Rumo aos 300 milhões

www.asemananews.com.br
Foto: Jaelson Lucas/AEN

Por César Graça

O Brasil caminha para ultrapassar a barreira dos 300 milhões de toneladas de grãos por ano. É um número bem expressivo. A safra passada, 2020-2021, teve várias dificuldades e o resultado foi uma safra de 252 milhões de toneladas. A vida são ciclos. Anos bons seguem anos ruins. As previsões atuais da Conab estimam a produção de 290 milhões de toneladas de grãos na safra 2021-2022. Existe a possibilidade de ultrapassar 300 milhões de toneladas. Sendo 150 milhões de soja e 120 de milho. O restante de diversos grãos: arroz – 11 milhões, trigo – 8 milhões, feijão – 3 milhões etc.

A safra atual,2021-2022, caminha muito bem. As chuvas chegaram na hora certa. O que possibilitará o plantio da segunda safra de verão em janeiro e fevereiro do ano que vem, no momento adequado. Evitando o atraso que ocorreu na safra anterior, quando as chuvas de primavera atrasaram e deixou a safrinha vulnerável às geadas, que foram muito intensas no início do inverno. O que não ocorria há mais de dez anos.

Neste momento, a maior preocupação dos agricultores é o preço, e a entrega de adubos e defensivos. As entregas estão atrasadas. O clima para esses dois insumos, no ano que vem, ainda é obscuro. O preço já está caindo no mercado internacional. Mas a incerteza da entrega persiste. Esse é um movimento que está ocorrendo no mundo inteiro. A epidemia quebrou a estrutura de produção.

Os estoques de passagem da soja e do milho, no Brasil, são razoáveis. Algumas vendas de soja estão sendo feitas para entregue imediata, em dezembro e janeiro, ainda com a safra velha. As primeiras colheitas de milho, da safra nova, já vão acontecer no final de dezembro. As de soja, no início de janeiro. As exportações da safra nova já vão acontecer no início do ano que vem. Tudo caminha bem na safra nova.

As previsões da safra de trigo, no mundo, no ano que vem, não são boas. A quebra deverá ser significativa. Os preços do trigo estão subindo, puxando os preços do milho e da soja. Se ocorrer qualquer quebra de safra de milho ou de soja, os preços dos grãos, no mercado mundial, devem disparar. Os estoques mundiais de grãos mal estão começando a se recuperarem. Uma redução qualquer de produção, agora, seria um desastre.

A tendência é que os agricultores reduzam a quantidade de adubo, por causa do preço alto e da dificuldade em adquiri-los. Com menos adubos e defensivos, a produtividade cai. O que é mais um motivo para os preços aumentarem.

O Brasil está vivendo um momento muito favorável. As últimas safras foram muito rentáveis. Mesmo contando com a safrinha de milho do ano passado, que teve uma quebra por causa da geada. Os preços muito altos compensaram a baixa produtividade. Poucos agricultores tiveram prejuízo. Para a grande maioria, a safra do ano passado foi muito lucrativa.

O aumento médio de produtividade está girando entre 2 e 3% ao ano, o que é muito bom. A área plantada está crescendo entre 4 e 6%. Somado dá um crescimento médio entre 6 e 9% ao ano. A quebra na safrinha de milho do ano passado mascarou um pouco esse crescimento. Se a safra deste ano for boa e a produtividade ficar um pouco acima da média, o que é bastante provável, teremos uma safra acima de 300 milhões de toneladas. No entanto, ela poderá ser muito maior. Variações no intervalo de 10% nas previsões são muito comuns. Já ocorreram variações acima de 20%, mas elas são bem raras. O que daria uma produção ao redor de 350 milhões de toneladas. Isso mexeria com o mercado mundial de grãos, derrubando os preços. Mesmo assim, os agricultores brasileiros teriam bons lucros. O que aumentaria em muito a participação do Brasil no mercado internacional de grãos.

Os fornecedores de insumos vão aumentar a sua produção no Brasil. O governo está preocupado com esse assunto. Está preparando um pacote de incentivos. Esse cenário otimista deve ocorrer após a colheita da safrinha lá por junho-julho do ano que vem. Alguns meses antes das eleições. O que deve favorecer muito a reeleição do presidente Bolsonaro. Esse é um cenário provável.

O ano de 2021 foi muito difícil, por causa do pico da epidemia do Coronavírus que ocorreu no segundo trimestre. Em função disso, as condições de circulação foram restritas, o que atrapalhou muito a economia. A safra de 2020-2021 teve uma quebra significativa, por causa das condições climáticas que não foram muito favoráveis: atraso no começo das chuvas de primavera e fortes geadas no início do inverno. A retomada da economia, no segundo semestre, foi difícil, por causa das dificuldades de se conseguir insumos e do risco de apagões de eletricidade. No final, os apagões não aconteceram. Mas o preço da energia elétrica aumentou bastante e muitas empresas reduziram o seu consumo de energia elétrica, o que afetou a produção. É muito provável que essas restrições não venham a ocorrer em 2022. Com isso a economia do agronegócio deve crescer bastante. O consumo interno, no Brasil, deve cair um pouco, por causa de redução do auxílio para as pessoas mais carentes e do aumento da taxa de juros. O resultado será um crescimento modesto da economia brasileira em torno de 3 a 5%. Bem acima do que os economistas estão prevendo, que gira em torno de zero.

Com uma safra acima de 300 milhões de toneladas, os estrangeiros vão ver o Brasil com outros olhos. Os resultados que o Brasil está conseguindo são muito bons. Principalmente considerando que estamos vivendo numa época de dificuldades. Em 2021 o Brasil cresceu por volta de 5% ao ano, um pouco acima da média dos outros países. Em 2022, ele novamente crescerá acima da média. Talvez bem acima. O endividamento cairá. As reservas do Banco Central aumentarão. São vários fatores positivos. Algo que muitos brasileiros e poucos estrangeiros esperam.

- Anuncie Aqui -