A terra prometida

Foto: Reprodução

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

O amigo leitor imaginaria alguém nascer, crescer e, ao final, morrer de velho numa “terra prometida”? Isso acontece no Brasil, e o leitor é testemunha viva. Temos as maiores reservas de florestas, de minérios – nióbio, grafeno, ouro, esmeraldas, diamantes… A maior reserva de água doce do mundo! A maior biodiversidade!… Não chega? A maior curiosidade é sermos ricos, abençoados pelo que não temos: guerras, vulcões, tsunamis, tornados, perseguição religiosa… Aqui estamos, livres para viver a vida! Que maravilha! Já pensou nisso?
Veja como andam as coisas: Venezuela com fome e sem liberdade; Cuba e Bielorrúsia com movimentos populares aniquilados pelo poder central; Etiópia com guerrilhas e atrocidades; Síria, Iraque, Paquistão, então… Vamos parar para pensar: somos ricos pelo que temos, e também pelo que não temos. Historicamente, nenhum país passou tanto tempo em paz e, especialmente, com fartura. Pêro Vaz de Caminha estava certo: “Nesta terra, em se plantando, tudo dá.” O clima nos favorece demais! Podemos produzir de tudo: no sul, trigo, arroz-d’água e todos os cereais; no sudeste e no centro-oeste, cereais em profusão, além do café; no nordeste e no norte, cacau, café, etc. À exceção do sul, podemos ter todas as frutas tropicais: manga, atas (pariri, atemóia, fruta-do-conde, pinha, etc.)… E, quase por tudo (até no nordeste ficou viável) podemos colher pêssegos, ameixas, uvas, jabuticabas, melancias, cítricos (laranja, mexerica, poncã, limão, etc.), abacaxis (entre os melhores, como o pérola e o bauru), mamões, além de uma longa lista de frutas raras (cajá-manga, seriguela, etc.)… O amigo poderia sonhar com uma terra mais aprazível que a nossa?…
Não temos problemas? Temos; inclusive alguns preocupantes, como o vício em álcool ou drogas. Os sinais aparecem: acidentes de trânsito, furtos, roubos, assaltos, homicídios… Aliás, quando se comentam dessas circunstâncias, quase todos dizem: “Tem que mudar a lei!”. É assim?… Não é verdade. Não precisamos mudar a lei, mas os aplicadores da lei. Desses, sim, boa parte se inclina a “fazer mesura com chapéu alheio”: mostra-se compreensiva, tolerante, amistosa, para tanto fazendo “arremedos” de aplicação da lei… São os “bonzinhos”, que ignoram as vítimas e seus entes queridos, ignoram a “prevenção geral” – a grande arma do Direito Penal, sua maior eficiência… Os operadores do Direito devem ter em mente fazer com que todos os que têm tendência à delinquência “coloquem suas barbas de molho”.
Outro problema que temos decorre da riqueza da nossa biodiversidade: muitos países “fazem caridade” por meio de ONGs, mas levam embora centenas de matérias-primas nossas… Em parte, isso é bom, porque fabricam remédios contra diversas doenças; o problema é o segundo passo: vendem esses remédios para nós a preço de ouro! É como se um ladrão entrasse na nossa casa, furtasse a nossa televisão e voltasse para nos vender o mesmo aparelho… e nós o comprássemos, contentes!… Não estaria na hora de investirmos em pesquisas, laboratórios, cientistas?…

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