A Polícia Civil do Paraná deflagou na manhã desta quarta-feira(18/04) o cumprimento de 19 mandados judiciais com o objetivo de desmanchar um esquema de corrupção na cidade de Luiziana, na região Centro-Oeste do Estado. Uma investigação conduzida pelo Núcleo de Combate a Crimes Econômicos (Nurce) levantou indícios de um ‘Mensalinho’ no pequeno município de cerca de 7.500 habitantes.
A operação “Talha” movimenta 40 policiais civis que cumprem nove mandados de prisão temporária, dez de busca e apreensão e um de condução coercitiva deferidos pela 2º Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
Um dos alvos de mandado judicial é a Prefeitura Municipal de Luiziana. Entre os investigados está o procurador jurídico do município, Thiago Slongo, sobrinho do atual prefeito que foi preso na ação. Além dele, foram encaminhados para a delegacia ex-secretários municipais — todos suspeitos de envolvimento com o esquema criminoso. O Nurce suspeita que o dinheiro arrecadado ilegalmente foi para a campanha de reeleição do atual prefeito da cidade. Ele, porém, não é alvo de nenhuma medida judicial.
“O combate à corrupção é uma das principais diretrizes do trabalho das polícias do Paraná e do Governo do Estado. É necessária uma investigação profunda e isenta para chegar aos responsáveis pelo desvio de recursos públicos que acaba por prejudicar a população paranaense”, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, delegado Júlio Reis.
CAIXA 2 – A investigação começou há um ano depois que o Nurce recebeu uma representação da Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público Estadual. As provas coletadas durante a investigação revelam que alguns servidores públicos eram obrigados a devolver parte de seu salário para um caixa 2, visando financiar a reeleição do atual prefeito.
O esquema era operado por Thiago Slongo, sobrinho do prefeito. De entregador de leite na cidade, ele se tornou Procurador Jurídico do Município. Com base em relatos e confissões de alguns envolvidos, foi pedido o afastamento do sigilo bancário dos servidores suspeitos, sendo elaborado um relatório por parte do Laboratório de Lavagem de dinheiro da Polícia Civil. A análise das contas bancárias mostrou indícios do esquema operado entre 2013/2016.
Participam da operação policiais do Nurce, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e da Subdivisão Policial de Campo Mourão. O nome da operação – Talha — se refere ao tributo ou parte da produção paga pelos vassalos ao senhor feudal.
Foto: Tribuna do Norte