Exposição fotográfica marca as comemorações do Centenário da Imigração Britânica ao Paraná

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Exposição foi aberta na manhã desta terça-feira (9), no Espaço Cultural da Casa. Créditos: Orlando Kissner/Alep

As fotos registram a memória e a história da região de Londrina, para manter viva a tradição cultural da cidade e do norte do Paraná.

O Espaço Cultural da Assembleia Legislativa recebe, a partir desta terça-feira (09) até o dia 18/04, a exposição fotográfica “Comemoração do Centenário da Imigração, Colonização e Desenvolvimento Britânico no Norte do Paraná”. A proposição é do presidente da Comissão de Orçamento, deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD), que é nascido em Londrina e ressaltou que a colonização britânica na região priorizou o planejamento conjunto das áreas urbana e rural.

O projeto de Lei nº 27/2024 de autoria dos deputados Luiz Claudio Romanelli (PSD) e Tiago Amaral (PSD) e da deputada Maria Victória (PP) institui, no âmbito do Estado do Paraná, o ano do Centenário da Imigração, Colonização e Desenvolvimento Britânico no Norte Paranaense com o objetivo de retribuir, com o reconhecimento de todos os paranaenses, o importante legado das comunidades britânicas ao Paraná.

O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD) destacou a importância da imigração britânica na formação do estado do Paraná, celebrado com a inauguração da exposição fotográfica no Espaço Cultural da Assembleia. “Nós, que somos do Norte do Estado, que somos londrinenses, aprendemos na escola, desde cedo, a importância de Lord Lovat, que efetivamente, há 100 anos atrás, resolveu buscar na região uma grande alternativa para fazer um processo moderno de colonização. O conceito urbanístico de cidade-jardim, trazido por estes colonizadores britânicos, fez do norte do Paraná um exemplo de planejamento urbano para diversas outras regiões”.

“Temos que resgatar a nossa história, fazer com que as novas gerações saibam as suas origens, saber de onde viémos e para onde podemos ir. Temos que priorizar os próximos 100 anos de desenvolvimento do norte do Paraná, que é fundamental ter uma região cada vez mais próspera e que dê oportunidades para todos. Eu fiquei emocionado ao receber aqui, do atual Lord Lovat, residente na Inglaterra, uma carta contando do trabalho do seu bisavô. É muito fantástico isso, e para nós é uma honra poder estar aqui, inaugurando essa singela exposição para não deixar passar uma data tão importante”, concluiu o deputado Romanelli.

Carta

O descendente do pioneiro Simon Joseph Fraser, conhecido como Lord Lovat, fundador da Companhia de Terras Norte do Paraná, subsidiária da firma inglesa Paraná Plantations Ltda., e que foi a grande responsável pelo impulso ao processo desenvolvimentista na região norte                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          do estado do Paraná, enviou uma carta à Assembleia Legislativa ressaltando a importância do centenário da imigração britânica. “Na histórica ocasião centenária da chegada do meu bisavô Simon Joseph Fraser, 14º Lord Lovat e 3º Barão Lovat, em 1924, ao estado do Paraná, tenho imenso orgulho e honra pelo impacto benéfico destas contribuições históricas na paisagem e no desenvolvimento socioeconômico do povo paranaense e pela estima que minha família tem no estado. Agradeço muito àqueles que buscam honrar e manter viva esta história”. Assina: Simon Lovat – 17º Lord Lovat e 25º MacShimidh.

O cônsul honorário do Reino Unido no Paraná, Adam Paul Patterson, pontuou sobre o centenário e a exposição na Assembleia Legislativa. “Eu me sinto muito orgulhoso. Hoje é uma ocasião muito importante para toda comunidade britânica no Paraná. Essa exposição fotográfica dá início as comemorações de 100 anos da imigração, que se iniciou dessa empresa fantástica, a Paraná Plantations Ltda. que fez muito por este estado do Brasil. Deixou belos lugares e foi cofundadora de mais de 60 cidades. Por isso, para nós britânicos e descendentes é uma data importante para reconhecer o passado e a participação da construção de dois mundos”.

Livro

Junto com a exposição foi apresentado o livro do arquiteto e professor de urbanismo Renato Leão Rego, “As Cidades Plantadas – Os Britânicos e a Construção da Paisagem no Norte do Paraná” que conta sobre as transformações empreendidas entre 1924 e 1944 na região, promovidas pela Companhia de Terras Norte do Paraná, que seguindo a cultura britânica da época, consolidou as ideias e as práticas do planejamento urbano do Reino Unido, e no seu processo de colonização, implantou os conceitos de cidade-jardim, cidade-satélite e cinturão verde, em especial nos municípios de Londrina e Maringá.

O assessor-chefe de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba, Rodolpho Zannin Feijó, participou do evento e disse que “o norte do estado é o maior ponto de imigração dos britânicos. A história do Paraná tem um capítulo muito importante escrita por nomes britânicos. Nós temos até hoje uma parceria estratégica com o Reino Unido no Paraná e Curitiba, capital do estado, fomenta e faz parte desse movimento. As influências britânicas no nosso estado são visíveis hoje na cultura, na economia e no social. Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca pôde inaugurar ao lado do embaixador do Reino Unido, um espaço para promover a cultura britânica na cidade e deu muito certo, as pessoas gostam e visitam ao mesmo tempo que fomenta o turismo. Trouxe a imigração britânica no Paraná para próximo do cidadão, então é muito importante que a gente mostre para todos os paranaenses como é rica a cultura britânica e como tem muito a nos oferecer”.

Britânicos em Curitiba

A capital paranaense tem o Memorial Inglês no Parque Municipal Gomm, em terreno no bairro Batel, onde ainda se situa a casa original da família Gomm, que, inclusive, chegou a sediar o Consulado Britânico, e é bem tombado pelo Patrimônio Histórico do estado. Para compor o espaço e criar um ambiente tipicamente britânico, foram implantados vários elementos como a cabine telefônica vermelha, um dos ícones urbanos daquele país. Baseado nas obras da escritora e ilustradora inglesa Hellen Beatrix Potter, foi construída a fachada de uma casinha como réplica das que aparecem na história infantil de Peter Rabitt, personagem do seu mais famoso livro.

No Parque Gomm forma instalados painéis ilustrativos com referências a histórias da imigração inglesa e da contribuição ao desenvolvimento do estado. Entre os exemplos que podem ser lembrados está a fundação de Londrina e de dezenas de cidades no Norte do estado, por meio da empresa Paraná Plantations da contribuição britânica na construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá.

Patriarca da família, o inglês Henry Gomm negociava a compra de erva-mate em Curitiba e tinha empresa em Antonina. Sua mulher, Isabel Withers Gomm, foi a criadora da Cruz Vermelha no Paraná. Seu descendente, Henrique Gomm Neto e a esposa Irene Gomm Santos participaram, na Assembleia Legislativa, da inauguração da exposição sobre o centenário da imigração britânica e comentaram a respeito da data comemorativa. “Meu avô fazia a exportação de erva-mate do Paraguai para a Argentina, e quando a estrada de ferro foi construída aqui, de Curitiba a Paranaguá, ele decidiu exportar a erva-mate nativa do Paraná para a Argentina e deu muito certo. Ele foi cônsul britânico de 1903 a 1917 e seu filho, Harry Gomm foi cônsul britânico no Paraná durante a guerra, de 1939 até meados de 1950.Nossa família faz parte dessa colonização britânica e temos muito orgulho de participar da construção do nosso estado do Paraná”.

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