A vida silvestre está contabilizada?

Foto: Reprodução

Por Édelis Martinazzo Dallagnol

Por tudo há vida, sob as mais variadas formas. Não só elefantes, girafas, que são plenamente visíveis, mas seres pequenos, minúsculos… Numa criação de abelhas, temos milhões delas. Moscas e mosquitos, então… trilhões. E as bactérias, os fungos, os protozoários?!…
Com um microscópio adequado, o leitor encontraria milhares de microvidas sobre sua mesa, mesmo que asseada, limpa. Também em seu corpo exterior. Duas horas depois de um bom banho, seu corpo volta a ficar “colonizado” por bactérias, fungos, etc. Também dentro do corpo há milhões de seres microscópicos, que compõem a chamada microbiota.
Milhões de espécies de animais marinhos e terrestres, peixes, aves, insetos… Quantos mais bactérias, fungos?!… Nosso planeta é vivo! Vida sobre vida, vida dentro de vida. Uma maravilha da criação. Quantas espécies de animais existem no Brasil? Existe número oficial catalogado (o CTFB enumera 119.214 espécies). Mas, nesse catálogo estão todas as espécies?… Parece-nos que não.
Vamos analisar pela lógica. Cada biólogo, por razões várias, não tem acesso a cada porção do nosso território e, portanto, conhece os animais que avista. Esses poderão ser, ou não, os mesmos animais que outro estudioso conheceu. Um dá um nome, ou descreve de um jeito, o animal diferente que conheceu; o outro estudioso poderá fazê-lo de modo diverso. Então, trata-se da mesma espécie, ou não? E se um estudioso descreve um animal tal que outro estudioso, encontrando outro animal, toma-o como aquele já descrito? Mais: já se descobriram cruzamentos interespecíficos, por exemplo de cervos… Mister seria que todos os estudiosos tivessem acesso a recursos de pesquisa que possibilitem certezas, como testes genéticos, e que fosse possível realizarem-se adequadamente captura, identificação, coleta de amostras e devolução à natureza de todos os animais vistos. Então esse catálogo seria confiável.
Parece-nos evidente que podem existir animais desconhecidos. Vamos figurar exemplos. Há cerca de 40 anos, um profundo conhecedor da fauna brasileira, buscando subsistência em plena floresta amazônica, alvejou animal cujos olhos brilhavam à luz de sua lanterna, com possibilidade de tratar-se de uma paca. Era um canídeo selvagem de pequeno porte, tipo pinscher, delgado, de pelagem curta, bege claro, praticamente branco. Confessou ter-se sentido um assassino, não só porque buscava alimento e abateu um animal que não poderia servir como tal, mas porque teve certeza de estar diante de uma espécie desconhecida, que precisava ser “descoberta”, monitorada e catalogada.
Recentemente, na Serra do Mar (Guaratuba e Garuva), foi avistado animal do porte do lobote do Pantanal (variedade de guaraxaim), mais delgado, mais lento ao correr e que corria de cabeça baixa. Não era guaraxaim conhecido. Um dos presentes o classificou como “o nosso guaraxaim”. Aparentemente, um canídeo de cauda anelada. Que animal seria?…
O Brasil precisa investir em pesquisa! Precisamos tomar posse na nossa maior riqueza: a biodiversidade!

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