A variante delta

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Por Agência Brasil  

Por César Graça

Parecia que o jogo estava acabando e agora, de repente, começou a prorrogação. Surpresa geral. Ninguém estava esperando. As reações são as mais descontroladas possível. A China retomou a sua preocupação com o Coronavírus. Os casos da variável Delta ainda são poucos. Mas o suficiente para deixar o governo chinês apavorado. Ele acreditava que a sua estratégia de rígido controle estava funcionando. A realidade o assustou. Voltou à estratégia de controlar cada passo de seus cidadãos.

Lá existe uma caderneta de saúde que cada cidadão chinês deve mostrar em cada posto de controle, que pode ser até um restaurante de fast food. Na caderneta está a vida do cidadão chinês. Não só as vacinas que tomou. As doenças que teve. Os tratamentos que fez. Mas, também, os lugares que esteve. Em função do risco que o cidadão se expôs, o governo dá uma cor para a caderneta. Se for verde, está em dia com as suas obrigações e pode a ir a qualquer lugar. Qualquer irregularidade a cor da caderneta muda e ele tem a sua circulação restringida. E, como os lugares de controle são múltiplos, ele pode ser admoestado ou preso pela polícia com muita facilidade. Além disso, a China tem um reconhecimento facial de todos os seus cidadãos. Se o cidadão for reconhecido pelas câmeras de vigilância. Em seguida já será acompanhado pelo sistema de vigilância. Poucos ocidentais têm uma noção do seu tamanho.

A França anunciou que iria instituir algo parecido. Mas, não tão evoluído como os chineses. A gritaria foi geral. Como tudo na França, se transformou em grandes demonstrações de rua. O quebra-quebra foi grande e o governo voltou à trás. Logo, o governo francês vai tentar de novo e fazer o controle das pessoas que não se vacinaram. E pior, vai instituir medidas de punição. E os franceses vão voltar à rua, fazendo um novo quebra-quebra. Os franceses têm um forte sentimento de cidadania. E se opõem aos atos do governo que não acham justos. E o fazem com muita violência.

Os Estados Unidos instituíram vários benefícios para quem se vacinar. E começa a tentar colocar penalidades para quem não se vacinar. O governo federal já está colocando penalidades para os funcionários públicos que não se vacinaram. Para a população em geral ainda não existe nenhuma penalidade, por enquanto.

No Brasil, o problema é outro: conseguir se vacinar. O governo federal está com dificuldade de comprar as vacinas. Ele se atrasou na compra das primeiras doses. Quando começou as suas compras, os laboratórios já estavam lotados com pedidos dos países mais ricos. O problema ocorreu com as negociações das condições das compras. Os laboratórios colocaram condições leoninas de total irresponsabilidade se ocorressem reações graves à vacina. Pois sabiam que elas não tinham sido testadas o suficiente. Quando as vacinas começaram a ser usadas nos países mais ricos, e os casos graves de reação à vacina foram poucos, o governo federal se sentiu mais seguro.

Pelo que sabemos, até agora, não existe um método infalível para controlar a epidemia. O equilíbrio entre vários métodos é o que tem dado mais resultado. Vacinação em massa da população é o fator mais importante. Para isso é preciso de bastante dinheiro e capacidade de sensibilizar a população para se vacinar. Nesses dois critérios o Brasil se sai bem. Em seguido é preciso entrar na fila da compra das vacinas. Isso ocorre para os países que não produzem a vacina. Que é o caso do Brasil ainda. O Brasil tem bons laboratórios que produzem vacina para várias enfermidades. Mas ainda não fazem pesquisa de ponta em algumas áreas. O que o governo está fazendo é instrumentalizando os melhores laboratórios brasileiros para fazerem uma atualização tecnológica. Só que isso leva tempo. Com isso, na próxima epidemia, não estaremos tão desprevenidos assim.

Em pior situação estão países que não têm recursos para a compra das vacinas. Que são vendidas, no mercado mundial, entre 10 e 20 dólares a dose. Por volta de 50 e 100 reais. Na maioria dos casos são necessárias duas doses. Ou seja, a vacinação custa para o Brasil, só no custo da vacina, em torno de 200 reais por pessoa. Considerando que 80% da população deve ser vacinada, pois ainda não se tem vacina para as crianças, o governo tem uma despesa de 35 bilhões de reais, só com a compra das vacinas. Que nas condições atuais da economia brasileira é uma despesa administrável. Para a maioria dos países pobres é uma despesa proibitiva. Pois a maioria das pessoas não tem nem recursos para alimentação. A Argentina, o que é um absurdo, está nesta situação. O resultado é que muita gente vai morrer nos países mais pobres por causa da epidemia.

Em países que a população está sofrendo fome de forma mais acentuada, Cuba e Venezuela, a taxa de mortalidade vai aumentar muito, por falta de condições de tratamento. O que está provocando revoltas na população. Revoltas que estão sendo sufocadas com muita violência. O resultado vai ser uma troca de comando nas nações mais críticas.

O interessante é notar que os impactos da epidemia são bem diferentes em cada país. A China tem uma tradição milenar de grandes revoltas populares. Algumas chegaram a durar séculos. Essas revoltas estão bem documentadas na história do país. O Partido Comunista Chinês sabe bem disso e as teme. Tenta a todo o custo minimizar os efeitos da epidemia logo no começo. Usa todo o seu poder de domínio para fazer isso.

Nos Estados Unidos, a ação é acreditar na Ciência. Coloca quantidades enormes de recursos financeiros para controlar a epidemia. Mas nem sempre isso funciona. Boa parte dos norte-americanos desconfia da Ciência e não se vacina. O que tem facilitado o aumento dos casos de Covit-19, principalmente da variante Delta. Parte da população, dos Estados Unidos, ainda não aceita a Teoria da Evolução de Darwin. Desacreditar da Ciência faz parte da cultura norte-americana.

A Europa está no meio do caminho. Tenta controlar a epidemia com uma vacinação massiva e controles de circulação. Em muitos países já adotaram cadernetas de saúde, atestando que as pessoas já tomaram vacina e estão em bom estado de saúde. Essa caderneta é necessária até para os turistas. É evidente que a quantidade de turistas vai diminuir e a economia vai sofrer bastante.

Resta os países que não têm dinheiro para comprar vacinas. E vão depender de doações para vacinar a sua população. Com o tempo essa epidemia vai passar, deixando profundas marcas no desenvolvimento humano. Algumas positivas, outras negativas. Sempre foi assim. Desta vez não será diferente.

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