Eleições americanas

Foto: Reprodução

Por César Graça

Se antes o cenário das eleições presidenciais nos Estados Unidos já estavam confuso, agora, com o presidente Trump com Coronavírus tudo ficou mais embaralhado. Os mercados financeiros ficam em pavorosa com tamanha indeterminação.
Existem dois movimentos ocorrendo ao mesmo tempo: a decadência norte-americana e uma pandemia mundial. São dois fatos que vão influenciar bastante os mercados financeiros nos próximos meses.
A liderança econômica e militar dos Estados Unidos está ameaçada pela China. Os Estados Unidos estão reagindo a essa troca de posição. Esse foi o principal eixo da sua política externa. Um enfrentamento que tentava a todo o custo reduzir o crescimento da China. A guerra de tarifas foi uma das facetas desse confronto, o que favoreceu, e muito, a economia de exportações de comodities do Brasil.
Fazia décadas que o mundo não via uma epidemia mundial se alastrar tão rápido. Os governos regionais reagiram de forma diferente. Alguns com melhores resultados, outros com piores. O número de mortes não é significativo, mas o impacto na economia é. Os primeiros números da economia são assustadores. A perda de postos de trabalho foi gigantesca. O avanço da automação foi brutal. A recuperação do emprego vai ser lenta.
O Brasil balança conforme as oscilações mundiais. As nossas vendas de commodities agrícolas explodiram com a guerra do presidente Trump com a China. Isso deu um dinamismo inesperado à nossa economia. A epidemia não atingiu o agronegócio. A nossa recuperação econômica está sendo bem melhor do que a de outros países. A queda do emprego, formal e informal, mesmo assim, foi muito forte. O Auxílio Emergencial ajudou muito as classes mais desfavorecidas. Com o término do auxílio, uma dura realidade espera boa parte dos brasileiros: a dificuldade em encontrar emprego.
As eleições norte-americanas podem mudar o presidente e as relações dos Estados Unidos com o Brasil. O opositor Joe Biden já anunciou no seu último comício que quer controlar a Amazônia, pois acredita que o Brasil não a está preservando de forma correta. Isso é uma falácia, não importa. O que o candidato democrata está dizendo é que um amigo do Trump é meu inimigo. E que ele está disposto a dificultar as coisas para um país inimigo. É uma lógica primária, mas a política internacional é assim mesmo. É possível que o candidato democrata, se eleito, possa mudar de opinião, mas não é provável.
Resta esperar o resultado das eleições norte-americanas. Se Trump ganhar, não muda muita coisa. Os Estados Unidos vai continuar tratando o Brasil como primo pobre. O que é ótimo para nós. Não vai colocar empecilhos para o nosso crescimento. O nosso comércio com a China deve se ampliar ainda mais. A nossa agricultura de exportação deve crescer bastante. Resta a dificuldade de recuperar a competitividade da nossa indústria e ampliar a nossa área de serviços, principalmente o turismo internacional.
Mas se Joe Biden ganhar as coisas vão ficar bem difíceis. Seremos vistos como um sério concorrente e uma ameaça à hegemonia dos norte-americanos no setor agrícola. As pressões virão de todos os lados. Até ameaças de invasão da Amazônia. O Brasil vai ter que se defender. E mesmo se preparar para confrontos internacionais.
Com a pressão estrangeira as reformas do Estado Brasileiro deverão ganhar prioridade. Vai ser salve-se quem puder. A gritaria vai ser enorme. Os privilegiados não vão querer perder os seus benefícios. Mas não dá mais para segurar. Os cortes serão profundos. A opinião pública vai descobrir a magnitude desses privilégios e ficar horrorizada. Quem achava que estava protegido agora vai perceber que estava num conto de fadas, o ajuste será um pesadelo.
Parece estranho essa relação entre as eleições norte-americanas e as reformas do Estado Brasileiro. Mas o mundo da política tem estranhas relações. O Brasil está num momento de transição. O seu crescimento vai ameaçar a liderança de vários países, os Estados Unidos é um deles. Haverá confrontos, são inevitáveis. O governo Bolsonaro está conseguindo evitá-los, mas até quando?

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