Commodities

Foto: Reprodução

Por César Graça

O Brasil ainda está vivendo mais um ciclo de alta das commodities. Produtos básicos que o preço é definido num mercado internacional, como: soja, milho e petróleo. Geralmente os preços das commodities são baixos. Mas nem sempre. As commodities variam de preço segundo ciclos.

A produção de commodities é o primeiro degrau do desenvolvimento econômico. O Brasil nunca saiu desse estágio. O segundo estágio é a produção de produtos industriais. O Brasil tem uma estrutura industrial bem incipiente. Apesar que em alguns segmentos, como a indústria aeronáutica, tem um domínio tecnológico de ponta. A China é um país que tem uma produção industrial bem forte. É o principal item das suas exportações. O terceiro estágio é o de serviços: desenvolvimento de tecnologias de ponta, turismo, comunicações etc. Por incrível que pareça, a Índia é um país com um pé na indústria de serviços. A Europa e os Estados Unidos estão nesse terceiro estágio de desenvolvimento tecnológico.

Na pandemia, os países do terceiro estágio sofreram mais, pois a indústria do turismo sofreu um grande baque. Por outro lado, os países do primeiro estágio, que produzem commodities como o Brasil, sofrem bem menos. Por esse motivo, a crise econômica no Brasil foi menos intensa.

A Guerra de Trump com a China enfraqueceu bastante o setor agrícola dos Estados Unidos. Problemas sanitários na China reduziram muito a produção de carne de porco. Agora a retomada da demanda de soja, para o alimento dos animais, está bastante intensa. Além disso, a China sofreu grandes inundações em 2020. O que reduziu bastante a sua produção agrícola, principalmente de milho.

A consequência foi o aumento das importações de grãos por parte da China, principalmente de soja e milho. Com isso os preços dos grãos nos mercados internacionais aumentaram bastante. E muito provavelmente continuarão subindo, pois a oferta está muito atrás da demanda. E isso deve perdurar pelo menos por dois ou três anos.

Os próximos anos vão ser uma corrida para o aumento da produção de grãos no mundo inteiro. O Brasil é o país mais bem posicionado para aumentar a produção agrícola de grãos. Em segundo lugar, os Estados Unidos.

O que vai trazer uma grande riqueza para o Brasil nos próximos anos. A questão que está em aberto é: o que fazer com ela?

No início do primeiro governo do presidente Lula, o Brasil também viveu um ciclo de preços em alta das commodities agrícolas. O superávit da balança comercial chegou a superar 60 bilhões de dólares em um ano. O Brasil conseguiu pagar o empréstimo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) de 50 bilhões de dólares com facilidade. Em seguida, o Banco Central do Brasil deixou o real se valorizar. Ele saiu de 4 reais por dólar e chegou a menos de 1,60 real por dólar. O que levou a uma gastança de dólares. As viagens internacionais aumentaram bastante. As importações cresceram e as exportações caíram. Logo, em seguida, se seguiu um aumento dos salários dos funcionários públicos. O que provocou um aumento brutal das despesas do governo. Em seguida, o Brasil voltou à pobreza.

Esse é um modelo de desperdício da riqueza que o Brasil fez várias vezes. Nunca conseguiu acumular riqueza e melhorar a qualidade de vida da população mais pobre. A riqueza produzida sempre ficou concentrada numa pequena faixa da população, que explorou as finanças públicas em proveito próprio.

É preciso quebrar esse ciclo de desperdício e pobreza, e acumular a riqueza para que o Brasil possa passar a ser uma nação rica. Mesmo porque esse ciclo de preços altos das commodities agrícolas vai ser curto. Não deve passar de quatro anos. O mais provável é que dure de dois a três anos.

