Zika

Pesquisadores brasileiros descobriram o vírus Zika em macacos, nas regiões de São José do Rio Preto (SP) e de Belo Horizonte (MG). Acredita-se que isso possa indicar que a doença se instalou no ambiente selvagem brasileiro. O que isso significa?

Vamos primeiro relembrar. A zika é aquela doença parecida com a dengue que apareceu no Brasil, em 2015, e começou a causar microcefalia em bebês de mães infectadas durante a gestação. Essa doença foi primeiro identificada em 1974, na Uganda, em macacos Rhesus, numa floresta de nome Zika – daí o nome do vírus. Ela é uma zoonose (transmitida entre animais e humanos) transmitida por mosquitos do gênero Aedes, o mesmo das dengue, chikungunya e febre amarela. Segundo o Escritório Regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde, o vírus Zika tem uma particularidade: também pode ser transmitido por meio da relação sexual. Essas organizações afirmam que o vírus foi detectado em sêmen, sangue, urina, líquido amniótico, saliva e fluidos no cérebro e na medula espinhal.

O quadro da zika costuma ser leve, podendo apresentar sintomas como: febre baixa intermitente, erupção cutânea pruriginosas (que coçam), dores musculares e articulares, cansaço, dor de cabeça e atrás dos olhos. Eventualmente, aparecem: fotofobia, conjuntivite, dor abdominal, diarreia ou constipação, vômitos, dor de garganta, tosse e pequenas úlceras a mucosa oral. Há evidências de que o vírus Zika também pode causar o desenvolvimento de Síndrome de Guillain-Barré, em que o sistema imunológico ataca os nervos da pessoa e também os músculos peitorais são afetados, dificultando a respiração. Em bebês infectados durante a gestação, esse vírus pode provocar a “síndrome congênita do vírus Zika”, em que, além da microencefalia, ocorre uma série de alterações, especialmente neurológicas.

Se for confirmado que no Brasil o vírus Zika está infectando macacos, isso significará que os macacos se tornaram hospedeiros do vírus; com isso, a doença poderá espalhar-se e se manter ativa por maior território, apesar do combate urbano, tornando-se tão comum e perigosa quanto a dengue e a febre amarela. Como a vacina ainda está em teste, resta-nos a constante prevenção, pelo combate aos mosquitos e suas picadas: evitar acúmulo de água, colocar areia em vasos de plantas, limpar as calhas, manter lagos caseiros e aquários limpos, pôr tela nas janelas, usar repelentes, etc.

Com o aquecimento global, regiões antigamente frias se tornam cada vez mais territórios em potencial para essas doenças – é questão de tempo… Com o avanço do desmatamento, diminui-se a diferença entre o habitat silvestre e o urbano, além de se aumentar o contato de pessoas com potenciais reservatórios naturais de doenças. Se quisermos ter saúde em casa, precisaremos levar a sério a proteção ambiental e o combate ao mosquito – assim como, se quisermos ter saúde pública, precisaremos combater com seriedade a corrupção em nosso país – antes que “dê zika”!

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