Aprendendo pela observação

Foto: Reprodução internet

Por Édelis Martinazzo Dallagnol 

Semana passada, falamos que os animais aprendem como criança, e que muitos comportamentos que parecem depender somente do instinto natural são, também, aprendidos. Vamos “contar causos”, conversar um pouco mais sobre comportamentos que muitos não imaginam ser aprendidos.
Em 2012, uma jovem estudante adotou um cachorrinho de rua por pura pena. Era todo preto e parecia cego de um olho, por isso ela o chamou de “Stevie Wonder”. Essa jovem tinha em casa um Akita macho já velho, no final dos seus dias, que rapidamente se afeiçoou pelo filhote desajeitado. Pelas dores, o Akita não conseguia mais erguer a perna para urinar, fazendo-o como as fêmeas. Mas a postura característica da raça – peito aberto, cabeça alta, rabo erguido pendendo em volta sobre o lombo – ele manteve até seu último dia. Em poucos meses de convívio, eis que o filhote (que não era cego, só tinha um olho azul e outro castanho) havia adotado a mesma postura do Akita e o modo de urinar como fêmea… além de ter aprendido quando latir e como defender o território. Era curioso observar aquele vira-lata de pêlo curto e porte médio, posando com postura de Akita, observando os pedestres passarem pelo portão sem latir, mas sempre atento!
Há mais de 30 anos, no norte do Mato Grosso, um fazendeiro encontrou um filhote de tateto sozinho na floresta; provavelmente a mãe fora morta por alguma onça. Sabendo que o filhote seria preza fácil se deixado ali, levou-o para a sede para que crescesse em segurança antes de ser solto novamente na mata. Para a surpresa geral, uma cachorrinha de porte médio que dera à luz a uma ninhada dias antes se afeiçoou pelo filhote e começou a tratá-lo como um dos seus. Na natureza, tatetos também latem; mas não é o principal som. Pois essa tatetinha aprendeu a se comunicar com seus novos irmão e cresceu com eles, entendendo-se parte da matilha. A todos os comandos dados aos cachorros ela também obedecia, como se nunca tivesse sido outro animal que não um cachorro. Claro que uma hora os instintos reprodutivos falam alto; mas ela acabou ficando uns dois anos na sede, antes de encontrar seu rumo na floresta.
Quer ver uma mãe desesperada? No interior, quando se quer começar uma criação de patos ou marrecos, podem-se comprar os ovos e colocá-los para uma galinha chocar. Quando os filhotes crescem, instintivamente dirigem-se para a água. A choca corre atrás e “grita” desesperada! Ela até os vê nadando, mas das primeiras vezes é como se eles fossem morrer afogados – afinal, foi o que ela aprendeu…
A maior influência no aprendizado comportamental é o exemplo. Isso também é verdade para humanos – daí a vertente comportamentalista na psicologia e na educação. Nos primórdios das civilizações, o homem aprendia muito observando a natureza. Que tal retornarmos esse aprendizado?

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