Biodiversidade: remédios da Mata Atlântica

Foto: Reprodução

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

Na última semana, mencionamos alguns remédios da Amazônia; agora, vamos falar de alguns da Mata Atlântica.
Antes de mais nada, precisamos invocar o “valioso testemunho” do macaco-prego e do bugio, que, desde muito tempo, utilizam ervas medicinais…
O amigo duvida? Vamos lembrar a criatividade e a inteligência do macaco-prego. Ele aprendeu a quebrar caroços, valendo-se de pedras; até mesmo o caroço do babaçu. Esse, especialmente, abriga larva de um grande besouro, com grossura de um dedo e cerca de 8 cm de comprimento. É uma iguaria para esse esperto macaquinho. Aliás, o macaco-prego seria “completo” se soubesse nadar — difícil entender essa limitação… Veja que ele busca acesso a todos os frutos, por mais altos que estejam; consegue colher mel de abelhas não agressivas (guaraipo, vorá, mandori, etc.); seu cardápio inclui ovos de pássaros (e de galinha, constituindo-se num ladrãozinho de sucesso), larvas, insetos, pássaros recém nascidos… O amigo já teve oportunidade de ver o macaco-prego na roça de milho? Depois de comer, consegue derriçar palha das espigas, amarrá-las, colocá-las no pescoço e subir de volta nas árvores… As matas já são raras, mas a partir das matas ciliares se pode ver tudo isso…
Dizíamos que o macaco-prego e o bugio utilizam remédios de ervas… Fato. Nas brigas, surgem ferimentos. Também quando são alvejados (ainda existe isso, infelizmente). Então eles buscam determinadas folhas de uma árvore, mastigam e o “emplastro” que resulta da mastigação é aplicado ao ferimento, evitando que morram. Tanto os antigos caboclos quanto os índios caingangue e guaranis contam e afirmam esse fato.
Nós também “corremos pro mato” atrás de remédios, que existem às centenas, para quase todos os males e doenças. No entanto, também existe muita crendice, superstição, desinformação… Há alguns anos, o “Fantástico” enviou 50 “ervas milagrosas” para estudo em laboratório de ponta norte-americano; dessas, apenas 3 tiveram eficácia comprovada: espinheira-santa (digestivo e trata gastrite), guaco (recupera brônquios e pulmões) e guaçatonga — na expressão dos pesquisadores: “o mais poderoso cicatrizante vegetal conhecido no mundo”. Afora esses, temos muitos. Contra gripe: vassourinha, tansagem, etc. Contra males estomacais: camomila, marcela, gervão, quina, pau-amargo, pau-pra-tudo, etc. Antidiarréico: casca de jabuticaba, folha de goiabeira, etc. Hepatite: pariparoba fervida no vinho ou suco de uva. Males da bexiga: chapéu-de-couro. Males dos rins (inchaço, mau funcionamento): pasto-da-vaca (também conhecido como sete- sangrias, mas não infundir com o arbusto de mesmo nome). Além de: malva, malvão (fantástico para feridas e ulcerações, evitando gangrenas), carova, babosa, mamica- de-cadela, sussuaiá, etc. O amigo sabia que uma folha de couve esquentada não deixa cicatrizar ferida? Há quando isso é necessário.
Nossa biodiversidade é de fazer inveja para o mundo, pode crer! Daí a “pilhagem” das ONGs subvencionaras pelo exterior. Precisamos explorar nossas riquezas por nós mesmos!

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