A retomada da economia

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Reprodução/Internet

Por César Graça

Há menos de seis meses, as previsões eram de uma retomada da economia, algo em torno de 3%. Depois de mais de seis anos de um crescimento medíocre e de uma forte recessão em 2015-2016, um alívio. Agora a previsão é de um encolhimento de 5%. Dá para perceber que o momento atual não é dos mais favoráveis para fazer previsões. O mundo real tem uma dinâmica difícil de compreender.

Tempos de grandes transformações necessitam de um olhar alongado. A visão de curto prazo ajuda muito pouco. O vigor da nossa economia se concentra na agricultura de exportação, puxada pela soja. Agora as exportações de carnes se acelera. Primeiro, pelas importações da China, que ainda sofre uma epidemia de febre suína africana; segundo, pela queda de produção dos Estados Unidos, que tem vários frigoríficos fechados pela crise do Coronavírus. Ou seja, a oferta mundial de proteína animal caiu bastante nos últimos meses no mundo. É neste espaço que o Brasil está crescendo, principalmente com o aumento das exportações de carne de gado.

A produção de soja se concentra em grandes fazendas, que é uma forma de reduzir o custo de produção. A tecnologia é de ponta. Sem ela o Brasil não teria preços competitivos. O grande entrave, ao aumento da produção, a infraestrutura precária. É aí que entra o governo Bolsonaro. Ele fez algumas obras vitais, que melhoram, em muito, a eficiência das exportações. A quantidade pode dobrar em poucos anos.

O próximo passo é reduzir o custo da infraestrutura, reduzindo os trechos de transporte rodoviário, passando-os para o ferroviário. Isso será possível com poucas obras. O Brasil já tem uma boa estrutura ferroviária para o transporte de minério de ferro. Exportamos mais de 300 milhões de toneladas por ano. Integrar essa estrutura, com as zonas de produção agrícola é o desafio do momento. Muitas dessas obras de integração já estão em construção há vários anos, falta terminá-las. É bastante provável que em dois anos uma nova realidade surja. E o custo de transporte no Norte e Nordeste seja bem mais baixo que no Sul-Sudeste, pois lá que estão as minas de ferro. O que deve fortalecer a expansão da nossa agricultura em direção ao Norte-Nordeste.

Isso vai provocar um choque cultural no Norte e no Nordeste, que até hoje são as regiões brasileiras menos desenvolvidas. Isso vai disparar o crescimento do Brasil. Os exemplos de agricultura de ponta contaminam a região aonde ela se instala. A renovação é profunda. Novos padrões de qualidade de vida, de educação e saúde pública se instalam. Em consequência, ocorre uma transformação política.

Muito do atraso cultural do Brasil se deve à estrutura política do Nordeste. Que contém uma grande quantidade de estados, que geram uma grande bancada de senadores, três por estado, independentemente do tamanho.  São Paulo tem uma população de 45 milhões de habitantes. Sergipe, dois milhões. Ambos têm três senados no Congresso Nacional. Essa forma de representatividade eleitoral propicia um Senado com muitos representantes do Nordeste e o torna muito retrógrado.

O crescimento econômico do Nordeste vai acordar o Brasil. A velha política do assistencialismo vai se reduzir muito. Por incrível que pareça, após o auxílio do Coronavírus. Já é possível perceber que algumas tecnologias mais simples estão chegando ao Nordeste. O que estava faltando lá é conhecimento. As redes sociais já estão fazendo esse papel. Com uma estrutura de transporte mais eficiente, os preços internos começam a melhorar. O que incentiva os agricultores do interior a se lançar à produção em maiores áreas. A certeza da venda da produção dá um incentivo ao crescimento econômico. O aumento das exportações vai gerar um crescimento no aumento da demanda no interior do Nordeste.

Por outro lado, nas crises os auxílios chegam com mais facilidade. O Nordeste sempre sofreu muito com as secas. O que falta é domínio tecnológico para conviver com os ciclos de seca. Esse conhecimento já existe, o que falta é a sua divulgação.

O Brasil sempre foi um grande consumidor de feijão. Mas exporta pouco. O preço do feijão é bem mais alto do que o da soja. O que faltava era um domínio tecnológico mais avançado e uma estrutura de transporte eficiente das safras. Hoje ela já está se ampliando bastante. A soja e, agora, também o milho estão circulando intensamente no Brasil inteiro.

O feijão pode se aproveitar dessa malha de transporte e circular com muito mais eficiência. Uma das consequências será o crescimento das exportações de feijão. Isso terá um impacto muito grande na economia do Nordeste. E para ser produtivo é preciso incorporar a tecnologia de produção da soja, começando pela melhoria da produção de sementes e indo para as outras etapas de produção. Da melhoria do feijão para o milho será um passo. A produtividade do milho no Nordeste é muito baixa, aquém de mil quilos por hectare. No Brasil, a média é de 6 mil quilos. Em algumas fazendas do Sul se consegue produtividades acima de 15 mil quilos. A média dos Estados Unidos é de 10 mil quilos.

O que estava faltando era uma estrutura de apoio à produção. Algo que a estrutura política tentava evitar a qualquer custo. É essa cultura do atraso que lança os seus últimos suspiros no Congresso Nacional. Tenta impedir o crescimento inevitável do Brasil. Estão contra a maré. Já não fazem mais parte do sistema atual. Estão defasados. São folhas mortas que logo cairão.

É por esse motivo que o Congresso atual reage tanto ao governo Bolsonaro. A maioria dos seus membros sentem que não vão mais conseguir se reeleger. Tentam a todo custo conseguir vantagens pessoais, pois sabem que vão perder a posição que hoje detêm.

Todo esse ciclo de transformação se acelerou com a expansão da soja. No começo foi do Sul para o Centro-oeste, hoje é para o Norte-Nordeste. Já é comum ver navios sendo abastecidos com soja nos portos do Norte-Nordeste. Só que o volume embarcado vai crescer num ritmo muito maior que a média brasileira. Lá estão as melhores oportunidades. Hoje é a soja, logo será o milho e depois o feijão. Quando o Nordeste estiver embarcando feijão em navios, a sua estrutura econômica não será a mais a mesma. Os políticos não serão mais os mesmos.

Tudo disparou com uma nova rede de transporte. É por esse motivo que o governo Bolsonaro investe tanto em melhorar a infraestrutura de transporte da produção agrícola. Ela vai levar a riqueza para o interior do país. Com um desenvolvimento econômico interiorizado a estrutura política se transforma. E a riqueza pode ser mais bem distribuída.

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