O mês do cachorro louco

Foto: Reprodução

Vínhamos conversando sobre a água e a esse assunto retornaremos; por agora, fazeremos um parêntesis para trocarmos umas idéias sobre agosto enquanto “mês do cachorro louco”… O amigo leitor pode já ter-se questionado sobre que relação tem agosto com a raiva canina.

Antigamente, sem haver vacinas gratuitas nem cuidados do poder público, e sendo raros e distantes os “práticos” e ainda mais raros e distantes os médicos, a raiva canina causava muito medo. Sabia-se ser altamente transmissível e não ter cura. Neste século, relataram-se duas ou três curas de humanos em hospitais, uma das quais no Brasil; mas continua sendo a raiva uma doença que leva quase a totalidade das suas vítimas a óbito. A única forma de combatê-la é a prevenção pela vacinação – motivo pelo qual é problema de todos se alguém não vacina seu animal de estimação: isso põe em risco qualquer pessoa que passe perto desse animal, caso ele venha a contrair a doença.

A raiva é transmitida pelo contato com sangue ou secreções (saliva, leite…) do animal contaminado, e pode acometer quaisquer mamíferos: cachorros, gatos e pessoas, como também animais silvestres e de fazenda – cavalos, bois, vaquinhas de leite… embora estes sejam mais comumente contaminados pela mordida de morcegos hematófagos do que de cachorros. O principal morcego trasmissor da doença é o Desmondus rotundus, comum na região de Cuiritiba e no sudoeste do Estado de São Paulo. Há onze tipos de vírus da raiva conhecidos. No Brasil, temos o Rabies virus, também chamado de “vírus de rua”, porque comumente “pego na rua” por meio da mordida de cachorro acometido da doença.

Mas, o que dizer do mês de agosto?… A primavera real (não a do calendário) ocorre em agosto: florada de diversas árvores (laranjeira, cerejeira, pessegueiro, ipê, etc.), brotação de outras tantas – amoreira, cinamomo, caqui (que neste ano está atrasado), etc…. Segundo os antigos, esta época “mexe com a natureza”… Coincidentemente, é o terceiro período anual com maior número de acidentes (perdendo para a virada do ano e o carnaval, explicados pelo movimento das festas). Temos em agosto o maior número de mortes naturais de pessoas idosas – veja o amigo quantas pessoas de destaque faleceram neste mês. Também é a única época do ano em que temos maré negativa, principalmente no Atlântico Sul – nos dias 5, 6 e 7, a maré esteve em menos 0,2; isto é, abaixo de todos os níveis do ano.

Vamos juntar os retalhos: maré negativa, concentração de acidentes de trânsito e mortes de idosos, virada real do inverno para a primavera e, ao natural (não fossem as vacinações), mês do cachorro louco. Nobre amigo, vamos convir que tem alguma coisa de diferente com este mês!… Hoje sou eu quem lhe pergunto: o que leva a tudo isso acontecer em agosto?

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