, cobras, escorpiões, tubarões, etc.? Nem tanto. Vamos analisar: pulgões, percevejos-da-soja, vaquinhas, moscas-do-bicho, carrapatos, pulgas, formigas, lagartas, tesourinhas, etc, procriam aos milhões, bilhões (especialmente por nossa causa, pois o que plantamos lhes fornece alimento) e, mesmo que as pessoas se empenhassem, não conseguiram eliminá-las a nível de extinção. Nem ratos — milhares de vezes maiores que uma pulga — a gente consegue eliminar!… Nem o vírus do COVID, com o mundo todo tentando!… Nessa “guerra” do homem versus pragas, as pragas sobreviverão, por certo.
Isso significa que devemos guerrear de verdade? Só por si, não; mas estamos na encruzilhada: salvar, preservar, garantir nossas frutas, nossos alimentos, ou preservar tudo só por preservar? Não temos como recriminar o pequeno agricultor que precisa produzir hortaliças e frutas para sobreviver. Não temos como recriminar o pecuarista, se pretendemos ter acesso a uma carne saudável… Isso não significa, entretanto, que podemos “sair matando tudo”… Acreditamos que o parâmetro deverá ser o de preservarmos nossa vida e nossa saúde.
É a época anual das pragas, mas é também a fase do equilíbrio.

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