Troca da Guarda

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Uma nova geração está assumindo a condução da política na América Latina. São os nascidos neste milênio. Não querem mais se ajustar às regras existentes, estão fazendo as novas regras. É a geração que nasceu com um smartphone nas mãos. Não veem mais televisão, nem leem jornais. Vivem as redes sociais. Estão se comunicando virtualmente a todo o tempo, mas têm dificuldade de se olharem. São muito tímidos, mas sabem o que não querem. As rotinas do mundo atual são detestadas. Querem viver outros valores. Só não sabem quais.
É uma nova geração procurando sua identidade. Os políticos atuais estão malucos. Não sabem o que fazer. As velhas regras de controle não funcionam mais. As mídias chapa branca estão atônitas. Não têm mais público. Não conseguem mais recursos para sobreviverem.
As reações dos jovens são imprevisíveis, segundo as velhas regras. O Chile é um exemplo. De repente explodiu em chamas. Os jovens não queriam esperar décadas para melhorar a qualidade de vida. Querem viver melhor agora. A crise é por uma melhor distribuição de renda. As elites econômicas se sentem ameaçadas. Veem os seus privilégios escaparem pelas mãos. A velha opressão do estado não funciona mais.
No Brasil, a revolução é menos violenta, mas igualmente contundente. A corrupção no Congresso e no Judiciário é fortemente denunciada. Cada ato de corrupção é enfrentado, aqui com muita ironia e bastante sarcasmo. Hoje o Supremo Tribunal Federal é uma instituição quase sem nenhuma credibilidade. Atos de alguns ministros são vistos como afronta ao senso de justiça.
Os partidos políticos estão mais desacreditados ainda. Muitos políticos são vistos como bufões de um circo mambembe. O que falam, só provoca riso. As velhas lideranças não representam os jovens.
O velho discurso dos militares pela ordem pública, o amor pela pátria e orgulho de ser brasileiro soa como música, num mundo onde o interesse pessoal se sobrepõe a tudo. Os velhos discursos da esquerda soam com pilhéria. O partido político acima da nação é um engodo.
É evidente que o discurso militar não vai se sustentar por muito tempo. É preciso reinventar o futuro. Essa é a segunda etapa da crise. A nova geração sabe o que não quer, mas ainda não sabe o que quer. Ela está muito descrente de tudo.
Os valores espirituais serão a nova referência. Amar a Deus acima de tudo e ao próximo com a si mesmo, uma nova-velha descoberta. Construir uma sociedade em valores morais é a saída. Chega de viver sob o direito da força, é hora de viver sob a força do direito, baseado em valores morais. Vai ser uma grande redescoberta e provocar uma enorme transformação.
A igualdade de oportunidades será a pedra de canto. A educação pública de qualidade vai provocar uma grande revolução. Hoje a falta de oportunidades de emprego para os jovens é algo que os incomoda. As redes sociais colocaram isso de uma forma clara. As diferenças de educação são gritantes no Brasil atual. Sem igualdade de educação não existe igualdade de oportunidades.
A reforma do estado vai enfrentar os detentores dos privilégios, que acreditam piamente que os seus direitos são eternos e que os detentores das consciência das faltas de oportunidades são ameaças à ordem estabelecida. Nessa ordem de uma injustiça dogmática, a expressão suprema é o Supremo Tribunal Federal, que emite decisões injustas e insanas, evidenciando os privilégios de uma classe política em franca decadência moral, descoladas da vontade popular.
Esse momento de reconstrução é singular e vai estruturar a nossa sociedade para as próximas décadas. Por esse motivo é preciso ser ousado e construir tudo o que for possível, pois os defeitos da nova sociedade serão sentidos durante um longo tempo, até a próxima reforma. É evidente que a nova organização social não será perfeita. Nenhuma o é. Séculos de injustiça precisam e podem ser corrigidos.

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