Diabetes e COVID-19

Imagem: Reprodução

Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.

O mundo enfrenta uma pandemia viral, responsável pela doença COVID-19 e permanece lutando contra outra, bem mais antiga, o Diabetes mellitus (DM). Estima-se que mais de 460 milhões de pessoas no mundo apresentem DM e que o número de afetados deve aumentar 50% em vinte anos.

O espectro clínico da COVID-19 tem se mostrado bastante variado e abrangente, desde uma infecção assin­tomática até manifestações severas que podem culminar em síndrome do desconforto respiratório agudo grave e morte. Sugere-se que os casos graves tenham relação com fatores de risco como hipertensão, obesidade, diabetes, doenças respiratórias e cardiovasculares, embora diversos aspectos sobre a fisio­patologia (estudo das funções fisiológicas durante a doença ou das modificações dessas funções), a evolução clínica e o padrão de resposta imunológica ainda não tenham sido totalmente eluci­dados.

A infecção por SARS-CoV-2 pode ativar respostas imune inata (imediata) e adaptativa (adquirida após contágio). Contudo, resposta inflamatória inata descontrolada e resposta imune adaptativa prejudicada podem resultar em danos teciduais, tanto em órgãos específicos quanto de forma sistêmica ou geral. Muitos pacientes com infecção severa por COVID-19 exibem concentrações séricas (no sangue) expressivamente elevadas de citocinas pró-inflamatórias A ativação conjunta destas múltiplas citocinas tem sido descrita como a “tempestade perfeita” para o processo inflamatório agudo grave provocado pela reação do corpo à doença.

Algumas pessoas têm maior risco de desenvolvimento da forma grave da doença — são os chamados grupos de risco da covid-19. Os diabéticos, por exemplo, fazem parte dele. É importante salientar que diabéticos têm o mesmo risco de contrair a covid-19 do que não-diabéticos.

O DM é uma doença caracterizada pelo aumento da glicemia, ou seja, a glicose (ou açúcar) presente no sangue. A glicose é uma fonte de energia para o organismo, obtida pelos alimentos e transportada do sangue para dentro das células por um hormônio chamado insulina. O DM é uma síndrome endócrino-metabólica de causa/origem múltipla (genético, biológico e ambiental) decorrente da falta (defeitos na secreção pelo pâncreas) e/ou incapacidade (ação) da insulina em exercer adequadamente seus efeitos, resultando em hiperglicemia crônica (taxa elevada de açúcar no sangue). Este quadro favorece vias metabólicas responsáveis pela glicação* (ligação do açúcar com a hemoglobina), liberando citocinas pro-inflamatórias e provocando um maior estresse oxidativo (formação de radicais livres). Este ambiente inflamatório crônico em conjunto com outras alterações metabólicas, concorre para alterações imunológicas que tornam os indivíduos com DM mais propensos a infecções severas, de difícil tratamento e com piores desfechos.  Evidências científicas têm mostrado que, de fato, pacientes com DM hospitalizados com COVID-19 apresentam longo período de internação, complicações graves da doença e maior mortalidade quando comparados a pacientes não diabéticos com COVID-19.

*glicação é o processo em que as moléculas de açúcares e carboidratos unem-se a uma proteína (neste caso a hemoglobina), fazendo com que ela não consiga mais desempenhar seu papel no organismo, perdendo sua função biológica e tornando-a tão prejudicial quanto os radicais livres.

Pelo fato do SARS-Cov-2 ligar-se com facilidade aos receptores que estão em vários órgãos e tecidos metabólicos importantes, incluindo as células pancreáticas, tecido adiposo, intestino delgado, fígado e rim é possível que o vírus consiga causar diversas alterações coexistentes do metabolismo da glicose que podem complicar a fisiopatologia do diabetes ou levar a novos mecanismos da doença, afetando todo o Sistema Imunológico. E isso pode levar a:

  • um aumento exagerado da reatividade do sistema imunológico, aumentando as chances de ocorrerem complicações pulmonares da covid-19;
  • um estado de hipercoagulabilidade, aumentando ainda mais as chances de tromboembolismos nos pacientes acometidos pela covid-19;
  • um desequilíbrio metabólico, reduzindo então a resposta imune ao vírus.

Além disso, o paciente diabético tende a apresentar alterações, no longo prazo, principalmente em órgãos como rins e coração. Essa associação com hipertensão e obesidade, agrava ainda mais a infecção pelo coronavírus.

Já o cuidado com a saúde do diabético não difere muito neste contexto da pandemia, devendo reforçar os cuidados propostos pelos profissionais da saúde e manter o controle da glicemia conforme as orientações médicas (medidas periódicas e consultas médicas com a frequência individual recomendada para o caso). Apesar de o DM não ter cura definitiva, o cuidado desses indivíduos deve envolver hábitos que podem os proteger das complicações: reeducação alimentar e equilibrada, controle do peso, manter a medicação e atividades físicas – especialmente com exercícios corporais – regulares.

Mais informações >>> https://www.diabetes.org.br/data/e-book/Autocuidado_e_Diabetes_em_tempos_de_COVID_19_Ebook_SBD.pdf

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