Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.
É triste, mas é verdade! Levam-se meses e até anos para se adquirir determinada performance/rendimento, alcançar aquele objetivo tanto desejado e até um melhor aspecto estético e para perder bastam de 2 a 4 semanas de completa inatividade física. Dependendo da capacidade física ou qualidade motora (força, resistência aeróbia, resistência muscular, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade…) um pouco mais ou menos de tempo. Portanto o período de inatividade nem precisa ser tão longo para causar alguns danos em tudo o que já havíamos conquistado. Esta é a conclusão de vários estudos com relação ao destreinamento, um termo conhecido em Fisiologia relacionado à perda de condicionamento daquelas capacidades físicas citadas acima e que estão relacionadas à aptidão física que interferem diretamente na saúde, em nossas Atividades Físicas da Vida Diária (AVD) e, consequentemente, na estética.
O afastamento temporário das atividades corporais ou dos exercícios físicos sejam por uma lesão, doença, férias, viagens, compromissos diversos, preguiça ou até mesmo numa transição de temporada competitiva (para atletas), pode causar perdas importantes em diferentes componentes da aptidão física. E isso tudo, associado a hábitos diários menos rígidos (que é habitual acontecer quando se interrompe qualquer atividade física), acaba refletindo também em componentes morfológicos (músculos, ossos e gordura). Isso tudo, num mesmo pacote, acaba por diminuir a saúde. E, consequentemente, tendemos a ficar muito mais sensíveis a diferentes tipos de doenças. Quanto maior o período em inatividade, maior será o destreinamento. Desta maneira um indivíduo que antes era considerado fisicamente muito ativo, pode, depois de um breve período parado, retornar a condição de “sedentário”. E quanto mais tempo se fica inativo, maior a tendência em permanecer parado. Não deixe esta situação vencer a vontade e condição natural para todo ser vivo animal que é estar em constante movimento. Movimento é vida! Se, por qualquer motivo, interromper sua rotina de exercícios físicos, procure ficar mais ativo com suas atividades da vida diária (AVD). Vale andar mais, ficar mais tempo em pé, usar menos o transporte motorizado, não usar elevadores ou escadas rolantes, passear mais com o pet, brincar com crianças, cuidar do jardim e da horta, aposentar os controles remotos, realizar as atividades domésticas… Todo movimento contribui para diminuir o ritmo do destreinamento.
Por isso, o conhecimento dessa adaptação deletéria – o destreinamento – fornece dados importantes ao profissional de educação física para melhor prescrever programas de exercícios quando do retorno do praticante às suas atividades motoras. Pois um dos grandes problemas de quem volta a treinar depois de um período parado, é justamente achar que não perdeu nada, ou muito pouco, tentando voltar com os mesmos movimentos, a mesma carga e/ou intensidade que estava no momento da interrupção. E este tipo de ação pode desencadear lesões em diferentes estruturas. Cuidado! Isso reforça a importância da prescrição individual, lenta, gradual e progressiva, seguindo os chamados princípios da didática e os científicos da Educação Física ou do Treinamento Esportivo. E neste contexto, principalmente, a adaptação, a individualidade e a continuidade serão fundamentais para restabelecer aquilo que foi “perdido” momentaneamente. Não atropele o tempo. A segurança em primeiro lugar. E procure um profissional especialista para te auxiliar neste momento.
Por isso, vale o reforço do que já foi citado, se precisar interromper sua rotina de exercícios físicos por qualquer motivo, procure se manter o mais fisicamente ativo possível com as atividades físicas da vida diária – falaremos mais sobre elas em outro artigo. Não pare completamente com os movimentos corporais. Quanto mais ativo ficar mais tempo levará para ocorrer o destreinamento.
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