O que acontece com o organismo humano no frio?

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Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida.

O inverno está chegando pelas bandas do hemisfério sul do planeta. E quanto mais ao sul mais intenso é o frio, especialmente em altitudes mais elevadas. Em um artigo passado desenvolvemos os cuidados para com a realização dos exercícios no frio. Mas, o que acontece com o nosso organismo quando exposto ao frio? É o que abordaremos nessa matéria.

Quando o organismo humano é exposto ao frio, ele tenta manter uma temperatura corporal constante através de um processo conhecido como termorregulação. Este é o processo pelo qual o organismo humano regula a sua temperatura interna em resposta a variações na temperatura do ambiente externo. O objetivo da termorregulação é manter a temperatura corporal dentro de uma faixa estreita que seja ideal para o funcionamento saudável e seguro.

Em condições normais, a medida varia – ao longo do dia – algo em torno de 0,5 °C para mais ou menos. Sono, metabolismo, atividades físicas e o horário do dia impactam a aferição nos termômetros; por essa razão, o ideal é pensarmos em faixa para a temperatura corporal. E, grosso modo, a temperatura normal do corpo permanece dentro das seguintes médias, variando de acordo com a faixa etária:

  • Bebês e crianças de até 10 anos — de 35,5 °C a 37,5 °C;
  • Pessoas de 11 anos a 65 anos — de 36,4 °C a 37,6 °C;
  • Acima de 65 anos — de 35,8 °C a 36,9 °C.

A temperatura interna do corpo humano é controlada pelo hipotálamo, que é uma região do cérebro responsável pelo controle do sistema nervoso autônomo. O hipotálamo recebe informações sobre a temperatura do corpo e do ambiente externo através de receptores especializados chamados termorreceptores espalhados por toda a pele; e com base nessas informações, coordena as respostas regulatórias necessárias para manter uma temperatura corporal estável. Quando o corpo humano é exposto a temperaturas elevadas, por exemplo, o hipotálamo sinaliza para que os vasos sanguíneos se dilatem, permitindo que o calor seja eliminado do corpo por meio da transpiração. Por outro lado, quando o corpo é exposto a temperaturas baixas, por exemplo, como no inverno, o hipotálamo sinaliza para que os vasos sanguíneos se contraiam. A esse processo fisiológico chamamos de vasoconstrição, que diminui o fluxo sanguíneo para a superfície da pele, o que reduz drasticamente a perda de calor. A termorregulação é um processo essencial para a sobrevivência do organismo humano, pois a variação excessiva da temperatura interna do corpo pode levar a uma série de problemas de saúde, desde a desidratação até a hipotermia e hipertermia, podendo levar à morte.

A termorregulação também é influenciada por vários outros fatores, incluindo idade, sexo, nível de atividade física, dieta e estado de saúde geral. Distúrbios da termorregulação podem ocorrer quando o sistema de controle de temperatura do corpo não funciona corretamente, como em casos de hipertermia (aumento excessivo da temperatura corporal) ou hipotermia (diminuição excessiva da temperatura corporal).

Quando o inverno é intenso, e as temperaturas corporais começam a cair, além da contração de músculos e da diminuição da liberação de suor, o organismo sofre muitos impactos. Um dos mais perigosos é a desidratação, já que ingerimos menos água por perdermos menos líquido; então a pele tende a ressecar e os rins são prejudicados, assim como a eliminação de toxinas. Além disso, as infecções aumentam, pois vírus e bactérias permanecem suspensos no ar durante mais tempo, crescendo a predisposição de transmissão de gripes, pneumonia, asma, otite e sinusite. Os olhos também ficam secos pela evaporação mais rápida das lágrimas, e a circulação sanguínea é afetada. Por último, mas não menos importante, a queda da temperatura corporal pode afetar a glândula pineal, responsável pelo ciclo de vigília/sono e produtora da melatonina. O mau funcionamento dessa glândula atrapalha o sono, levando os indivíduos afetados a ficarem mais sonolentos, preguiçosos e a dormirem mais.

