Ciência, cultura e água

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Falamos ao leitor da importância da educação e da conscientização pública como forma de melhorar o quadro atual no concernente à água. Ainda abordaremos futuramente esse aspecto, muito amplo. Interessa-nos hoje saber como jovens têm sido influenciados a atribuírem valor ao estudo da ciência e como isto impacta a qualidade da água de que dispomos.

Na última semana, em Frankfurt am Main, uma metrópole da Alemanha, uma movimentação culturalmente estranha aos alemães chamou a atenção da cidade. Pelas ruas principais de um bairro renomado pela representação cultural, Sachsenhausen-Nord, especialmente conhecido por seus museus, saía à frente de uma passeata um grande dinossauro verde sobre um caminhão, seguido por um segundo caminhão que levava uma banda de adolescentes tocando rock. Atrás, seguiam ordenadamente 1.200 estudantes de ensino fundamental, a partir do quinto ano, acompanhados por 100 professores, carregando cartazes feitos por eles mesmos com motivos em matéria de ciências.

O objetivo do que se considerou uma manobra ousada, um evento inusitado, foi chamar a atenção da sociedade para a necessidade de doações para a expansão de um museu de ciências. Esse museu – apenas um dos muitos do bairro – emprega atualmente cerca de 800 pesquisadores e suas equipes e está pequeno para os trabalhos que desenvolve. Dispondo de pesquisas sobre clima e mudanças climáticas, o museu pretende oferecer aos alunos e visitantes uma ala destinada a esse tema, além de expandir outros setores. O mais interessante é que a iniciativa foi da escola, Schillerschule (Escola Schiller), cujos alunos realizaram doação e pleiteiam junto à sociedade ativa participação em prol do museu.

Lembremos que museus não se reduzem a “depósitos de coisas velhas”, como infelizmente ainda há quem pense. Nos seus bastidores operam centros de pesquisa que vão muito além da conservação do acervo. A disponibilização ao público de itens que não estariam ao alcance de outro modo é somente uma pequena parte da função social de um museu.

O estudo é levado a sério na Alemanha – país com o maior número de prêmios Nobel conquistados. Detalhe: o ensino todo é gratuito, da pré-escola ao pós-doutorado. Os alunos são seriamente avaliados desde seus primeiros anos e direcionados conforme seu desempenho. Todos os bons alunos seguem a carreira que querem ter.

Mas, como isso impacta a qualidade da água?… A valorização da ciência certamente leva ao desenvolvimento de técnicas de descontaminação e recuperação da qualidade da água. Mas, mais do que isso, o produto direto da valorização da ciência desde os primeiros anos de escola é a existência de uma cultura popular que exige qualidade. Não apenas não se suja a água, mas se cobra que o povo e o governo a mantenham limpa. A água é levada a sério na Alemanha.

Se lembrarmos que este país foi inteiramente devastado pela guerra há cerca de 70 anos, vemos que Brasil pode melhorar muito em pouco tempo. Vamos promover melhoras?

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