Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.
Diante da pandemia de Coronavírus que está afetando todos os aspectos de nossas vidas, e especialmente em função do isolamento social necessário que nos impõe a um novo modo de viver — desde o home office até novas formas de nos relacionarmos —, pensamos ser este um momento fundamental para refletirmos também sobre a nossa alimentação. Uma alimentação saudável é primordial para manter a saúde e é especialmente importante para manter o sistema imunológico em ótimas condições. Não se esquecendo das medidas de higiene necessárias para evitar as contaminações.
O isolamento social e o trabalho em casa também trouxe um hábito que pode se relacionar com um maior problema nutricional: alimentos prontos, rápidos, via delivery, tiveram um aumento significativo neste período. Os gastos com entregas de refeições cresceram 149% no último ano (2020), segundo a Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, que analisou as despesas dos usuários com os três principais aplicativos de entregas — Rappi, Ifood e Uber Eats. E nem sempre as escolhas de refeições pelos apps são as mais saudáveis. E este é um fator que devemos nos atentar – com a qualidade dos alimentos (principalmente em evitar alimentos processados e ultraprocessados) -, pois é um período em que a redução do movimento corporal ou a inatividade física está acentuada e o estresse emocional, causado pelo isolamento social e as incertezas futuras nos assolam em nível máximo. Isso tudo acaba por levar a uma ingestão excessiva de alimentos mais calóricos (ricos em açúcares e gorduras) e com um desequilíbrio na oferta de micronutrientes (vitaminas e sais minerais), gerando um aumento de peso perigoso que pode levar a outros tipos de comorbidades (associação de duas ou mais doenças), tais como as doenças crônicas não transmissíveis e síndromes metabólicas: obesidade, hipertensão, dislipidemias (alteração nos níveis de gordura no sangue), diabetes, alguns tipos de câncer, entre outras, que também são consideradas fatores de alto risco para as complicações causadas pela Covid-19. Então… Cuidado com o que come!
Bons hábitos, como o consumo de alimentos saudáveis, uma ingestão de quantidade de água adequada, banhos de sol, controle das emoções e exercícios físicos, auxiliam para o fortalecimento do Sistema Imune, nos demais sistemas fisiológicos e na regulação metabólica. Portanto se faz necessário uma alimentação mais natural, comida de verdade – alimentos in natura -, variada, colorida e minimamente processada, como base das refeições.
Para melhor entender como é essa classificação sobre a qualidade alimentar, segue a categorização dos alimentos:
– Alimentos in natura: Deve ser a base da nossa alimentação. São os alimentos de verdade! Aqueles que obtemos diretamente da natureza: sementes, legumes, verduras, frutas, raízes ou tubérculos, ovos caipiras e carnes frescas (não congeladas).
– Alimentos minimamente processados: Fazem parte também da base alimentar. São aqueles que já passaram por algum tipo de processo – limpeza, moagem, congelamento, fracionamento -, SEM adição de sal, açúcar, óleo ou outras substâncias ao alimento natural: arroz, frutas secas, sucos integrais de frutas, leite pasteurizado, milho embalado na espiga, ervas frescas ou secas, ovos de granja, carnes congeladas, chá e água potável.
– Alimentos processados: O uso destes alimentos deve ser limitado. São fabricados com adição de sal ou açúcar para aumentar a durabilidade, como: conservas de cenoura, pepino, milho e ervilhas, extrato de tomate, frutas em calda, carne seca, peixes enlatados (atum e sardinha), queijos magros, etc.
– Alimentos ultraprocessados: Evite o uso destes alimentos. Esses produtos são criados pela indústria de alimentos com pouco ou nenhum alimento verdadeiro e grandes quantidades de óleo, sal e açúcar, além dos conservantes. Refrigerantes, macarrão instantâneo, caldos industrializados, biscoito, mistura para bolos, salgadinhos, salsichas, embutidos, bebida láctea, etc.
Estes são só alguns exemplos e, no geral, evite ao máximo o consumo de gorduras saturadas (presentes na manteiga, bacon, queijos amarelos, carne de boi gorda, toucinho) e gorduras trans (presentes nas margarinas sólidas, nuggets, biscoitos recheados, empanados, congelados industrializados), pois, o consumo desses produtos reduz a atividade das células protetoras e prejudica a resposta imunológica. Reduza também o consumo de bebidas alcoólicas, pois elas interferem negativamente.
“Descasque mais e desembrulhe menos!”
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