O pico das commodities

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Foto: Jaelson Lucas/AEN

Por César Graça

O Brasil ainda está no estágio de produtor de commodities. Itens básicos que o preço é definido por um mercado mundial. Esses preços variam em ciclos. Agora eles estão num período de alta e o pico deve ocorrer no ano que vem, talvez no seguinte.

Isso significa é que as receitas das exportações do Brasil devem aumentar bastante nos próximos meses. Bem no período das eleições presidenciais de 2022. Em função disso, a economia brasileira vai muito bem. Muito desse mérito se deve ao presidente Bolsonaro e do seu governo. Pois ele melhorou muito a infraestrutura de exportação das commodities agrícolas.

No início da epidemia, muitos países impuseram vários tipos de lockdown, que impediam a produção de vários itens. Na agricultura, o Brasil não implantou nenhum lockdown. Já as indústrias brasileiras tiveram algum lockdown, mas eles foram suaves. O que reduziu um pouco a produção de itens internos, mas não as exportações.

Com isso os volumes e os valores das exportações aumentaram. Aumentando o superávit da balança comercial brasileira. Em função dessa estratégia a economia brasileira sofreu pouco em 2020 e facilitou a retomada da economia em 2021. Muitos países estão com dificuldades em acompanhar a retomada da economia mundial em 2021. O que não acontece com o Brasil. Isso apesar do clima não muito favorável à produção agrícola nesta safra 2020-2021, que está no seu período final. No início do plantio as chuvas atrasaram. O que levou ao atraso do plantio em média de dois meses e atrasou a safrinha. Depois do plantio da safrinha se seguiu um período muito seco. O que atrasou o crescimento e desenvolvimento das plantas. No meio da segunda safra, as chuvas voltaram e as plantas começaram a se desenvolver. O atraso do plantio e do desenvolvimento deixou a safrinha vulnerável às geadas de inverno. E, este ano, elas foram bastante intensas. As mais intensas nos últimos dez anos. O que reduziu a produtividade e a qualidade das colheitas.

Se os preços estivessem num momento de baixa seria um desastre para os agricultores. Mas como eles estão em alta o resultado é menos ruim, para alguns até positivo. O que vai possibilitar o aumento da área plantada na safra 2021-2022. Que começa a ser plantada já em agosto em algumas localidades. O plantio mais intenso só começa em setembro. Isso vai depender do início das chuvas.

Os preços das commodities agrícolas continuam num ciclo de alta. As dificuldades climáticas se acentuaram bastante em alguns países no segundo semestre de 2021. O que derrubou a produção em vários países e aumentou os preços de vários produtos agrícolas. A tendência é que os preços das commodities continuem subindo em 2022.

Por outro lado, o Brasil tem a capacidade de aumentar bastante o volume produzido de diversas commodities. Com o aumento do volume e dos preços das commodities, os valores exportados devem aumentar bastante em 2022. Algumas estimativas já falam de superávits de 100 bilhões de dólares em 2021 e de 150 bilhões de dólares em 2022. O que deve propiciar um crescimento econômico acima de 5% em 2021 e, também, em 2022. Esse crescimento das exportações de commodities quebra a inercia de pequenos crescimentos econômico, que ocorreu nas últimas quatro décadas no Brasil. Um longo período de governos esquerdistas.

Essa mudança do ritmo econômico está pegando o Brasil inteiro de surpresa. As fábricas precisarão ser ampliadas. Isso já está acontecendo nas fábricas de máquinas agrícolas e de equipamentos para a construção civil. Nestas duas áreas o crescimento da produção só não foi maior por falta de insumos. No mercado mundial está faltando chips e no mercado nacional aço. É provável que em seis meses a situação já esteja bem melhor. Talvez em um ano já esteja normalizada, talvez não. Estamos vivendo momentos de incertezas.

O que reforça o ciclo de crescimento econômico. E aumenta a arrecadação do governo. O que facilita o aumento das obras de infraestrutura. Que aliás já vinha crescendo desde o início do governo Bolsonaro.

O Brasil já vinha crescendo antes da epidemia. A parada da economia com os lockdown foi de pouca intensidade. A maioria dos setores já retomou o crescimento e está produzindo acima dos níveis anteriores à epidemia. Os pedidos dos agricultores são bastante grandes. Os prazos de entregas estão bastante longos. Com o aumento dos preços das commodities é provável que a demanda de equipamentos para a agricultura aumente mais ainda. O que vai dar um destaque ao parque de equipamento agrícolas no Brasil. A tendência é que o Brasil se transforme num grande exportador de equipamentos agrícolas. Os volumes produzidos vão gerar grandes escalas de produção. O que não ocorre em outros setores da produção industrial brasileira, como na indústria automobilística. Apesar de a produção de caminhões, maquinário de construção e máquinas agrícolas crescerem muito no Brasil nos próximos anos.

