Quem conta um conto…

Foto: Freepik

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

Era uma vez um tempo em que não se conhecia o coelhinho da Páscoa e as crianças não esperavam por ovos de chocolate… Dizem que isso mudou quando um morcego se desentendeu com o coelhinho da Páscoa. Foi mais ou menos assim…
Nas florestas, todo ano se festejava uma data especial: a Páscoa – data em que o criador de todas as florestas do mundo enfrentou e venceu uma batalha feroz contra um inimigo que havia escravizado sua criação. Assim, todo ano, no mês que antecede a Páscoa, as aldeias das florestas se movimentavam com os preparativos finais para o domingo tão esperado! Os coelhos passavam o ano fabricando ovos de chocolate. O momento mais esperado era quando, no alvorecer dominical, o coelhinho da Páscoa, prefeito da maior floresta, saía em disparada distribuindo ovos de chocolate para todos os filhotes das várias espécies, antes que eles acordassem! Logo depois, todos se reuniam e festejavam junto. Que dia lindo!…
Então houve um dia em que um morcego saiu de sua comunidade fechada uma caverna e veio visitar a maior floresta… Não se sabia, mas ele era agente secreto dos antigos inimigos. Querendo dominar a floresta, eles enviaram pelo morcego sementes de uma alga que crescia em todos os lugares – pedras, árvores, folhas, terra… -, deixando as superfícies escorregadias, de modo que nenhum animal conseguia sair de casa, porque poderia acidentar-se… especialmente os mais velhos. Por causa disso, pais ficaram longe de filhos, avós longe de netinhos… e começou a faltar comida. Os inimigos queriam depor o coelhinho, colocar um morcego no lugar e, por meio de tratados, estabelecer uma ditadura interflorestal. Pra piorar o quadro, aproximava-se a Páscoa e ninguém poderia comemorar… A grande mata jazia em silêncio… E agora?!…
O primeiro a quebrar o silêncio foi um bugio, enleado em cipós, para não cair da árvore. Disse avistar que em outra floresta a seiva de uma planta matava a alga e alguns animais já saíam das tocas. Os animais mais próximos da planta processaram sua seiva enquanto outros limparam com ela a floresta. Aos poucos, todos os animais foram saindo. A trama do morcego foi descoberta e ele levou uma bronca do coelhinho prefeito! Infelizmente, a bronca não bastou. O risco iminente de novos ataques inimigos e a falta de alimentos alterou as comemorações daquela Páscoa; mas uma coisa ficou muito clara ali: o que realmente se busca celebrar não está num ovo de chocolate e, sim, no coração! O amor dos que tiveram que permanecer distantes um pouco mais de tempo era o maior presente que alguém poderia ganhar!
Foi assim que os ovos de Páscoa não fizeram mais sentido na floresta, e foram distribuídos para as pessoas da vila humana próxima. Pelo menos foi o que se soube…
Que saibamos o que e como comemorar, todos os dias. Feliz Páscoa!

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