As variações

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Por Agência Brasil  

Por César Graça

Estamos vivendo um momento de grandes mudanças, um ponto de inflexão da economia brasileira. O término de um ciclo e o começo do outro. Uma nova realidade está se formando. E ela vai nortear os acontecimentos nos próximos anos, talvez nas próximas décadas.

O Brasil está se consolidando como um grande fornecedor de alimentos para o mundo. O responsável foi o desenvolvimento de novas tecnologias, que caminha em duas direções: o aumento de produtividade de uma safra e a produção de três safras num mesmo terreno todo o ano, isso sem irrigação. Com irrigação a produção aumenta mais ainda e, muitas vezes, é possível fazer uma quarta safra. Com isso, o Brasil aumenta rapidamente a sua produção agrícola e reduz o seu custo de produção. Pois os custos fixos são divididos por três ou quatro safras todo o ano. Isso é uma grande vantagem competitiva com relação aos outros agricultores mundo afora.

Esse é um lado da questão. O outro é a melhoria da infraestrutura de exportação. Os investimentos feitos pelo governo Bolsonaro nos últimos dois anos aumentaram a capacidade de exportação. Corredores foram construídos. Só que eles ainda não estão totalmente prontos. Os próximos anos serão decisivos. A capacidade de exportação deve aumentar várias vezes. Como a produção se dá ao longo do ano através de várias safras, os corredores ficarão ocupados todo o tempo. Não terão a concentração em alguns meses do ano como é comum nos outros países que produzem só uma safra anual.

Existe uma vantagem a mais. O Brasil produz numa longa faixa de latitudes, do Rio Grande do Sul até o Amapá. O que distribui a produção de um produto, por exemplo, o milho, em diversas safras ao longo do ano. O que é uma grande vantagem competitiva. Hoje o Brasil já tem quatro safras de milho ao longo do ano. Só que a segunda safra, a safrinha, é a maior de todas, com 70% do total anual. Com o tempo essa concentração vai se diluindo. O que trará mais estabilidade o sistema. Essa é outra grande vantagem competitiva. O Brasil poderá exportar milho distribuído ao longo do ano. Sem grandes investimentos em armazenagem. É evidente que o Brasil precisa investir num grande parque de armazenagem. Mas vai levar tempo e consumir muito recursos para a sua ampliação, pois o sistema atual é modesto.

Como isso não fosse pouco, o Brasil tem uma grande rede de portos para embarcar grãos e receber produtos do mundo inteiro, distribuídos ao longo da sua costa e de alguns rios da Amazônia. Hoje já são mais de 20 portos, que poderão chegar a 30, ou, quem sabe, mais de 40 em alguns anos. Como os volumes são muito grandes, um pequeno desvio de carga já viabiliza um pequeno porto. Foi o que ocorreu com o Porto de Antonina no Paraná. Que ficou vários anos inativo. Hoje ele funciona com um complemento do Porto de Paranaguá. Apesar de ser um porto pequeno, ele deu um grande vigor a uma cidade que estava adormecida. Com a retomada do porto e a ativação do turismo local, a cidade de Antonina retomou a um grande vigor econômico. Esse exemplo pode se distribuir em todo o território nacional.

Essa rede de portos vai se ampliar com as novas rotas que vão ligar as zonas de produção agrícola com os portos do Pacífico. A primeira que passa pelo Peru já está pronta. Uma das restrições era o uso de balsas para atravessar o rio Madeira. Mas essa restrição já foi resolvida com o término na ponte na Ponta do Abunã. Hoje a restrição é mais política. O Peru está vivendo um momento de grande instabilidade política. A rota bioceânica que tem mais chances de sucesso, no curto prazo, é que a liga os portos de Santos e Paranaguá os portos chilenos. Esta rodovia passa pelo Paraguai e Argentina. Duas pontes estão sendo construídas: uma no Rio Paraná, em Foz do Iguaçu, outra no rio Paraguai, em Porto Murtinho. Em três anos elas estarão prontas. A capacidade de exportação será bastante grande. O impacto para integração da América Latina será enorme. Várias outras rotas bioceânicas serão construídas. Esse modelo de integração veio para ficar.

