Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.
Na última matéria, semana passada, comentamos sobre a influência do Ciclo ou Ritmo Circadiano na Depressão de Inverno (https://asemananews.com.br/2021/07/16/depressao-sazonal/). Mas o que vem a ser exatamente isso? E como ele influencia o nosso organismo? É o que vamos abordar hoje.
O ciclo circadiano, também conhecido como ritmo circadiano, é um importante mecanismo biológico, presente em quase todos os seres vivos, pelo qual nosso organismo se regula pela luminosidade do sol – o ciclo dia e a noite – e as variações de temperatura. A partir dele, estes estímulos externos percebidos por alguns sensores (nos olhos/retina e pele, principalmente) são enviados ao hipotálamo – região do cérebro responsável para manter o equilíbrio de todas as funções fisiológicas – que sinaliza e ajusta a produção maior ou menor de diferentes hormônios, produzidos pelo Sistema Endócrino (glândulas), principalmente a Hipófise, para que nosso corpo realize algumas funções vitais como: ficar com sono e dormir, acordar, sentir fome/apetite, ficar mais ou menos ativo (disponibilidade energética), mais alerta ou relaxado, mais ou menos concentrado e, inclusive, maior ou menor impulso sexual.
O período de 24 horas, ou seja, o dia completo é que dita o nosso ciclo circadiano. Igual a um relógio! Então, quando falam em relógio biológico, você pode estar ciente de que ele realmente existe e fica dentro da nossa cabeça. Mas algumas pessoas conseguem “funcionar” melhor durante o dia; outras, durante a noite. E esse processo é regulado também por outros fatores, estilo de vida e, inclusive, a genética. Já existe até um ramo da ciência destinado exclusivamente para estudar os ritmos biológicos deste relógio: a Cronobiologia.
Este relógio interno estabelece o ritmo do nosso corpo durante o período de 1 dia completo, regulando nossas atividades diurnas e noturnas. Além de determinar todos aqueles comportamentos citados acima, o ciclo circadiano também exerce influência em nossa pressão arterial, frequência cardíaca, ritmo respiratório, na temperatura do nosso corpo, na produção de urina, nos hormônios que produzimos e liberamos na corrente sanguínea e também no humor. A partir disso, o ciclo tem influência direta sobre nosso metabolismo e como nos comportamos durante os períodos do dia.
Mais que interferir em nosso humor ou a energia que empregamos nas atividades realizadas de dia e de noite, o ciclo circadiano desajustado pode nos predispor a situações que podem levar a doenças.
Conforme o dia amanhece inicia uma série de eventos em nosso organismo: liberamos cortisol, que nos ajuda a despertar. Durante o dia, a insulina nos auxilia nos processos de uso da glicose que obtemos a partir dos alimentos, para ficarmos mais ativos. Durante a noite, há produção de melatonina que prepara nosso corpo para dormir. Este é somente um exemplo dos muitos que acontecem regulados pelo relógio biológico.
Isso deixa evidente que muitos distúrbios pelos quais passamos em nossas vidas, sejam eles causados por questões alimentares, pelo estresse do dia a dia, trabalho ou estudo, privação de sono, inatividade física, esforços muito intensos, inclusive mudanças constantes e/ou rápidas no fuso horário/Jet lag (viagens para oeste ou leste de maneiras muito rápidas, por exemplo, de avião), podem acarretar sérios desequilíbrios hormonais, que desajustam nosso relógio facilitando o aparecimento de sintomas como cansaço excessivo, perda de concentração, dor de cabeça ou irritabilidade. Se prolongado por tempo suficiente, essa “desarmonia” acabará por afetar o Sistema Imunológico, deixando nosso corpo muito mais vulnerável a doenças, desde infecções recorrentes (facilidade em ficar gripado, por exemplo) até casos mais graves como doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
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