O impacto mais imediato é o aumento das receitas do governo. Parte do aumento da receita do governo está sendo usado para reduzir o endividamento do país. O que reduz a relação da dívida bruto do governo com relação ao PIB (Produto Interno Bruto). E reduz os juros que o governo paga. O que provocar um desafio no sistema bancário brasileiro. Antes o maior cliente era o governo. Não havia disputa de clientes. Reduzindo o tamanho das dívidas do governo, o sistema bancário vai precisar encontrar outros clientes. O que vai favorecer o desenvolvimento da economia.

Com a redução dos juros e a redução do endividamento, o governo pode aumentar as despesas com investimentos de infraestrutura que o país é tão carente. Com uma melhor infraestrutura o custo dos transportes cai. O que aumenta a renda dos agricultores. O que melhora a capacidade deles fazerem mais investimentos. Essa contrapartida do governo era o que estava faltando durante a época esquerdista. A despesa com o transporte da produção era muito grande. O que reduzia o lucro dos agricultores e a sua capacidade de fazer investimentos. Pois a infraestrutura de transporte era muito precária. Em dois anos do governo Bolsonaro, já melhorou bastante. Mas tem muito a ser feito quando comparado com a infraestrutura dos Estados Unidos ou da Europa.

No entanto, todo esse ciclo de alta dos preços das commodities vai ter um fim. As variações dos preços das commodities vão ter um pico e depois vão começar a cair. O importante, para o Brasil, é que os agricultores se preparem para o ciclo de queda, guardando recursos para os momentos difíceis. É muito importante ter um custo de produção baixo. Quem tiver um custo alto vai sair do mercado. Durante o período do governo do ex-presidente Trump os agricultores norte-americanos passaram muitas dificuldades. Os preços das commodities ficaram abaixo do seu custo de produção. Só sobreviveram, por causa dos subsídios dos governo norte-americano. Por outro lado, os agricultores brasileiros conseguiram passar esse momento com relativa facilidade. O real tinha se desvalorizado. Com isso, o seu custo de produção ficou abaixo dos preços internacionais. O de custo de produção dos agricultores brasileiros ficou muito mais baixo do que o dos agricultores norte-americanos. O que propiciou um momento favorável para o crescimento da produção brasileira de commodities, principalmente da soja.

Por esse motivo, é muito importante manter o real desvalorizado. Mesmo com a entrada de muito dólares no Brasil. É o que está ocorrendo agora e vai se acentuar no futuro próximo.

Uma saída, para manter o dólar forte e o real desvalorizado, é o governo brasileiro comprar dólares e colocá-los nas reservas brasileiras. E manter as reservas num nível bastante alto. Outra maneira de manter o real desvalorizado é fazer investimentos no exterior.

Algo que nunca aconteceu no passado no Brasil. O Brasil sempre gastou de forma irresponsável os recursos financeiros ganhos nos períodos favoráveis e sofreu duramente nos períodos desfavoráveis. A estratégia foi viver da mão para boca. Bem ao contrário dos países ricos.

Com isso o custo dos produtos brasileiros fica bem abaixo dos seus concorrentes. Principalmente dos agricultores norte-americanos. Com os custos baixos, por um longo período, a agricultura brasileira poderá crescer bastante e fazer grandes investimentos porteira para dentro. E o governo brasileiro precisa fazer o complemento, melhorando a infraestrutura porteira para fora.

Essa formação de capital é essencial para manter a competitividade da agricultura brasileira no longo prazo. Algo que o governo atual sabe bem. Ter dois ou três anos de produtos competitivos não é suficiente. É preciso ser competitivo num longo período.

Por esse motivo, é preciso ter um governo favorável ao crescimento econômico do Brasil por um longo período e que seja capaz de acumular uma quantidade grande de recursos. Algo que a China fez quando acumulou reservas acima de 4 trilhões de dólares ao longo de trinta anos.

Os Estados Unidos estão fazendo exatamente o contrário. Gastando muito mais que arrecada. O que aumenta muito a sua dívida externa. Vai chegar um momento que essa dívida será insustentável e o dólar vai começar a se desvalorizar rapidamente. Esse momento será de grande risco para a agricultura brasileira. O dólar deve ser desvalorizar e o real se valorizar. O que vai tornar a agricultura norte-americana mais competitiva que a brasileira. E a agricultura brasileira estará em risco. Para sobreviver será necessário ser muito mais eficiente que a agricultura norte-americana. Mesmo que o dólar esteja desvalorizado.

Essa visão de longo prazo é fundamental para garantir um crescimento sustentável da nossa economia. Algo que nunca aconteceu antes.

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