O final da epidemia

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Por Agência Brasil  

Por César Graça

Como tudo, as epidemias também têm um ciclo de vida. Nascem, crescem e morrem. Essa não será diferente. Com o início da vacinação, o número de novos casos deve diminuir. Vão continuar a acontecer alguns casos residuais, como em várias doenças. O balanço final é um grande aprendizado.

A humanidade avança mais rápido com as grandes catástrofes: desastres naturais, guerras e epidemias. Sempre foi assim. Em cada país, em cada região, os efeitos são sentidos de forma diferente, pois cada país tem o seu próprio ciclo de vida.

Por incrível que pareça, a epidemia foi boa para o Brasil. Ela acelerou o nosso crescimento econômico e colocou o nosso sistema de saúde pública em xeque. O Brasil continuou trabalhando enquanto outras economias fizeram quarentenas drásticas. O número de mortes, no Brasil, na epidemia não está acima de outros países. Está um pouco abaixo. Não somos nem o pior e nem o melhor caso. Os números são grandes, pois a população do Brasil é grande.

A principal estratégia econômica do governo foi desvalorizar o real, que chegou a ser de 30% em 2020. Com isso o Brasil perdeu várias posições entre as nações mais ricas do mundo. Por outro lado, foi um grande estímulo para o setor agrícola, que teve um grande aumento da lucratividade com as exportações.

O preço das commodities agrícolas tem um ciclo de sete anos em média. Estamos entrando numa fase de aumento de preços. Somando os dois componentes – desvalorização do real e aumento dos preços das commodities nos mercados internacionais – os preços dos produtos agrícolas explodiram no Brasil. O que está gerando um grande esforço para o aumento da produção agrícola no Brasil.

O Brasil tem condições de aumentar algumas vezes a sua produção agrícola. Com o estímulo da alta rentabilidade, esse processo está se acelerando.

O seu maior concorrente é os Estados Unidos, que está numa guerra aberta com o seu maior parceiro comercial, a China. Para o Brasil essa guerra foi muito vantajosa. Os chineses desviaram os seus pedidos dos Estados Unidos para o Brasil nos últimos dois anos. Os estoques de soja, no Brasil, foram zerados no segundo semestre de 2020. A China não teve alternativa a não ser voltar a comprar dos Estados Unidos com muita intensidade. Os estoques de soja dos Estados Unidos caíram rapidamente, também estão quase zerados.

O que deve estimular um aumento da produção agrícola lá, pois os preços da soja, do milho e do trigo entraram numa curva ascendente. Difícil prever o teto que vão atingir. Existe a possibilidade que os máximos históricos sejam batidos, pois, com a injeção de recursos que o Banco Central dos Estados Unidos vai fazer, o dólar deve se desvalorizar no mercado internacional. O que força os preços de todas as commodities para cima.

Agora começa uma corrida entre o Brasil e os Estados Unidos para ver quem aumenta a produção de commodities agrícolas mais rapidamente.

Nos Estados Unidos a epidemia teve e está tendo um efeito mais devastador na economia. Lá o número de mortes é bem maior que no Brasil. As medidas de quarentena estão sendo bem mais rígidas. A maioria dos restaurantes fecharam. O que teve um grande impacto no mercado interno de produtos agrícolas. Por outro lado, as estruturas de processamento de alimentos são muito maiores que as estruturas brasileiras. Várias fábricas de alimentos foram fechadas por causa da quantidade de funcionários contaminados. O que impactou fortemente o mercado de comida processada. Resumindo, a economia norte-americana foi duramente afetada pela epidemia, ao contrário da brasileira.

O aumento da produção agrícola nos Estados Unidos vai ser bem mais lenta do que no Brasil, pois as estruturas de produção sofreram e estão sofrendo bastante com a epidemia.

Outro concorrente, na área agrícola, é a Argentina. Lá a economia vai muito mal. Com o governo peronista, a Argentina entrou numa crise profunda. A inflação subiu. O governo implantou uma política de várias taxas de câmbio e impostos de exportação. O que desincentiva a produção agrícola. O resultado é um crescimento bem baixo da produção agrícola.

O cenário para a agropecuária brasileira em 2021 é muito favorável. O crescimento da safra de soja e de milho é um bom indicador. As estimativas para essas duas safras logo vão ser revistas. A alta rentabilidade está animando os produtores a fazerem grandes investimentos, principalmente na safrinha de milho.

O grande vilão da epidemia foi as quarentenas, que no Brasil foram bem suaves. O que não chegou a prejudicar muito a economia. O Auxílio Emergencial também teve um efeito positivo. Ele distribuiu renda para os mais necessitados. O que impediu que as classes econômicas mais necessitadas tivessem uma perda de renda muito grande. Em função desse auxílio, o consumo de itens básicos aumentou.

Com o aumento das exportações da agroindústria, o setor de agropecuária cresceu. Tudo indica que a recuperação da economia brasileira será bem forte em 2021. Em função das medidas que o governo Bolsonaro adotou.

O resultado da epidemia, no Brasil, foi bem mais brando que em outros países. Nos próximos anos vai ficar bem clara a estratégia do governo Bolsonaro em equilibrar o controle do contágio com o crescimento da economia. Isso, sem se descuidar dos segmentos da população mais carente. Conseguiu um equilíbrio entre o crescimento do país no longo prazo e a assistência emergencial aos mais atingidos pela epidemia.

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