Cadê os bichos?

Foto: Reprodução

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

Então veio a pandemia! O “terror” se instalou na família. O risco de infecção era grande: as crianças não puderam frequentar a escola, não se devia mais ir ao mercado (passou-se a comprar pela internet), não se podia mais ir à casa dos amigos e parentes, nem mesmo ao escritório trabalhar (migrou-se para “home office”)… não se pôde mais viajar, ir à praia… passamos Natal e Ano Novo sob restrições, para se evitarem aglomerações. Aliás, como a equação “aglomeração = infecção” ficou provada! A cada “reabertura” (franqueamento de praia, parques, etc…) seguiu-se uma nova onda de infecções. Ninguém vê isso? Ninguém se importa?… Mas estamos falando dos bichos. Quando nós estávamos trancados, eles estavam à solta. Viram-se vagando pelas cidades onças pardas, veados… E agora? Cadê os bichos?
O amigo leitor com certeza percebeu que, com a pandemia, nós nos “desligamos”, paramos de observar inclusive os animais. Apenas os criadores continuaram atentos aos seus bichos nos aviários, nas granjas, nas pastagens… E os passarinhos, os pequenos predadores (guaraxains, gatos-do-mato, iraras, etc.)?… Estão “por aí”, claro!… Será?
Exatamente agora, na safra do pinhão, ouvimos os papagaios (louro, maracanã, etc.) fazendo seus costumeiros alaridos. De pinheiro em pinheiro, de bairro em bairro, os papagaios dão o ar de sua graça. E os outros? Os pássaros estão “por aí”. Não é época do sabiá cantar, daí ele fica quase esquecido. Assim, muitos passarinhos que não cantam passam despercebidos.
Na verdade, entretanto, temos menos passarinhos há 2 ou 3 anos. O leitor sabe o por quê?… É difícil, mesmo, saber. Uma hipótese, no entanto, pode ser levantada… As pessoas passaram a ficar em casa, saindo muito pouco… os pequenos predadores (gambás, gaviões, corujas, etc.) passaram a sequer ser vistos pelas pessoas e, portanto, não foram perturbados. A predação por certo, é maior agora. Em bairros onde cutias, lebres (coelhos-do-mato), preás, jacus, etc. eram vistos frequentemente, já não aparecem… ou, são mais raros e demoram mais para aparecer. Significa, pois, que os predadores estão desequilibrando o meio ambiente “a favor deles” – num primeiro momento, porque, ao rarearem as presas, os predadores passarão fome: ou morrerão, ou buscarão outras paragens…
Em alguns bairros, era frequente verem-se alimentos colocados em pontos estratégicos, principalmente para pássaros. Raramente também cutias eram alimentadas. Ainda há essa preocupação? Difícil ver-se, difícil saber-se… Claro que não vai aqui qualquer crítica às pessoas que pararam de alimentar bichinhos, nem àquelas que continuam alimentando. Estamos apenas assinalando um fato. Isso afeta algo? O quê? Talvez, considerando o tamanho da nossa cidade, isso nem chegue a afetar… Mas é fato que os bichinhos já são raros, muito raros.
Quando vencermos a pandemia, vamos dar mais atenção aos bichinhos que chegam à nossa vizinhança? Quem sabe cuidando melhor de seu habitat, como veremos adiante…

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