Com essa riqueza é possível dar um grande impulso para o desenvolvimento do Brasil. O primeiro passo é melhorar a qualidade do ensino público e da saúde pública. O segundo é melhorar a infraestrutura do país. O governo Bolsonaro já está conseguindo bons resultados na área de infraestrutura com um bom planejamento estratégico e uma execução de obras com critérios técnicos. A dificuldade está em melhorar o ensino público no país. Com a epidemia, as aulas presenciais foram reduzidas. Algumas escolas já voltaram às aulas presenciais, mas parcialmente. Algumas só estão fazendo aulas on-line. É muito provável que aconteça uma queda na qualidade do aprendizado dos alunos. Só teremos uma melhor ideia do impacto da epidemia no ensino público brasileiro dentro de alguns anos.

Este ciclo de riqueza vai ser muito intenso. A quantidade de commodities que o Brasil produz é muito maior que no ciclo anterior. O volume de cada commodities também é muito maior. O pico da alta ainda é uma incógnita. Se repetir o pico anterior, os preços vão subir muito mais. É muito provável que o pico ocorra nos próximos 12 meses.

O governo brasileiro está deixando as commodities subirem livremente no mercado interno. O que está provocando dois efeitos: uma redução do consumo no mercado interno e um aumento das exportações. O que vai levar a um grande aumento do superávit da balança comercial. Só agora os economistas perceberam a intensidade desse movimento. O superávit de 10,4 bilhões de dólares em maio levou a previsão para o ano a 106 bilhões de dólares. O que vai ser um marco. No entanto o pico do superávit da balança comercial deve acontecer em 2022, ano das eleições presidenciais. Uma previsão de um superávit de 150 bilhões de dólares não seria nada absurdo.

Isso vai virar a cabeça dos economistas. A riqueza gerada pelas exportações das commodities será muito grande. Alguns países já passaram por esse desafio da riqueza. Os mais sensatos criaram fundos para aplicar o excesso da riqueza. Os exemplos mais conhecidos são os países árabes que aplicaram as rendas das exportações de petróleo, criando fundos de investimentos. Sabiam que a riqueza do petróleo era transitória.

Mas não foi só os árabes que receberam grandes receitas com a exportação de petróleo. A Noruega também, quando encontrou grandes jazidas de petróleo no Mar do Norte. Criou fundos de investimentos e hoje os impostos já não são a principal fonte de receita do governo. Mas sim, a renda dos seus fundos de investimentos.

Hoje a dívida bruta do governo brasileiro já está perto de 85% do PIB (Produto Interno Bruto). Com a privatização das estatais e a renda das commodities, o Brasil poderá abater rapidamente parte dessa dívida e criar fundos de reservas. O que vai liberar o governo de gastar uma parte significativa das suas receitas com o pagamento de juros da dívida pública. O que dificulta hoje a melhoria da qualidade do ensino público e de construir uma melhor infraestrutura para o país.

É evidente que existe um pequeno grupo de pessoas que querem se apropriar de toda essa riqueza em proveito próprio. Como foi patrocinado durante o governo do PT. São os políticos da velha ordem e os funcionários públicos.

A vacinação massiva da população deve reduzir os números das pessoas com o Coronavírus. O número de mortes vai cair rapidamente. Com a melhora da economia e a queda de mortes por causa do Coronavírus, a posição política do presidente Bolsonaro melhorará bastante.

Com receitas de exportação mais consistentes, a situação financeira do governo deve melhorar bastante e rapidamente. Com um Congresso mais alinhado com o governo federal, após as eleições de 2022, as reformas começarão a sair do papel. A receita com a privatização das empresas estatais deve aumentar bastante. E o gasto com os funcionários públicos deve cair. Todo esse quadro deve mudar bastante o horizonte do Brasil. Essa nova percepção só deve ocorrer em 2022, na época da eleição para presidente, governadores, senadores e deputados. Quem estiver do lado do presidente terá maiores facilidades para se reeleger. O que vai provocar uma revoada de políticos para o lado do presidente Bolsonaro. Quem estiver na oposição terá muita dificuldade. Os políticos de esquerda vão perder muito espaço. Vão restar muito poucos no Congresso após as eleições de 2022.

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