Você já ouviu falar da Cronobiologia?

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Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.

Na última matéria informamos sobre o ritmo circadiano (https://asemananews.com.br/2021/07/26/ciclo-circadiano-voce-sabe-o-que-e/) e sua interferência em nossa vida diária. Assim como grande parte dos seres vivos, o ser humano tem ciclos de horários regidos pela natureza ou por uma predisposição inicial – e entender esse ritmo ajuda a deixar o dia muito mais produtivo. Baseadas nas descobertas da Cronobiologia, um ramo da ciência que estuda os ritmos biológicos (o ciclo Circadiano) ou esta interação do ambiente (luz e temperatura) com o ser humano, podemos aproveitar – ao conhecê-los e respeitá-los – para melhorar o desempenho na vida pessoal, social e até profissional.

A cronobiologia (termo oriundo do grego crono=khronos, que significa tempo; biologia=biós, que significa vida; logia=logos, que significa estudo) é definida como a ciência responsável por estudar os ritmos e fenômenos físicos e bioquímicos periódicos que ocorrem nos seres vivos. Mais simplificadamente, esta área da biologia é responsável por estudar o “relógio biológico” dos seres viventes. Isso em nada tem relação com o “biorritmo”, sem validade científica.

Todas as espécies expressam ritmos, ditados por algum evento da natureza, tanto no plano coletivo (migrações de aves, peixes, outros animais, formigueiros e colmeias), como no individual (ciclo vigília/sono, rotina), no funcionamento de órgãos (batimentos cardíacos, sistema digestório, reprodutivo, etc.), inclusive na atividade de alguns genes no interior das células.

O calor alterna com o frio, a chuva substitui a seca, dias claros afastam dias cinzentos. Refletindo a caminhada da Terra ao redor do Sol, o cenário da vida se altera a cada estação, mudando o comportamento das espécies, que tratam de sobreviver da melhor maneira: assim, as plantas em certa época germinam, em outra desabrocham e em outra ainda perdem folhas, enquanto os animais migram em certos meses, em outros reduzem suas atividades e depois se acasalam. Desta forma, a maioria dos seres vivos do globo se adaptou ao vaivém diário de luz e escuridão, do frio e o calor. Se há plantas que reservam para a fotossíntese os horários em que a luz é ideal, as abelhas por sua vez deixam seus voos longos para quando as flores liberam mais pólen – algo que elas percebem como uma diferença na luminosidade e umidade do ambiente.

Em todas as espécies há fenômenos semelhantes por se repetirem de tempos em tempos com a regularidade de um relógio ou calendário. Os seres humanos não são exceção: também entramos na dança dos chamados ritmos biológicos. Sair para o trabalho em determinada hora, almoçar sempre por volta do meio-dia, descansar ao menos um dia por semana – todas as pessoas têm noção dos ritmos necessários ao funcionamento da vida em sociedade. Mas poucos percebem a rotina interna do organismo, onde cada função tem um ritmo próprio, determinando, por exemplo, momentos do dia em que nos sentimos mais dispostos e outros em que – já asseguram muitos cientistas – ficamos mais vulneráveis às lesões, distúrbios e doenças.

Nosso relógio biológico está localizado no hipotálamo (base do cérebro). Consiste numa estrutura denominada Núcleo supraquiasmático que recebe informação diretamente da retina (olhos), sobre o ritmo claro/escuro do ambiente. Esta pequena estrutura cerebral dita o ritmo de todos os processos fisiológicos e comportamentais. A duração de cada ciclo é circadiana (ou seja, cerca de um dia).

O núcleo supraquiasmático precisa receber informação das células ganglionares da retina para “acertar o nosso relógio” durante as 24 horas. Sendo assim, o sincronizador mais potente do nosso “relógio biológico” é, sem dúvida, a luz solar. Ao longo dos milênios, a evolução deste mecanismo, no reino animal, foi fundamental para a adaptação do organismo ao movimento de rotação da Terra, permitindo organizar temporalmente as tarefas biológicas em função das necessidades especiais do momento. O núcleo supraquiasmático recebe e faz a leitura da informação ambiental e comunica, por via neuronal (estímulos nervosos) ou endócrina (hormonal), com os órgãos, sistemas e tecidos periféricos ritmando e sincronizando suas funções. Legal, né?

Os estudos sobre a interferência da luz e temperatura sobre nosso corpo mostram o quão complexo é o nosso organismo, uma série de engrenagens e estímulos que se comunicam. A luz incide sobre a retina que estimula o núcleo supraquiasmático e desencadeia uma série de respostas que vão coordenar uma cascata de reações bioquímicas que pautarão todas as funções de órgãos e sistemas. Existem, é claro, diferenças de pessoa para pessoa: a “zero hora” de uma não é necessariamente a de outra. Os matutinos acordam e dormem mais cedo, enquanto os vespertinos preferem ir para cama e acordar mais tarde. Isso é muito significativo, pois os ciclos de todas as funções são arrastados também pelo ciclo do sono. Em qualquer caso, os estímulos externos servem apenas para sincronizar os ritmos internos com o ambiente, pois o organismo não se comporta à noite como de dia, importando pouco o fato de se estar dormindo ou acordado. E nos seres humanos há ainda outro sincronizador muito particular e potente: as relações sociais. Mas esta é outra história!

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