Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.
Já concordamos que alguma atividade física é melhor do que nenhuma. Sabemos também que os exercícios físicos são as melhores e mais seguras opções para desenvolver diferentes aspectos relacionados à Aptidão Física, que interfere diretamente em nossa Saúde e Qualidade de Vida. Mas e se ele, o treinamento corporal, for exagerado? Isso também pode ser um problema sério. Tudo em demasia faz mal. Não é diferente com o movimento corporal, com a Atividade Física ou com o Exercício Físico. Todo estímulo físico é um estresse. Esses estímulos podem não ocasionar adaptações para a saúde (em doses insuficientes), ser bons (em doses suficientes e adequadas) ou ruins (em doses exageradas e inadequadas). Exercícios físicos são as melhores escolhas para o aprimoramento da saúde, mas feitos de forma excessiva, sem descanso suficiente e sem o devido preparo para cada indivíduo, podem, sim, trazer consequências negativas para a saúde. Portanto, qualquer tipo de estresse, em alta dose, danifica o corpo e/ou mente. Cuidado! Fique atento aos sinais. O corpo fala!
Mas que sinais são esses?
- Você habitualmente não falta aos treinos, mas ultimamente começa a se sentir muito cansado e até desanimado. E suas faltas, por conta disso, começam a ser regulares;
- Seu programa de exercícios que costumava fazer com alguma dificuldade, por estar em intensidade ou volume elevados, começa a ficar muito difícil de completar. Não consegue cumprir um treino, que realizava anteriormente, por conta do acúmulo de fadiga. Diminuição do rendimento;
- Desconfortos ou percepção aumentada de dores recorrentes (que não somem) em articulações e/ou músculos;
- Redução na amplitude de movimentos ou compensações corporais indesejadas (na postura ou na técnica) para deixar o movimento mais confortável e/ou mais fácil por conta das dores e da dificuldade;
- Sinais fisiológicos anormais. Ou seja, para uma mesma intensidade ou volume de treinamento, a frequência cardíaca de repouso e/ou esforço e a percepção do esforço ficaram aumentadas;
- Sinais psicológicos alterados. De uma hora para outra você se sente incomodado com tudo, a música da academia te incomoda, as pessoas ficam chatas e até o treinamento já não causa mais prazer em realizar. Percebe alterações no seu humor e comportamento. Fica estressado com maior facilidade. Dificuldade para se concentrar. E tudo se torna um sacrifício maior. Você se irrita com facilidade. E o treinamento é apenas uma “obrigação”;
- Houve alteração significativa em seu padrão da dieta. Normalmente com diminuição do apetite;
- Diminuição do peso corporal em programas para ganhar peso (hipertrofia);
- Está com dificuldade para dormir. Tem insônias. Acorda repetitivamente durante a noite;
- Alterações no Sistema Imune deixando o praticante mais sensível aos patógenos, especialmente os respiratórios. Ggeralmente ocorre uma imunossupressão (redução da atividade imunológica). As consequências diretas disso são o aumento de quadros infecciosos como gripes, infecções de vias aéreas superiores e infecções urinárias.
Mas o que fazer se isso ocorrer?
Treinar mais forte ou passar mais tempo em atividade corporal não é garantia de acelerar o processo que busca qualquer resultado. Não existem milagres e receitas rápidas. O processo seguro e eficaz sempre é mais demorado. Tenha paciência e aproveite cada momento. Se já está com alguns dos sinais descritos o mais inteligente a fazer é reduzir o seu treino. Em alguns casos até a interrupção momentânea pode ser vantajosa. Mudar de modalidade por algum tempo pode ser uma alternativa para não ficar completamente inativo neste período. Ter ao seu lado, neste momento, um profissional da Educação Física vai te ajudar nas melhores escolhas e na prescrição ideal do treino para a sua realidade. A prevenção é o melhor caminho! E a modulação inteligente do treinamento para cada indivíduo segundo seus objetivos e necessidades é a direção adequada. E não se automedique, se necessário procure a orientação do seu médico.