O catalizador foi o aumento da produção de soja no Brasil. A soja se adaptou bem no Brasil inteiro. Ela é plantada deste o Rio Grande do Sul até o Amapá. Com ela veio uma estrutura de produção de grãos para exportação. Para aumentar a produtividade da soja uma das tecnologias usadas foi o plantio direto. Que consiste em manter sempre o terreno coberto. Uma das culturas que gera uma boa palhada é o milho. No início, a estratégia foi plantar o milho no ano seguinte da soja. É a técnica da rotação de culturas. A técnica seguinte foi plantar o milho logo depois da colheita da soja. Isso aumentou, em muito, a área plantada de soja todo o ano e gerou uma grande produção de milho. Aumentando muito a complexidade do plantio e a produtividade. A metodologia de plantio está em contínua transformação. Em cada região do Brasil, ela tem as suas peculiaridades.

Durante os governos de esquerda, a agropecuária foi durante perseguida pelos governos. O que forçou que os empresários melhorassem as suas técnicas de produção para sobreviverem. Enquanto isso, nos países mais desenvolvidos a agricultura era protegida com grandes subsídios. No Brasil, as dificuldades eram maiores ainda pois a infraestrutura de exportação era bem precária. Com o governo Bolsonaro essa realidade mudou radicalmente. O governo passou a incentivar a agropecuária e fortalecer a infraestrutura de exportação.

A guerra que o governo Trump fez com os chineses incentivou ainda mais o crescimento da agropecuária brasileira. Pois os chineses davam preferência à soja brasileira.

Esse cenário extremamente favorável incentivou muito o crescimento da agropecuária nos últimos dois anos no Brasil. Esse crescimento está se acelerando com a subida dos preços das commodities. Que deve durar de dois a quatro anos. Por esse motivo a economia brasileira deve crescer muito nos próximos anos. Algo que os brasileiros ainda não perceberam. A epidemia do Coronavírus mascarou um pouco o crescimento da agricultura. A atenção da mídia foi toda para a propagação da epidemia. Até o final do ano ela já deve ter passada. Em 2022, ano de eleições presidenciais, a economia está num momento de rápido crescimento. O que deve fortalecer muito a reeleição do presidente Bolsonaro. Com mais quatro anos de um governo de direita, o Brasil já vai estar num novo patamar de crescimento econômico, muito perto dos países ricos.

O Brasil viveu 30 anos de um crescimento pífio. O modelo era concentrador de riqueza. Como quase todos os modelos econômicos de esquerda. Por mais que o discurso seja outro, a realidade é que os modelos econômicos de esquerda são concentradores de renda. As exceções são a China e a Rússia. Que saíram desse modelo castrador econômico. Já colocaram o crescimento econômico distribuído como ponto importante do seu governo. No entanto, ainda são sistemas de concentração de poder político. Na China, ainda domina o partido único. Na Rússia, apesar de não ter partido único, a perseguição dos opositores ao partido dominante ainda é muito grande.

O interessante é que outros países que hoje são comunistas estão seguindo o modelo econômico da Rússia e da China. Um exemplo é o Vietnam que adotou uma política de se desfazer das empresas estatais e adotou uma política de concorrência entre as empresas nacionais. Hoje o Vietnam tem poucas empresas estatais. Bem ao contrário do Brasil, que ainda não conseguiu se livrar da mentalidade de esquerda e do peso das empresas estatais. Comparando os dois modelos econômicos, o esquerdista e o capitalista, dá para perceber o atraso econômico que o Brasil ainda vive. Estamos muito atrás de países comunistas como o Vietnam.

O Brasil viveu à sobra de ideias comunistas durante mais de 30 anos. O que inibiu muito o seu crescimento econômico. Com uma nova mentalidade política e econômica, o Brasil tem uma rara oportunidade de crescimento econômica acelerada. Por esse motivo, os próximos anos serão decisivos.

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