Mudanças

As mudanças estão ocorrendo. O Brasil se ajusta aos novos fundamentos de forma surpreendente. O potencial de crescimento é muito maior que o realizado nos últimos 30 anos.

A Guerra do Trump está mexendo com o Brasil. Em 2018 a previsão é exportações de soja acima de 83 milhões de toneladas. Em 2017, foram 68 milhões. Esse incremento de 15 milhões de toneladas significa a metade das exportações norte-americanas, para os chineses em 2017. É provável que em 2019 ocorra um novo incremento nas exportações brasileiras de soja. As estimativas atuais são de uma produção acima de 120 milhões de toneladas para a safra 2018-2019. Até o momento a safra está indo muito bem. O plantio foi antecipado, as primeiras colheitas começam já na segunda quinzena de dezembro. Só teremos uma ideia melhor da safra em março do ano que vem.

O Brasil estava empregando um pouco mais de oito mil médicos cubanos. O futuro presidente Bolsonaro anunciou que para manter o convênio Cuba deveria repassar integralmente os 11 mil reais aos médicos, eles estavam recebendo um pouco mais de três mil, e permitir que eles trouxessem a família e ficar no Brasil se desejassem. Era evidente que a intenção do presidente eleito Bolsonaro era mostrar que o convênio era uma forma de repassar dinheiro para manter o governo de Cuba. A melhoria do serviço médico no Brasil uma questão secundária.

Cuba mordeu a isca, denunciou o convênio e obrigou os médicos cubanos a regressarem à Cuba. O governo brasileiro, com Temer ainda no poder, aceitou a quebra do contrato e abriu as vagas deixadas pelos cubanos aos médicos brasileiros. Em menos de 15 dias, 98% das vagas foram preenchidas. Era manifesto que não faltavam médicos no Brasil. Com bons salários e boas condições de trabalho existe uma grande quantidade de médicos disponíveis.

O terceiro foi o aumento na produção de álcool combustível. No governo do PT a Petrobras mantinha o preço dos combustíveis abaixo da paridade internacional, obrigando a importar combustíveis, pois as suas refinarias não tinham capacidade de atender toda a demanda, e vendê-los abaixo do preço de compra. O que gerava um grande prejuízo para a empresa. Outro impacto era a redução do preço do álcool combustível no mercado interno. O preço da gasolina empunha um teto para o preço do álcool.

Com a queda da Dilma, o presidente da Petrobras foi trocado, que por sua vez mudou a política de preços dos combustíveis. Os preços internos passaram a acompanhar o preço internacional dos derivados de petróleo, que de uma certa maneira acompanham o preço do barril de petróleo.

Com isso o preço do álcool no mercado interno aumentou. Melhorou a lucratividade das usinas de açúcar e álcool. No último ano os preços do açúcar caíram no mercado internacional, o que levou as usinas a aumentarem a produção de álcool. A maioria das usinas foram projetadas para produzirem álcool ou açúcar, são usinas flex. Quando os preços do álcool, no mercado interno, estão maiores do que o preço do açúcar, no mercado internacional, a produção de álcool aumenta. Quando ocorre o contrário, ela diminui.

Existem três tipos de usinas: as que produzem álcool usando só cana-de-açúcar, as que usam cana e milho, as flex, e as que usam só milho. O impacto positivo foi maior nas que só usam o milho como matéria prima, principalmente no centro-oeste, pois essas usinas se tornaram extremamente rentáveis. Hoje já existem três usinas que usam só milho em funcionamento e existem mais de uma dezena de projetos destas novas usinas. Em dez anos a realidade vai mudar bastante. As usinas que produzem álcool usando só milho vão acelerar a industrialização no interior do Brasil. O quanto mais remoto estiverem essas empresas, mais atrativas elas são, pois o preço do milho depende muito da estrutura de transporte. Normalmente o preço de referência é dos portos, descontado o preço dos transportes.

A estratégia do PT era de se manter no poder a qualquer custo. O que implicava num crescimento muito lento da nossa economia. Agora essas amarras foram cortadas. Só com isso, o crescimento da economia aumentou. O próximo passo é avaliar a capacidade do governo Bolsonaro de colocar as suas ideias em prática. Daqui a dois ou três meses teremos uma melhor ideia do que poderá ser feito. Os primeiros 100 dias do novo governo serão decisivos.

- Anuncie Aqui -