A ciência explica que todas estas reações são pura química. A sensação de frio está associada a processos endotérmicos. Todas as reações químicas e bioquímicas liberam ou absorvem energia do ambiente de alguma forma. Os processos que liberam calor são denominados exotérmicos e nos transmitem sensação de aquecimento. É o caso, por exemplo, das combustões. Já nos processos endotérmicos, o calor ou o frio do ambiente é absorvido/trocado e isso pode ser percebido pelo nosso corpo.

Como a elevação ou redução da temperatura corporal pode ter efeitos danosos ao organismo, alguns mecanismos tentam minimizar esse problema. No frio, o corpo reage de modo a evitar a hipotermia, que é uma queda da temperatura para abaixo de 35ºC. Todas as reações químicas que permitem que o metabolismo e as funções do corpo funcionem adequadamente dentro das células dependem da manutenção da temperatura do corpo em 35ºC. Se a temperatura cai, elas simplesmente param de acontecer. E morremos!

Acontece desta maneira: à medida que a exposição ao frio continua, a temperatura corporal pode cair de forma muito rápida e isso pode resultar em hipotermia, que é uma condição médica grave que pode ser fatal se não tratada imediatamente. Os pelos se arrepiam, o corpo treme, as extremidades (geralmente mãos e pés) ficam frias. Mas quando o frio é extremo, as reações podem ter consequências mais graves. Os primeiros sintomas são os espasmos musculares, as dificuldades motoras e a mudança de cor nas extremidades, que ficam cinzentas ou arroxeadas. As atividades químicas no cérebro também são prejudicadas e normalmente a vítima do frio sente confusão mental. Outros sintomas de exposição ao frio podem incluir fadiga, dor de cabeça, palidez, dormência e formigamento nas extremidades.

O corpo humano possui vários controles para manter a temperatura interna em torno de 37°C e manter o corpo aquecido, independentemente das variações ambientais.

Entre as reações que ele pode apresentar durante uma situação de frio, podemos citar:

  1. Termogênese (produção de calor) com tremores – Consistem na contração da musculatura de maneira involuntária, sendo realizados, portanto, independentemente da nossa vontade. Essa contração involuntária garante a produção de calor.
  2. Piloereção (ereção dos pelos) – Os animais apresentam a capacidade de eriçar seus pelos em dias frios, de modo a evitar a perda de calor. Ao eriçar os pelos, cria-se uma camada de ar morno próximo à pele, garantindo a manutenção da temperatura corporal. Nos humanos, também se observa esse mecanismo (arrepio), porém a eficiência é limitada, pois nosso corpo, em geral, apresenta poucos pelos.
  3. Alterações na circulação sanguínea – No frio, as terminações nervosas presentes na pele são capazes de captar a queda de temperatura e garantir mudanças nos vasos capilares. Observa-se na pele a vasoconstrição, isto é, a diminuição do calibre do vaso sanguíneo. Ao diminuir o calibre, ocorre menos perda de calor pelo corpo. Em temperaturas elevadas, observamos o inverso: os vasos ficam dilatados para garantir uma maior perda de calor.
  4. Termogênese sem tremores – No frio, as mitocôndrias (nossas usinas celulares) aumentam sua atividade metabólica de modo a produzir calor em vez de ATP (energia para a ativação dos músculos), um processo chamado de termogênese sem tremores.
  5. Lipólise (metabolismo de gordura) da gordura marrom – A gordura marrom é uma grande e importante fonte de energia térmica (calor). Em humanos, ela é encontrada em maior quantidade em crianças. Nos adultos, é encontrada em menor quantidade. No frio ela pode ser metabolizada para produzir calor.

Para evitar a exposição ao frio, é importante vestir roupas quentes e proteger as extremidades do corpo, como as mãos e os pés. Também é importante manter-se seco, pois a umidade pode aumentar a sensação de frio. Se uma pessoa estiver exposta ao frio por um período prolongado, é importante procurar abrigo e aquecer o corpo gradualmente, evitando um aquecimento rápido e intenso, o que pode causar mais danos ao organismo.

AFINAL… A SAÚDE É O MAIS IMPORTANTE!

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