Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.
Vivemos numa sociedade onde estamos cada vez mais substituindo a prática do movimento corporal pelas facilidades tecnológicas. Seja em casa, no trabalho e no dia-a-dia. Com a chegada da tecnologia, que facilitou o nosso trabalho e produtividade, nosso tempo para o lazer deveria ser maior, não é mesmo? E com ele um incremento no engajamento em alguma atividade física, esportiva ou exercício. Mas, infelizmente não é isso que acontece! A maioria das pessoas está inativa fisicamente. E isso está deixando o ser humano cada vez mais doente.
O ser humano é um ser ativo, adaptado biomecânica e fisiologicamente para o movimento. Movimento é uma necessidade fisiológica vital para a saúde orgânica, física e mental. Movimento é vida! E a falta dele mata! Demora, a morte é lenta e muitas vezes sofrida!
Evoluímos de nômades, caçadores e coletores, para o homem moderno que devido sua adaptação as sociedade urbanizadas, onde as atividades físicas vigorosas, antes fundamentais para a sobrevivência, foram se tornando desnecessárias, levando muitos ao sedentarismo. Boa parte da população tem uma variedade de tarefas complexas, envolvendo raciocínio e criatividade, o que, consequentemente, acarreta uma diminuição do gasto energético e o surgimento de doenças crônico-degenerativas, ao contrário da sociedade antiga, onde o ser humano tinha como atividades diárias necessárias para a sua sobrevivência a corrida e a caminhada. A atividade física, hoje, se relaciona fundamentalmente como uma forma de resgatar e despertar aquele estilo de vida ativo dos nossos antepassados. E, nessa esteira, a corrida por ser uma atividade de fácil acesso, acaba por se tornar uma boa alternativa para aqueles que buscam um estilo de vida mais ativo.
As Corridas de rua surgiram e se popularizaram na Inglaterra no século XVIII. Posteriormente, a modalidade expandiu-se para o restante da Europa e Estados Unidos. No final do século XIX, após a primeira Maratona Olímpica, as corridas de rua ganharam muitos adeptos, visibilidade, patrocinadores, investimentos e difundiram-se ainda mais, particularmente nos Estados Unidos.
O ato de correr está instalado em uma grande “teia” de significados – individuais e coletivos – que pode ser observado na atualidade e nos diferentes momentos históricos da existência humana registrada. São encontrados vestígios desta ação nos mais antigos e variados materiais arqueológicos, sugerindo que a prática da corrida perdura desde as civilizações mais primitivas, seja por necessidade de caça, de fuga ou como forma de expressão. Mesmo sendo uma prática muitas vezes considerada nobre, a maior parte das referências históricas traz consigo a presença da dor, do sofrimento, da superação, do desafio, do risco ao fracasso e até da ocorrência da morte. Na famosa e legendária façanha que dá origem a maratona, a morte encerra a narrativa sobre um soldado que percorreu mais de 35 km entre as cidades de Maratona e Atenas com intuito de avisar a vitória dos gregos sobre os persas na guerra. Mas… com a orientação de um profissional a corrida não precisa ser sofrida, deve ser uma atividade prazerosa e saudável.
No mundo todo e especialmente no Brasil é notado que o número de adeptos da corrida, praticada em ruas, está aumentando progressivamente, independentemente do objetivo adotado pelo indivíduo para realizar esta prática: qualidade ou estilo de vida ou competição. No caso dos adeptos que tem o intuito de melhorar suas condições físicas e saúde a procura pela corrida se dá principalmente devido à facilidade da prática e do baixo custo para o praticante – basta a vontade e um bom par de tênis!
O nosso organismo necessita regularmente, para seu desenvolvimento, de movimentos e que estes não são apenas úteis para satisfazer a vaidade da aparência física, mas, principalmente, contribuem de modo decisivo para a manutenção da saúde e para o prolongamento da vida útil e independente. Entre as diversas possibilidades de movimento corporal, a corrida é uma excelente opção que se apresenta pelos excelentes resultados que podem ser notados em um período curto de tempo: fortalecimentos do assoalho pélvico, da estrutura esquelética (maior densidade óssea) e de membros inferiores (coxas e pernas), maior estabilidade para a coluna (fortalecimento do CORE), diminuição e controle do estresse, do percentual de gordura corporal, melhora da qualidade do sono, diminuição do colesterol ruim, maior disposição, eficácia no controle do diabetes, melhora da autoestima, dentre outros.
As corridas por serem atividades aeróbicas são muito eficientes no aumento do fluxo de sangue para o cérebro e na produção das substâncias químicas que regulam o sistema neurotransmissor. Processo que faz com que os neurônios existentes se tornem capazes de fazer mais conexões e outros novos nasçam (neuroplasticidade). Isso melhora a concentração, o foco, a memória, a criatividade e a produtividade em outras atividades. Durante o treino devemos ficar atentos a cada detalhe, cada movimento, a postura, a respiração, a passada e ainda podemos entrar em um estado de reflexão sobre a nossa vida.
A corrida pode ser realizada em diferentes ambientes, inclusive numa esteira para aqueles dias mais “carrancudos” e o corredor iniciante não precisa ter uma habilidade específica, basta apenas o interesse em assumir um compromisso com o seu bem-estar. Quando realizada ao ar livre é sempre uma ótima oportunidade de conhecer melhor sua rua, seu bairro e sua cidade. Além de produzir aquela dose extra e necessária de vitamina D. A exposição ao sol ainda é a principal fonte de vitamina D. São necessários de 15 a 20 minutos/dia de exposição ao sol, sem nenhum protetor solar para a sua produção. Lembrando que a radiação solar excessiva aumenta o risco de câncer de pele. Busque a orientação de um profissional.
Mas ATENÇÃO: antes de sair correndo por aí, faça uma avaliação com o seu médico e busque orientação de um profissional da Educação Física!
AFINAL… A SAÚDE É O MAIS IMPORTANTE!
✅ FAÇA A COISA CERTA!✅
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