Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.
O quanto você se movimenta durante o dia? Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil, por incrível que pareça, é o país mais sedentário da América Latina e ocupa a quinta posição no ranking mundial. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, cerca de 47% dos brasileiros são sedentários. Entre os jovens o número é maior e ainda mais alarmante: 84%! E isso pode ser um grande problema para toda a sociedade logo ali na frente. Quanto mais doente uma população maiores os custos com absenteísmo (falta ao trabalho) e com o sistema público de saúde além da sobrecarga em todo o sistema médico.
O sedentarismo é a falta ou ausência de atividades físicas no dia a dia, resultando em um gasto energético/calórico reduzido. Você sabia que uma pessoa é considerada sedentária quando não consegue gastar um mínimo de 2.200 Kcalorias por semana com atividades físicas. O indivíduo para se considerar ativo deve gastar no mínimo 300 Kcalorias por dia com algum tipo de movimento. E o comportamento sedentário possui alta incidência na população, sendo considerado um problema de saúde pública.
Estima-se que o sedentarismo esteja relacionado diretamente com quase 14% das mortes no Brasil segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Entretanto, o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – DCNTs (hipertensão, diabetes, obesidade, osteoporose, câncer e respiratórias) e principalmente de doenças cardiovasculares só tem aumentado. Em maior ou menor medida, essas enfermidades guardam correlação com a inatividade física. Algumas em percentual menor e outras, maior. Desta maneira podemos considerar que a inatividade física constitui um dos principais fatores de risco associados à mortalidade DCNTs no mundo e no Brasil.
É fundamental cuidar da saúde e do bem estar e isso não é tão difícil quanto parece. Necessário é, sim, alguma força de vontade e comprometimento. Um incremento nas prática de atividade física diárias pode melhorar a qualidade de vida e diminuir os fatores de risco para o desenvolvimento daquelas doenças: andar mais, reduzir a utilização do automóvel, usar escadas, passear com os pets, brincar com as crianças, realizar as tarefas domésticas e jardinagem, são algumas sugestões simples do cotidiano que podem contribuir e fazer muita diferença no bem estar.
Um estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ) constatou que o impacto econômico da inatividade física dos brasileiros, em diferentes regiões do país, representa gastos no Sistema único de Saúde (SUS) de cerca de R$ 300 milhões somente com internações (2019). E segundo alguns especialistas, no Brasil, haveria uma economia de aproximadamente R$ 1,14 bilhão em recursos com internações e uso de medicamentos, caso o sedentarismo da população fosse 50% menor do que é atualmente.
A pesquisa teve o objetivo de compreender a matemática econômica por trás do sedentarismo, lançando luz sobre as consequências da falta do movimento mínimo diário ou semanal na população brasileira. Os resultados podem contribuir na formulação e implementação de políticas públicas no campo da saúde preventiva, assim como estimular a prática de atividade física por todo o país. E somos um país privilegiado quanto as possibilidades dessas práticas.
Não agir no sentido de aumentar os níveis de atividade física levará ao aumento dos custos, com um impacto negativo nos sistemas de saúde, no ambiente, no desenvolvimento econômico, bem-estar da comunidade e qualidade de vida. É importante cada um de nós termos a consciência de que cuidando melhor da saúde e da qualidade de vida, menor será o estrangulamento de todo o sistema e os custos com a saúde pública. Ficando saudável pelo maior tempo possível, ajudamos a nós mesmos e à sociedade! Mais pessoas ativas para um mundo mais saudável!
Leitura complementar >> https://asemananews.com.br/2021/11/15/qual-o-preco-da-inatividade-fisica/
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