Por César Graça
Parece que a América Latina finalmente começa a se integrar. Depois de mais de cinco séculos do Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu a América em duas – a espanhola e a portuguesa -, o Brasil começa a conversar com os outros países da América Latina. A América Hispânica começa a aprender português. Uma fronteira em tanto.
A emigração dos latinos-hispânicos para o Brasil é muito forte. A gota d’água é a atual crise na Argentina. O vizinho está numa outra fase econômica. A facilidade para imigrar para o Brasil é muito grande, são mais de 16 mil quilômetros de fronteiras. Enquanto a América Latina Hispânica vive a prisão das esquerdas, o Brasil faz um voo solo. Se lançando a uma liderança mundial.
A unidade do Brasil é um exemplo da convivência do diferente. Muitas vezes não muito fácil, mas sempre possível. Dessa diversidade nasce uma grande força de renovação. A tecnologia criada no Brasil é revolucionária. Tudo diferente, novo. A América Hispânica ainda vive a realidade da fragmentação. Isso apesar de falarem a mesma língua.
O Brasil é o diferente. É integrado e vive um caminho de crescimento econômico todo próprio.
A tecnologia agrícola é que mais chama atenção. O Brasil consegue duas safras de verão numa mesma área e sem irrigação. Com irrigação consegue até quatro no ano. O Brasil só usa 30% da sua área agriculturável, 7% com agricultura e 23% com gado. A maior parte da área usada com gado pode se tornar agrícola usando a tecnologia de integração agricultura-pecuária. Ou seja, o Brasil pode aumentar várias vezes a sua produção agrícola. A demanda chinesa está estimulando isso.
Mesmo nos atuais padrões de produção, a riqueza produzida atrai muitos imigrantes da América Latina para o Brasil. Um exemplo são os bolivianos. Em São Paulo estima-se que vivam mais de 1 milhão de bolivianos. Num estado com uma população de 45 milhões de habitantes, isso representa muito pouco, só 2 % da população do estado. Mas esses 1 milhão de habitantes representam 10% da população da Bolívia. Os bolivianos que vivem em São Paulo vão aprender português. É inevitável. É muito difícil viver no Brasil sem falar português, pois a maioria dos brasileiros só falam uma língua. A nossa escola pública é bem frágil. Isso vai acontecer com os habitantes dos outros países da América Latina. A quantidade de argentinos que entendem o português já é muito grande, pois muitos passam as férias de verão no Brasil.
Outra área que o Brasil se destaca é a de aviões. Somos o terceiro pólo de produção de aviões comerciais do mundo. O que demonstra que o Brasil tem a capacidade de gerar tecnologia de ponta. Logo essa capacidade se alastrará para outras áreas e deixaremos de ser uma nação exclusivamente agrícola. A geração e empregos aumentará bastante. Neste momento a emigração para o Brasil deve se intensificar.
O desenvolvimento econômico do Brasil gera uma nova realidade difícil de compreender para os latino-americanos. Parece que de repente o Brasil encontrou o seu caminho. E ele é muito diferente dos outros países latino-americanos que ainda vivem sob domínio das ideologias de esquerda.
Os militares no poder através de eleições criaram uma nova realidade política-econômica-social. O discurso das esquerdas soa como uma comida estragada. Não vai levar a lugar nenhum. A hiperinflação da Venezuela é uma realidade que assusta. Os outros países hispanos da América Latina têm muita dificuldade de digerir o caos da Venezuela. No entanto, a realidade da Argentina assusta mais. A derrocada da Argentina é assustadora. De um país rico para o caos. O discurso das esquerdas é assustador. Os passos da Argentina são muito semelhantes aos da Venezuela.
O contraste da Argentina e o Brasil cria um choque. A Argentina era uma referência. Hoje não é mais. Muitos imigrantes latino-americanos estão deixando a Argentina. Muitos virão para o Brasil. O Brasil assumiu a liderança da América Latina. O aprendizado do português é um desafio a ser vencido. A necessidade provoca transformações. A América Latina caminha a passos largos para uma integração.
