Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.
Outubro é o mês de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Mas você sabe a origem da data? O movimento surgiu nos Estados Unidos, onde vários estados já contavam com ações isoladas referentes aos cuidados contra a doença neste mês. Isso resultou na decisão, por parte do Congresso Norte- Americano, de transformar oficialmente outubro no mês de prevenção do câncer de mama. No fim do século passado, o laço cor- de-rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure como símbolo do esforço contra a enfermidade e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, EUA, em 1990. Ao longo da década, entidades de outras cidades do país passaram a celebrar e fomentar ações voltadas à prevenção do câncer de mama, época em que surgiu a expressão Outubro Rosa, em referência à cor do laço e ao público feminino. Hoje, a ideia já está disseminada pelo mundo todo, seja com ações diretas como eventos de todas as espécies e desfiles de moda ou ainda com a iluminação da cor rosa de grandes construções, iniciativa repetida nos quatro cantos do planeta. As atividades têm como objetivo principal a conscientização da prevenção pelo diagnóstico precoce, o que aumenta muito as chances de cura.
Esse mês passou, portanto, a servir para reforçar medidas que melhoram a vida das mulheres que já sofrem com a doença e contribuir para a prevenção dele. E uma das ações carro-chefe neste processo é justamente o incentivo e sensibilização à prática do exercício físico. É uma oportunidade também para colocar em pauta a saúde feminina.
De acordo com o INCA o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. Estima-se quase 60 mil novos casos de câncer de mama por ano, especialmente na população acima de 50 anos. O câncer de mama é o segundo mais comum entre as brasileiras, ficando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Apesar dos números assustarem, 30% dos casos pode ser evitado quando uma rotina saudável é adotada. A mamografia deve ser feita uma vez ao ano por mulheres com mais de 40 anos e o autoexame (toque/palpação) deve ser um hábito. Preventivamente ainda, controlar o peso, fazer escolhas saudáveis nas refeições e praticar alguma atividade corporal são fundamentais. A adoção de um estilo de vida equilibrado e a promoção da saúde é uma política com baixo custo e com grande impacto na população.
O exercício corporal contribui para reduzir o risco de câncer de mama, por auxiliar no controle dos processos inflamatórios através da redução dos níveis de estrogênios circulantes, que causam uma diminuição do tecido adiposo e melhora na sensibilidade à insulina, além de diminuir os níveis de insulina no jejum. O câncer gosta de inflamação crônica, então… reduzindo os processos inflamatórios no organismo diminui muito a chance dele se instalar. Gordura é um tecido que gera inflamação crônica. A atividade física também tem efeitos imunomodulatórios que melhoram as respostas imunes inata e adquirida e promovem vigilância tumoral. Estudos ainda demonstram que exercícios aeróbicos (como as caminhadas) podem reduzir o estresse oxidativo e melhorar os mecanismos de reparo do DNA, possivelmente controlando a carcinogênese. Indivíduos ativos tendem a obter maior exposição à luz solar e, portanto, consequente nível mais elevado de vitamina D, a qual parece interferir no processo de proliferação celular carcinogênica.
Mas a importância do exercício não fica restrita a quem quer se prevenir. Para pessoas que estão em tratamento, alguma prática de exercício corporal faz parte da orientação médica. O exercício aumenta a tolerância do organismo à quimioterapia, diminui o tempo de recuperação após cirurgia e eleva as chances de cura. Aumenta também os níveis de serotonina — hormônio produzido pelo corpo durante o exercício e que traz sensação de felicidade —, que aumenta a autoestima e confiança, reagindo melhor ao tratamento.
Realizar 150 minutos de exercícios por semana ajuda a turbinar a imunidade e amenizar a inflamação do organismo. E isso, por si só, já ajuda a afastar o tão temido câncer de mama. Todos esses dados apresentados mostram que a atividade física é uma prática relativamente conveniente, fácil e barata, capaz de prevenir e/ou modificar o risco da doença e também seu desfecho. Movimente-se!
FAÇA A COISA CERTA!
AFINAL… A SAÚDE É O MAIS IMPORTANTE!
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