Exercício Físico e Adaptação

Foto: https://apucarana.aabb.com.br/esportes/

Por Sérgio Nunes, professor de educação física, personal trainer, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, proprietário da QualiFis.

No exercício físico o conceito descrito na matéria passada, Estresse e Adaptação (https://asemananews.com.br/2020/07/24/estresse-e-adaptacao/) é de fundamental importância. Vimos que todo estímulo ou estresse recebido em nosso dia a dia gera um desequilíbrio no organismo. Este, prontamente, através de diferentes mecanismos de regulação da homeostase (estado de equilíbrio), entra em ação para adaptar o corpo a esta nova realidade. Isso é o que nos mantém vivos e ainda nos prepara para suportar um estímulo ainda “pior”. É a adaptação buscando alternativas econômicas, metabolicamente, para suportar novas realidades. Isso acontece exatamente assim quando desenvolvemos algum tipo de programa de exercícios físicos.
Mas, não é todo e qualquer estímulo que proporciona uma adaptação vantajosa e segura. Existem os que não fazem “cócegas” e aqueles que podem prejudicar. Um dos primeiros estudos sobre estresse e adaptação foi realizado em 1936, pelo pesquisador canadense Hans Selye. Ele descreveu os sintomas do estresse e o nomeou como a Síndrome da Adaptação Geral (SAG), composto de três fases sucessivas: (1) Alerta, (2) Resistência e (3) Exaustão. Tem um ditado que diz: “só se muda se a dor de mudar for menor que a dor de permanecer”. E estímulos mais intensos aos habituais geram desconforto. A SAG viabiliza as transformações adaptativas necessárias para a manutenção e reforço de todos os sistemas necessários à vida diante de um determinado estresse ou estímulo, neste caso específico, um exercício físico ou atividade física. Curiosamente, diante desta maravilhosa característica adaptativa que proporciona a SAG, este espetacular e inteligente mecanismo de defesa é também capaz de se relacionar com o desenvolvimento de transtornos emocionais, físicos e psicossomáticos, se a dosagem do remédio for muito alta. Vira então, veneno! O segredo está na modulação adequada e inteligente dos estímulos, que podem provocar os três tipos de reações.
A primeira acontece na Fase de Alarme que corresponde ao estresse agudo, rápido, por exemplo, uma reação imediata e pontual de qualquer estímulo físico que não se perpetua. Não provoca adaptação suficiente ao organismo, ele retorna ao seu estado anterior. A segunda é a Fase de Resistência – essa fase corresponde ao estresse crônico e é o principal gerador de respostas necessárias para as transformações vantajosas na adaptação dos diferentes Sistemas Orgânicos. Quando bem aplicados os estresses (exercícios físicos) sobre esta fase, aprimoramos nossas capacidades de resiliências em todos os aspectos. Mas… caso o agente estressor permaneça, por muito tempo ou muito intenso esta fase se perpetua, não havendo tempo e nem energia suficiente para o organismo se recuperar. Desta forma o mecanismo de defesa falha, levando o indivíduo a mudar para uma próxima fase, perigosa. Na terceira, Fase de Exaustão, há praticamente um retorno cíclico à fase de alarme em um círculo vicioso (caso não seja suspenso os estímulos) e as reações disseminam-se novamente, inibindo o seu caráter inicial, protetor e fortalecedor. Continuando causará efeitos indesejáveis, como fadiga precoce, perda no rendimento, distúrbios locais (dores e inflamações) ou sistêmicos (falta de apetite, insônia, irritabilidade, desânimo…), lesões graves (enfraquecimento e ruptura de tecidos, perda de massa muscular, rabdomiólise, fraturas…) e até doenças, especialmente as envolvidas diretamente com o enfraquecimento do Sistema Imune.
Portanto, ao iniciar um programa de exercícios físicos devemos levar em consideração para a prescrição correta e segura uma modulação que não sobrecarregue a SAG. E isso terá relação com o nível atual da condição física do praticante, conseguido através de Avaliações. A partir disso, estabelecer estratégias, nas diferentes modalidades de atividades (preferidas e/ou necessárias para cada indivíduo) onde serão aplicados os exercícios físicos. Estes levarão em conta ainda o gasto calórico necessário para a quebra da homeostase inicial, a frequência semanal para aplicar estes tipos de estresses, a intensidade e duração dos mesmos, e como ocorrerá a progressão destes estímulos. Isso é planejamento. Sem ele o risco de ficar na primeira fase (que não provoca mudanças) ou de passar para a terceira fase (que causa prejuízos) é muito grande.
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