Como o Movimento Consegue Regular a Glicemia?

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Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.

No artigo anterior vimos como os exercícios físicos ou os movimentos corporais – contrações musculares – afetam a variação do açúcar (ou glicemia) presente na corrente sanguínea. Agora vamos aprofundar um pouquinho mais sobre como os músculos conseguem realizar esse fundamental processo fisiológico e metabólico.

Um dos fatores principais desse processo é que, durante a contração muscular, as células musculares se tornam mais sensíveis à captação de glicose (açúcar), isso independentemente da insulina. Portanto o pâncreas pode ter produzido mais ou menos insulina (hormônio que ajuda a abrir a fechadura da membrana muscular para o açúcar entrar na célula) que de qualquer forma os músculos também já produziram suas próprias chaves para abrir a fechadura. Processo esse que ocorre devido à ativação de vias metabólicas específicas no interior dos músculos que translocam os transportadores de glicose das membranas internas das células para a membrana celular externa, permitindo que a glicose seja captada na corrente sanguínea e usada como energia. Portanto, mesmo em indivíduos com resistência à insulina (por exemplo, os diabéticos tipo 2), a contração muscular (adequadamente modulada) pode ajudar a facilitar a entrada de glicose nas células. É a incrível captação de açúcar presente na corrente sanguínea sem a ação direta da Insulina! Resumindo: o exercício aumenta o consumo de glicose pelas células musculares, levando a uma diminuição temporária nos níveis de glicose no sangue. Essa redução pode ser observada imediatamente durante e após a atividade física.

O treinamento de resistência (musculação, calistenia, cross training, elásticos, molas, etc.) regular pode também aumentar a massa muscular ou deixar os músculos mais fortes. E quanto mais massa muscular tiver ou forte o indivíduo, mais eficaz será a captação de glicose pelas células musculares.

O exercício físico ou o movimento corporal também aumenta a demanda energética do corpo, levando a um aumento na “queima” de glicose e de ácidos graxos (gorduras) como fontes de energia. Portanto o incremento no gasto energético total também reduz os níveis de glicose no sangue, ajudando a regular a glicemia. Ainda, após o exercício (especialmente os mais intensos), as células musculares e conjuntivas que sofrem algum dano provocado pelo estresse mecânico – do próprio movimento – (necessário para a evolução do treinamento de qualquer capacidade física) continuam a requerer energia para se recuperar e reparar. Isso pode resultar em um estado de captação aumentada de glicose pelas células musculares mesmo após o término do exercício, contribuindo para a regulação contínua dos níveis de glicose. São os efeitos Pós-Exercício.

A contração muscular também estimula a produção e liberação de várias substâncias sinalizadoras (hormônios e enzimas), que ajudam a regular e acelerar o metabolismo e a captação de glicose pelas células musculares. O exercício físico regular melhora a sensibilidade à insulina, permitindo que as células respondam de forma mais eficaz ao hormônio e a glicose seja captada com mais facilidade para ser usada como energia. Isso auxilia na regulação dos níveis de glicose no sangue. E mesmo após o término do exercício, os efeitos benéficos na captação de glicose e na sensibilidade à insulina podem persistir por algum tempo. Isso significa que a regulação dos níveis de glicose pode continuar a melhorar nas horas seguintes ao exercício. E com o tempo, o treinamento físico regular leva a adaptações metabólicas que aumentam a capacidade das células musculares de captar glicose do sangue, mesmo em repouso. Isso ajuda a manter os níveis de glicose no sangue mais estáveis ao longo do dia.

Além de que a prática regular de exercícios acaba por melhorar a tolerância à glicose logo após as refeições, ou seja, o corpo responde muito mais rapidamente ao controle dela no sangue após uma refeição. Isso ocorre devido à melhora na captação do carboidrato pelas células. Assim o exercício físico regular pode ajudar a manter os níveis de glicose no sangue mais estáveis, reduzindo as flutuações imediatas que podem ocorrer em resposta à ingestão de alimentos. O exercício também pode ter efeitos positivos na melhoria da saúde cardiovascular, nos níveis de lipídios no sangue, incluindo aumento do colesterol HDL (“bom colesterol”) e redução do colesterol LDL (“mau colesterol”) e dos triglicerídeos, o que é importante para a saúde metabólica geral e para a regulação da glicemia.

Durante o movimento o corpo também aumenta a utilização de gorduras como fonte de energia. Isso acaba por ajudar a poupar a glicose armazenada no fígado, que não será “jogada” na circulação sanguínea, contribuindo para a regulação dos níveis de glicose. Desta maneira, o exercício físico regular, pode ajudar a controlar o peso corporal, reduzindo o acúmulo excessivo de gordura. O excesso de gordura corporal está associado a maior resistência à insulina e maior risco de diabetes tipo 2. O exercício também pode reduzir a gordura visceral, que é a gordura armazenada ao redor dos órgãos internos. A redução da gordura visceral está relacionada a uma melhoria na sensibilidade à insulina.

Importante salientar que o movimento corporal tem efeitos agudos (imediatos) e crônicos (ao longo do tempo) na regulação da glicemia. Os efeitos agudos ocorrem durante e após a atividade física, enquanto os efeitos crônicos resultam das adaptações metabólicas e das melhorias na sensibilidade à insulina que ocorrem com o treinamento regular em período de tempo mais longo e duradouro. Desta maneira fica evidente de que a regulação da glicemia por meio da contração muscular é uma parte essencial do controle metabólico saudável. No entanto, a forma como o corpo responde ao exercício pode variar entre indivíduos e pode ser influenciada por fatores como tipo de exercício, intensidade, duração, níveis de condicionamento físico e estado de saúde geral. Sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar um novo programa de exercícios, especialmente se você tiver condições médicas preexistentes, como diabetes.

Embora o exercício seja benéfico para o controle glicêmico, também pode levar a flutuações agudas (durante a prática de atividades físicas) nos níveis de glicose para cima, especialmente em pessoas com diabetes. O tipo de exercício, a intensidade, a duração, o condicionamento físico individual e outros fatores acabam por interferir em toda essa variação. Por isso, é importante, para esses indivíduos, monitorar os níveis de glicose antes, durante e após o exercício, para evitar quedas excessivas ou picos indesejados. Pessoas com diabetes devem trabalhar com seus profissionais de saúde para entender como o exercício afeta seus níveis de glicose para desenvolver um plano de exercícios seguro e eficaz, e fazer ajustes adequados na medicação, na alimentação e no plano de exercícios segundo suas necessidades individuais e condições médicas específicas.

É importante observar ainda que os efeitos crônicos do exercício no controle glicêmico são alcançados por meio de um compromisso consistente com um programa de exercícios ao longo do tempo. A regularidade é fundamental para colher os benefícios duradouros do exercício no controle da glicemia.

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